A juventude pode ser um período de grandes pressões. Independentemente da criação, as expectativas dos pais, da família, dos amigos e da sociedade podem pesar imensamente sobre aqueles que ainda não possuem maturidade ou entendimento suficiente para lidar com essas responsabilidades. No elenco, vários nomes importantes do cinema atual como: Maria Luisa Mendonça, Michel Joelsas, Mari Oliveira, Daniel Botelho e Caco Ciocler.

A História de Meu Casulo de Drywall

Dirigido e roteirizado por Caroline Fioratti, Meu Casulo de Drywall é um filme intenso, que combina suspense, drama e uma dose de realidade. A trama acompanha Virgínia (Bella Piero), uma jovem prestes a comemorar seu aniversário com uma festa para os amigos. No entanto, o que parecia ser uma noite inesquecível toma um rumo trágico.

Em meio ao luxo de uma cobertura, a festa de 17 anos, marcada por champanhe e risos, se transforma em pesadelo quando o corpo de Virgínia é encontrado sem vida. A tragédia abala a harmonia do condomínio aparentemente perfeito, revelando camadas de culpa e mistério entre os personagens. A mãe lida com um luto desesperado, a amiga carrega uma culpa torturante, o namorado foge de sua responsabilidade, e um segredo ameaça mudar tudo.

Patrícia, mãe de Virgínia, tem uma vida de luxo extremo, mas infeliz em seu casamento e na relação com sua filha. Ela tenta se aproximar, mas não sabe como manter uma relação saudável com ela. Luana, a melhor amiga, quer se mudar para Floripa e quer a levar junto consigo. Claro, Luana quer fugir da sua realidade, que mesmo em meio ao luxo, é um pesadelo insustentável para a jovem. Nicollas é o atleta e galã do condomínio, mas aparentemente esse título guarda muitos mais segredos do que podemos imaginar. E Gabriel, filho único, que esconde por trás do sorriso meigo e vazio uma história perigosa como se fosse uma bomba-relógio.

Meu Casulo de Drywall com Maria Luisa Mendonça, Mari Oliveira e Bella Piero
Foto: Stella Carvalho

A Trama envolvente de Meu Casulo de Drywall

Caroline Fioratti opta por uma abordagem que flerta com o sobrenatural, criando um clima de suspense psicológico. A fotografia, assinada por Helcio Alemão Nagamine, contribui para o tom sombrio da obra, mantendo o espectador em constante dúvida sobre o que realmente aconteceu com Virgínia.

À primeira vista, o filme pode parecer familiar, com elementos que lembram outros títulos do gênero. No entanto, Fioratti já mencionou suas inspirações, como As Virgens Suicidas (1999), de Sofia Coppola, e Encontros e Desencontros (2003). Apesar disso, Meu Casulo de Drywall logo se destaca como uma obra original e pessoal.

Virgínia, filha de uma socialite e de um juiz renomado, enfrenta as expectativas de manter a compostura, mesmo enquanto carrega profundas inseguranças sobre sua aparência e identidade. Sua amizade com a garota mais bonita do condomínio e seu relacionamento com o garoto mais cobiçado só aumentam sua crise interior. O único personagem que foge desse padrão é Gabriel, o amigo desajeitado e marginalizado.

A narrativa alterna entre o presente, após a morte de Virgínia, e os eventos que ocorreram antes e durante a festa. O filme nos desafia a desvendar o que realmente aconteceu: foi suicídio? Homicídio? Um acidente? Cada detalhe nos mantém envolvidos, como detetives, atentos a pistas e evidências. No entanto, Meu Casulo de Drywall não é um thriller policial; é uma história de suspense e drama que explora a psique dos personagens, quase com tom de novela das 9, em que o autor deixa um país inteiro a descobrir quem é o assassino no último episódio.

Elementos Técnicos e Roteiro

O roteiro de Fioratti utiliza sutilezas para apresentar a complexidade de cada personagem. Conhecemos Gabriel, o amigo perturbado; Luana, a amiga exibicionista; Nicollas, o namorado atlético; e Patrícia, a mãe controladora. A trama aborda temas delicados como os perigos da internet, fóruns extremistas que aliciam jovens para crimes de ódio, e a exposição exagerada de adolescentes nas redes sociais. Além disso, toca em questões como pedofilia e a descoberta da sexualidade, além da homofobia que pode surgir dentro de casa.

Esses temas são tratados de forma natural, intrínsecos aos personagens, sem exageros. Eles se encaixam perfeitamente na narrativa, dando profundidade ao enredo sem desviá-lo de seu curso principal. Há ainda outro tema central, mas mencioná-lo seria um spoiler.

Um ponto interessante, na minha opinião, é como que mesmo a personagem principal sendo a Virginia, ela, na verdade, atua como uma catalisadora de todas as outras histórias. Claro, nós sabemos que tudo no filme é por conta de sua morte, mas me parece que a intenção da diretora é ir muito, além disso, utilizando sua tragédia quase que como uma metáfora para nos dar elementos suficientes para entender a vida e o drama de todos ao seu redor.

Vale a Pena Assistir?

Definitivamente, Meu Casulo de Drywall é um filme poderoso, instigante e envolvente. Para os fãs de suspense, ele oferece uma história única e cativante, sob uma perspectiva que nos faz refletir sobre questões atuais e emocionais. Fioratti constrói uma obra que consegue se destacar no gênero e deixar sua marca.