O que leva o homem a renunciar a todos seus privilégios para servir a Deus? Essa pergunta pode ser facilmente respondida ao se assistir Luta pela Fé – A História do Padre Stu, uma história de fé, resiliência e força.

O filme segue a vida do padre Stuart Long., um boxeador que virou padre e inspirou inúmeras pessoas durante sua jornada da autodestruição à redenção.

Já faz alguns anos que o cinema tem investido tempo e dinheiro em histórias religiosas, que mostram pessoas comuns no caminho de Deus. Nos últimos cinco anos tivemos vários filmes, alguns fizeram bastante sucesso como I Can Only Imagine, Superação: O Milagre da Fé e Enquanto Estivermos Juntos. Agora é a vez da igreja católica ganhar um filme de peso, com Mark Wahlberg e Mel Gibson no elenco.

Um padre improvável

Stuart é um lutador de boxe que vive sua vida de forma desregrada, com o ego inflado e muita arrogância, o lutador carrega em seu coração o peso de uma grande perda, seu irmão mais novo, que morreu quando era criança. Stu, como todos os chamavam, até aquele momento ateu, não tinha nenhum exemplo a seguir. Seu pai, um alcoólatra sem fé, abandonou-o quando criança junto a sua mãe. Obviamente, são elementos que com certeza marcam a vida de uma pessoa. Mas engana-se quem acha que foram somente esses motivos que mudaram a vida de Stu.

Foto: Divulgação – Universal Pictures

Na verdade, o filme foca em mostrar o lado humano de cada personagem, afinal de contas, é impossível falar de santidade sem falar de superação. E para haver superação é necessário entender que a natureza humana é falha, e somente com a superação dessas falhas é possível buscar o que é divino. Stu encontra a igreja através de sua visão conturbada sobre a vida, mas tudo fazia parte de um plano maior.

Debochando sempre dos ensinamentos e dos regramentos da igreja, Stu se vê frente a frente com a morte várias vezes, e somente no momento entre a vida e a morte que ele enxerga, literalmente, sua luz guia. Abraçado pela Virgem Maria Stu passa a acreditar que sua vida pertence a Deus, e decide se tornar padre. Claro, a luta para que isso ocorra não seria fácil, tanto pelo histórico conturbado de sua vida, mas também pelas novas circunstâncias a respeito de sua saúde. Ora, não é uma história que esconde segredos, Stu foi diagnosticado com E.L.A., e por vários momentos todos ao seu redor duvidaram que ele seria capaz, inclusive a Igreja.

Roteiro acerta ao priorizar Padre Stu

O roteiro do filme é muito assertivo ao mostrar as mazelas da igreja para com seus fiéis e seus seguidores. Isso é importante porque a vida real é assim. Mesmo sendo uma história incrível é necessário mostrar que nem tudo é impecável. As atuações de Mark e Mel Gibson foram tão convincentes, que por alguns segundos é possível acreditar que aquilo ali não é um filme, mas uma retratação real da vida de Stu. A mudança física ao qual Mark foi submetido também mostra muito da capacidade do ator em se tornar o personagem que interpreta. Gibson, que tem um passado conturbado com os cristãos após seu filme “A Paixão de Cristo”, que à época gerou muitas críticas pelas polemicas geradas, estava muito centrado em seu papel como um pai ausente e desacreditado.

Um dos pontos mais interessantes é a interpretação de Jacki Weaver, que vive a mãe de Stu. Apesar da atuação ser simples e sem grandes momentos, a atriz é tão carismática que consegue manter a sintonia com os demais atores. Mas a trilha sonora decepciona ao não ter nenhuma canção forte.

Um filme com uma história impactante, intensa e forte, muito bem fotografada e com atuações dignas dos grandes nomes de Hollywood, um ponto fora da curva quando o assunto são filmes religiosos. Mas quero deixar claro que apesar de contar a história de um padre, Luta pela Fé – A História do Padre Stu é muito mais uma história de fé do que de religiosidade.