“Meu Filho, Nosso Mundo” é uma obra que transpira autenticidade e emoção genuína, um feito raro em um gênero que muitas vezes escorrega para o melodrama. Dirigido com precisão e sensibilidade, o filme apresenta uma jornada profundamente pessoal que ressoa não apenas pelo enredo bem estruturado, mas também pelas camadas emocionais que ele revela ao longo de sua narrativa.
A história
A trama central do filme, gira em torno de um pai e sua tentativa de lidar com uma vida em frangalhos, transcende a narrativa típica de reconciliação familiar. MEU FILHO, NOSSO MUNDO acompanha o comediante Max Bernal (Bobby Cannavale) que, com casamento e carreira falidos, está morando com seu pai Stan (Robert De Niro). Ele não concorda com Jenna (Rose Byrne) sobre a melhor maneira de cuidar do filho deles, Ezra, de 11 anos e diagnosticado com autismo. Cansado e decidido a mudar o jogo, Max parte com Ezra em uma viagem de carro para encontrar um lugar onde possam ser felizes.
O roteiro de Tony Spiridakis é um dos pontos altos da obra, pois evita soluções fáceis e mergulha de cabeça na complexidade das relações familiares. Ele aborda temas universais, como a dificuldade de comunicação entre gerações e a busca por redenção pessoal, enquanto explora o autismo de maneira respeitosa e informada, sem nunca reduzir Ezra a um mero dispositivo narrativo.
Meu Filho, Nosso Mundo não tem medo de explorar o desconforto e a dor que vêm com a reconciliação e o entendimento. Ele nos lembra que a vida é, em última análise, sobre conexões humanas, e que é através dessas conexões que encontramos nosso propósito e paz. Ao final do filme, senti uma mistura de tristeza e esperança, uma prova da eficácia da narrativa em capturar a complexidade da experiência humana.
Elenco entrega atuações sinceras e comoventes
Bobby Cannavale entrega uma atuação que é ao mesmo tempo, crua e comovente, capturando as nuances de um homem que está perdendo o controle de sua vida, mas que encontra força e clareza na relação com seu filho. Rose Byrne, como Jenna, oferece um contraponto sólido, retratando a dor e a frustração de uma esposa que vê seu casamento desmoronar, mas precisa se manter firme pelo bem do seu filho. Embora o casal seja separado, achei muito interessante como o roteiro evidencia a necessidade de o mínimo de entendimento entre eles para o bem do Ezra. De maneira didática, aprendemos na tela sobre amor e respeito, mesmo nos momentos mais sombrios das nossas decisões. Tudo bem errar, tudo bem tomar decisões estúpidas, tudo bem não saber o que fazer.
Robert De Niro, como sempre, traz uma profundidade adicional ao seu papel como o pai de Max, e sua interação com Cannavale é uma das partes mais impactantes do filme. Porém, é William A. Fitzgerald, no papel de Ezra, que merece ser destacado em minha crítica. Ele é um ator revelação, oferecendo uma atuação autêntica e cheia de coração, nos fazendo querer ser amigos do Ezra, ao mesmo tempo que nos faz entender toda a dificuldade do autista na sociedade. O filme também conta com os atores Rainn Wilson, Vera Farmiga, e a inusitada presença de Whoopi Goldberg, uma baita atriz.
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Vale a pena assistir?
Muitos poderão dizer que o texto de Spiridakis e a direção de Tony Goldwyn podem ser uma grande romantização de um problema real, que tem diversas camadas, diversas possibilidades. Mas é importante notar uma diferença, esse filme não conta a história do autismo, ele conta a história de Max e Ezra, pai e filho, que precisam achar uma maneira de encontrar seu lugar no mundo, apesar de todas as adversidades vindas de seus próprios problemas.
“Meu Filho, Nosso Mundo” é uma obra poderosa, que toca fundo na alma do espectador. É um filme que exige atenção e reflexão, que deixa uma marca duradoura na nossa mente, até após sairmos do cinema. Com atuações soberbas, uma direção segura e uma história que pulsa com autenticidade, este é um filme que não apenas entretém, mas também enriquece. Uma verdadeira joia do cinema contemporâneo.
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