Uma casa com cômodos espaçosos e uma enorme piscina com águas naturais, disponível para compra a um preço muito baixo. Você encararia? Mergulho Noturno é o mais novo terror que promete que o público fique sem fôlego nas salas de cinema. Será mesmo que conseguiu?

O filme é um thriller psicológico de roteiro e direção de Brice McGuire, sendo o primeiro longa da Blumhouse (Corra!) em parceria com a Universal Pictures. No elenco, conta com Wyatt Russell (Falcão e o Soldado Invernal) e a indicada ao Oscar® Kerry Condon (In the Land of Saints and Sinners) nos papéis centrais de uma família que quer mudar de vida e se muda para uma casa com piscina.

Uma casa nova com uma piscina convidativa

Mergulho Noturno acompanha uma família centrada em Ray Waller (Russell), um jogador de beisebol forçado a se aposentar por uma doença degenerativa e sua esposa Eve (Condon), preocupada com sua recuperação. Seus filhos são o jovem Elliot e a garota Izzy, que conram com Gavin Warren e Amélie Hoefer nos papéis.

A trama, então, se desenrola a partir do momento em que a família quer uma vida melhor e começa uma busca por uma casa nova. E é aqui que uma casa com uma piscina convidativa aparece e os atrai de primeira. Dessa forma, o núcleo familiar se muda de casa e precisa adaptar toda uma vida para este novo lar: Ray, focado em sua recuperação, Eve, na sua graduação online, e os filhos Elliot e Izzy em uma nova escola.

Nesse contexto, a piscina se torna central: depois de uma manutenção de reabertura, todos os moradores da casa parecem gostar de estar nela e de manter práticas aquáticas. E é aqui que as coisas começam a ficar um pouco… amedrontadoras.

Mergulho Noturno. | Reprodução: Blumhouse e Universal Pictures

Roteiro envolvente, mas nem tanto

O roteiro do filme tenta encontrar um balanço nas histórias dos membros da família, de forma que o espectador encontre nas sutilezas certas mudanças de comportamento e reações às estranhezas aquáticas. De fato, uma piscina mal assombrada é um cenário um tanto quanto limitado para um filme de terror. No entanto, o longa conseguiu bem explorar a história em torno dos efeitos da água nas relações familiares.

De certa forma, a trama tem um foco maior no personagem de Wyatt Russell, um ex-jogador de beisebol que luta contra uma doença degenerativa que evolui progressivamente, de modo ele é forçado a se aposentar. Então, o personagem encontrou nas águas uma forma de realizar hidroterapia, o que o ajuda no processo de recuperação. Paralelo a isso, seus filhos e sua esposa não se sentem tão confortáveis assim. Isso porque, para eles, objetos somem e aparições estranhas acontecem na piscina, deixando-os completamente aterrorizados.

A trama também traz à tona histórias antigas daquela casa, em que várias pessoas aparentemente foram vítimas. No entanto, o filme falhou em explorar bem as diferentes narrativas, de maneira que a lenda das águas ancestrais da piscina ficou pouco embasada, apesar de ter um potencial enorme. Além disso, provocou certa estranheza em furos de roteiro da família que morou anteriormente na casa, causando uma sensação de estar faltando algo. Se essas histórias paralelas fossem melhor exploradas, o filme teria um embasamento narrativo muito mais interessante e envolvente, além de diferente do que normalmente se tem em filmes de terror estadunidenses.

O terror sub-aquático deixou a desejar

O filme tem uma história que tem de tudo para ser um thriller sensacional: tem uma família, que se depara com diferentes aparições sobrenaturais, e que não consegue fugir por estar dentro da própria casa. No entanto, infelizmente, a construção do medo deixou a desejar, uma vez que o filme é uma produção de James Wan, a mente responsável pelos sucessos Invocação do Mal, Sobrenatural e Eu Vi.

Isso acontece porque o plot da história se torna óbvio, uma vez que, desde a segunda cena de tensão, o “monstro” se torna completamente visível. Aqui, tanto o personagem quanto o público já sabem o que está por trás de tudo, mesmo que sem entender o porquê daquilo estar acontecendo. Ainda, os efeitos especiais também foram uma quebra de expectativa: o “vilão”, além de exposto — o que não é interessante na construção do terror , é desagradável visualmente. Não de forma amedrontadora, como esperado, mas mal executada, o que provoca riso ao invés de medo.

Cena de Mergulho Noturno
Mergulho Noturno. | Reprodução: Blumhouse e Universal Pictures

Além disso, a fotografia seguiu o padrão de abusar de cenas escuras para causar medo e tensão, e cenas claras no momento de tranquilidade. Ainda, a sonoplastia, apesar de promissora, também cai um pouco no clichê para os sustos, o que não garante um diferencial para o longa.

Vale a pena assistir “Mergulho Noturno”?

Se você espera um momento de imersão e gosta de histórias que precisam desvendar um mistério ancestral, Mergulho Noturno é o filme para você. É indicado para momentos leves, nos quais a gente não quer pensar demais e tomar alguns sustinhos. No entanto, infelizmente, mesmo com um potencial gigantesco, o filme deixa a desejar.