O filme Marighella, de Wagner Moura, retrata o político, guerrilheiro e escritor Carlos Marighella nos anos de ditadura e sua liderança no grupo ALN (Aliança Libetadora Nacional). 

Sinopse: Comandando um grupo de jovens guerrilheiros, Marighella tenta divulgar sua luta contra a ditadura para o povo brasileiro, mas a censura descredita a revolução. Seu principal opositor é Lúcio, policial que o rotula como inimigo público.

Reprodução: Marighella

Caçado pelos militares e considerado o inimigo n° 1 do Brasil, Marighella (Seu Jorge) enfrenta a repressão do regime militar com armas e ações que mudaram o curso da história do país. O filme conta sua relação de distância com seu filho, sua luta pela democracia e a rivalidade com o Delegado Lucio (Bruno Gagliasso), seu romance com Clara (Adriana Esteves) e sua amizade com Almir (Luiz Carlos Vasconcelos). Como um filme bibliográfico, a produção acompanha os anos do guerrilheiro durante o período militar. A união dos seus ideais com o movimento estudantil é a base para a construção de uma luta armada com ações desafiadoras que levaram o caos às estruturas ditatoriais. 

Reprodução: Marighella

Seu Jorge consegue capturar o drama vivido pelo personagem histórico, com todos os seus conflitos, erros, acertos e ideais. Viver uma figura complexa como Marighella é um desafio e tanto para a atuação em geral. O deputado que é nordestino, morador da cidade de São Paulo, intelectual e comunista. Incrementar todas essas características à um diálogo complexo foi um desafio cumprido por Seu Jorge.

A visão de Wagner Moura quanto ao período militar é exposta em todas as partes do filme. Em tempos que a atuação da Ditadura é minimizada e até mesmo negada, Moura expõe a realidade vivida por milhares de pessoas que tiveram sua liberdade usurpada e foram torturadas e mortas por um regime que visava a ordem pela desordem. Em cena, um personagem grita “vocês estão matando um brasileiro”. A questão representa a variação do sentido de ser brasileiro, em que, o verdadeiro brasileiro nunca defenderia atrocidades pregadas no período militar. Em contrapartida, ao olhar pro contexto atual do Brasil, a crítica é direta a quem ainda defende as imoralidades importas pelos ditadores. 

Reprodução: Marighella

O roteiro tenta construir uma história a partir da vida do guerrilheiro o que dificulta a percepção do passar dos anos, com diálogos um pouco forçados a intenção é a conquista de qualquer público que não tenha conhecimento base para compreensão da narrativa. Narrativa esta que tem como principal aliada a trilha sonora para construção de um ambiente de tensão e revolta. A produção é bem construída e filmada, com mensagens subliminares presentes em cenas, cenários que conversam com a situação e takes que não deixam dúvidas sobre o pensamento principal do filme.

Reprodução: Marighella

Marighella, que tinha data prevista pra 2019 e sofreu censura pela Ancine, é a representação da sobrevivência da cultura brasileira, mesmo em tempos difíceis. O filme é a prova que mesmo em períodos quando a liberdade é apenas uma lembrança, a cultura sempre sobreviverá.

O filme estreia no dia 4 de novembro em todos os cinemas brasileiros. Confira o trailer na íntegra: