“Meu Amigo Pinguim” é uma tocante narrativa baseada em uma história real que se desenrola na pitoresca Ilha Grande, no Rio de Janeiro. O filme conta a improvável amizade entre João, um pescador solitário, e Dindim, um pinguim-de-magalhães resgatado de um vazamento de óleo. A trama explora temas profundos como a redenção, a lealdade e a capacidade de cura através das conexões inesperadas. Essa simplicidade do enredo é sua maior força, permitindo que a pureza da amizade entre homem e animal brilhe intensamente.

A história e o elenco

Jean Reno, conhecido por seus papéis em “O Código Da Vinci” e “Missão Impossível”, entrega uma atuação comovente como João. Sua interpretação é cheia de nuances, capturando a dor de um homem que perdeu tudo e encontra redenção em um pequeno pinguim. Adriana Barraza, no papel de Maria, esposa de João, adiciona uma camada de profundidade emocional ao filme, trazendo uma presença calorosa e maternal.

David Schurmann, o diretor, faz um trabalho excepcional ao transformar uma história simples em uma fábula cinematográfica encantadora. Sua direção é sensível e respeitosa, permitindo que a narrativa flua naturalmente sem recorrer a melodramas exagerados. Schurmann equilibra habilmente os momentos de ternura com os de tensão, criando uma experiência emocionalmente rica. Mas preciso dizer que o fato do filme set quase totalmente com elenco estrangeiro atrapalha um pouco nossa proximidade com a história. Talvez se o filme fosse nacional, ele teria muito mais capacidade de trazer o espectador para seu lado, principalmente em se tratando da língua.

Mas tem um detalhe que talvez muitos possam não saber, mas a maioria dos pinguins do filme são reais, não são bonecos ou feitos em CGI. Esse ponto transforma o longa de David Schurmann em um filme diferenciado. E digo isso por um detalhe que é importante, é um filme com um apelo infantil muito forte. Talvez as cenas filmadas em plano baixo demonstrem claramente essa intenção do diretor, de trazer o longa para o mesmo POV das crianças. E gente, o nome do pinguim ser Dindim é muito maravilhoso!

Erros e pontos fracos marcam mais que acertos (infelizmente)

Embora o filme seja emocionalmente envolvente, alguns espectadores podem achar que a narrativa é previsível em certos momentos (sim, o filme é inspirado em uma história, mas não necessariamente precisa ser tão previsível). A simplicidade do enredo, que é uma de suas forças, também pode ser vista como uma fraqueza, pois não oferece muitas surpresas ou reviravoltas inesperadas. Além disso, alguns personagens secundários não são tão bem desenvolvidos, o que poderia ter enriquecido ainda mais a história.

Outro ponto a considerar é o ritmo do filme. Embora a edição seja precisa, alguns espectadores podem achar que o ritmo é um pouco lento, especialmente nas cenas de contemplação e silêncio. Isso pode fazer com que o filme pareça arrastado para aqueles que preferem uma narrativa mais dinâmica. E o pior mesmo é o fato do filme se passar no Brasil e ser todo em inglês, isso é de matar o enredo de uma forma que não dá para explicar. Além disso, há momentos em que se mistura o inglês com o português cheio de sotaque, fazendo parecer uma obra completamente fictícia, como se o Brasil fosse um local de fábula.

Por fim, apesar dos efeitos especiais serem sutis e eficazes, há momentos em que a interação entre João e Dindim parece um pouco artificial, o que pode quebrar a imersão para alguns espectadores. Não haveria necessidade do uso tão intenso de CGI se o filme de fato fosse totalmente filmado no nosso país. Claro, entendo o quão necessário são esses momentos, para dar mais efeito lúdico no filme, mas a maneira como foi feita, parece um filme amador.

Vale a pena assistir?

Esses pontos negativos citados acima, apesar de serem decepcionantes, no entanto, não diminuem significativamente o impacto emocional e a beleza da história. “Meu Amigo Pinguim” ainda é uma obra que vale a pena ser vista, especialmente para aqueles que apreciam narrativas tocantes e inspiradoras. Mas é preciso entrar na história, de maneira lúdica, sem esperar que o filme faça você se emocionar, porque o apelo emocional aqui é tão fraco que talvez não seja suficiente, é preciso se colocar no lugar de João e de toda sua história.