Assistimos ao filme Luz nos Trópicos, um longa-metragem nacional da cineasta Paula Gaitán, lançado pela Descoloniza Filmes. Ganhador de diversas premiações, a ficção chega agora ao Brasil.
Com seus 260 minutos (4h20min), o longa conta com a seguinte sinopse:
Em Luz nos trópicos, a cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e linhas do tempo, enredada por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às populações nativas do continente. Um filme de navegação livre como um rio sinuoso.
Assim, o filme promete provocar e instigar reflexões. Contudo, será que ele consegue? Ou melhor, será que Luz nos Trópicos é bom?
Uma obra contemplativa
Em Luz nos Trópicos, o grande destaque para o filme é a fotografia e a busca pela arte. Com cenas longas e trabalhadas, a paisagem toma conta e, essas mesmas cenas, começam a soar como quadros em um museu. Em outras palavras, o filme poderia ser facilmente chamado de arte em movimento, ou então, de uma obra viva.
Tal montagem das cenas, o trabalho no uso das cores, bem como a forma como a luz, sombra e o contraste se unem, são pontos positivos que se deve a visão da diretora Paula Gaitán. De fato, o filme por si é uma arte contemplativa e bela, montada em diversas camadas, cada a qual com seu respectivo significado.
Entretanto, vale ressaltar que trata-se de um filme contemplativo e experimental. Dessa forma, o seu desenrolar acaba se tornando lento e denso, beirando o arrastado para quem não está acostumado.
Sem espaço para leigos
Quando se diz que o filme pode ser arrastado para quem não está acostumado com o estilo, não é à toa. O longa além de possuir mais de 4 horas, ele não é um tipo de filme que se desenvolve de forma linear, ou até mesmo se desenvolve.
O roteiro não foi feito para narrar uma história. Aqui, o foco é questionar, refletir e criticar todos os lados da sociedade. Contudo, ao tentá-los, muitas vezes são narrativas soltas, ou forçadas. São diálogos que não condizem com o atual contexto da cena, ou então, tenta provocar uma reflexão, mas só causa confusão sem sentido a ideia que se busca.
Entende-se que o filme precisa de mais tempo para, de fato, causar a experiência ao espectador. Todavia, a falta de linearidade e o excesso de complexidade só causa uma experiência longa e nada intrigante. Portanto, quanto a roteiro e narrativa, o longa tenta entregar algo grandioso e épico, porém, o resultado é um tanto irrelevante.
Em outras palavras, Luz nos Trópicos é um filme para fãs do gênero e que abraçam ao estilo cult. Podendo assim, deixar leigos ao estilo perdidos ou sem conseguir compreender a ideia por trás do filme. Além disso, o longa também apresenta constantes momentos que ressoam a um roteiro mais elitista, afastando-se da realidade brasileira (como falas em francês e inglês no meio do filme), dificultando ainda mais a experiência.
Afinal, Luz nos Trópicos: vale a pena?
Luz nos Trópicos é um longa-metragem de Paula Gaitán, e traz muito do cinema de filmes contemplativos e experimentais. Vale a pena asssistir? A resposta seria depende.
Depende, pois pode variar de pessoa para pessoa, gostos e gostos e o quão cada pessoa está familiarizada com o estilo.
O longa traz uma fotografia exuberante, com cenas longas e aprofundadas, recheadas de simbologias e mensagens implícitas. Assim, o filme faz uma ponte a experiência de ir a um museu, em que cada cena é um quadro vivo em movimento. Se nos aprofundarmos, pode-se dizer que faz referencia simbólica a vida como um museu vivo.
Porém, para apreciar tal arte e todas suas camadas subjetivas, depende do quão o telespectador está apto a se entregar a experiência.
Quanto a leigos do gênero cinematográfico, o filme pode se passar perdido e sem sentido. Pode vir ser a primeira experiência a filmes contemplativos? Até pode, porém, lembra-se que estamos falando de um filme de 4h20min. Portanto, para o primeiro filme do gênero a quem nunca assistiu algo parecido, pode ser um tremendo choque.
Luz nos Trópicos é um longa feito em camadas e arte. Portanto, por ser uma obra voltada a subjetividade e a experiência de cada um, não é certo dar nota clara a ele. O que podemos dizer com clareza e que repercutirá é que trata-se de uma oportunidade de contemplar a beleza natural de um cenário brasileiro.
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