Uma ficção científica independente de alto nível
A ficção científica é um gênero que prova constantemente que um grande orçamento não é essencial para contar boas histórias. Embora muitas vezes associada a efeitos especiais grandiosos e mundos alienígenas elaborados, a sci-fi independente tem mostrado seu valor. Com filmes que conquistam o público por meio de boas ideias. Exemplos como Coerência, Resolution, Primer e A Ordem do Tempo demonstram que criatividade e narrativa impactante podem superar limitações orçamentárias. Máquina do Tempo, do diretor Andrew Legge, segue essa tradição ao contar a história de duas irmãs britânicas que inventam uma máquina do tempo durante a Segunda Guerra Mundial.
O filme se destaca por seu formato found footage, um recurso que simula filmagens caseiras descobertas posteriormente. Aqui, acompanhamos os registros de Martha (Stefanie Martini) e Thomasina (Emma Appleton) em uma câmera rudimentar da década de 1930, capturando o processo de criação da máquina e suas consequências.

Além disso, um dos maiores trunfos do longa é sua autêntica recriação histórica. Filmado com equipamentos da época, ele combina o visual analógico com um formato contemporâneo de narrativa. A fotografia, assinada por Oona Menges (A Hospedeira), preserva as imperfeições e granulações da película, reforçando a sensação de realismo. A edição de Colin Campbell (The Hole in the Ground) dá ritmo ao filme, que tem apenas 1h19 de duração e se destaca por sua agilidade narrativa.
Apesar disso, a abordagem técnica inovadora, o verdadeiro destaque de Máquina do Tempo está em sua trama instigante. O roteiro de Legge e Angeli Macfarlane (A Morte de George W. Bush) vai além do clichê de viagens temporais e mergulha no gênero da história alternativa, um terreno particularmente fascinante ao explorar a Segunda Guerra Mundial. Com recursos limitados, a equipe criativa entrega um filme que não deve nada a produções de grande porte como as de Quentin Tarantino ou do MCU.

Conforme a trama se desenvolve, a realidade começa a se distorcer, e Máquina do Tempo demonstra coragem ao levar suas ideias até as últimas consequências. O filme evita atalhos fáceis e utiliza soluções criativas para alinhar a narrativa com sua proposta estética. O resultado é uma obra que provoca reflexões não apenas sobre o impacto da guerra e da política, mas também sobre a alienação entre os detentores de poder e aqueles que sofrem suas consequências.
Por fim, mais do que um sci-fi independente, Máquina do Tempo é um exemplo de cinema de qualidade, feito com criatividade e um profundo entendimento de sua linguagem. Seu compromisso com a autenticidade e a imersão do público reforça sua relevância dentro do gênero. Para os fãs de ficção científica que apreciam histórias bem construídas, esta é uma experiência imperdível.
Máquina do Tempo estreia em 13 de março nos cinemas brasileiros.
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