Mar de Dentro aborda o tema maternidade desprendido de pretensões e certezas. O nome do filme, inclusive, é uma metáfora muito bem empregada, a maternidade é uma imensidão de sentimentos, um mar de sentimentos.

Um filme dirigido por Dainara Toffoli e que tem como protagonista Mônica iozzi, traz a tona a discussão sobre o que é ser mãe. Dainara assina o roteiro junto com Elaine Teixeira, e pra mim está aqui o grande trunfo do filme. A sensação que mais chama atenção durante todo o longa é como ele traz a visão da mulher em todos os momentos. Os detalhes faz toda a diferença para que o expectador sinta as dúvidas, os medos, as incertezas do que é ser mãe.

Atuações modestas porém intensas

Mônica traz uma atuação bem centrada, pouco ou quase nada remete aos trabalhos já feito por ela, com tons de comédia ou descontração. Em Mar de Dentro ela está em sua versão mais cinza até agora, e isso não é demérito, na verdade, ela encarna a personagem, que em sua personalidade age com esse tom amargurado o tempo todo. E não é por menos, Manuela, a personagem de Mônica, sofre um terrível baque ao descobrir que será mãe mesmo sem querer, e ainda por cima passando por um trauma inesperado e pesado.

mar de dentro
Imagem: Divulgação

Entretanto, engana-se quem achar que um filme sobre maternidade é chato, muito pelo contrário, ele tem momentos engraçados, momentos intensos, e momentos de reflexão.

Infelizmente existem furos no roteiro que são difíceis de engolir, e acredito que são furos premeditados. Assim sendo, o erro pra mim está na ideia principal, que a diretora tentou passar e não conseguiu. Outro ponto que não funciona é a passagem de tempo, que não ajuda a trama a ganhar ritmo. O ritmo se quebra quando o tempo passa, deixando o espectador sem respostas.

Por fim, Mar de Dentro é um filme muito interessante, e em certo ponto necessário. Ele acerta em mostrar vários aspectos da maternidade que são romantizados no cinema e que na vida real são pesados ou difíceis de lidar. A intromissão das pessoas nas escolhas, a toxicidade familiar, a depressão pós-parto, a sexualidade durante a maternidade, o trabalho e como o ambiente corporativo trata as recém mamães, ou seja, o que uma mãe passa de verdade.