Meus Sogros Tão Pro Crime, uma comédia de Tyler Spindel pela Happy Madison Productions, chegou à Netflix na última sexta-feira (7). Com Adam DeVine e Nina Dobrev nos papéis principais, o filme narra a não impossível, mas muito improvável, história de Owen e Parker. Há poucos dias de seu casamento, o casal precisa lidar com uma situação inusitada: a presença dos pais de Parker na cidade e, consequentemente, na cerimônia do matrimônio.
É claro que, à primeira vista, o comparecimento de Lilly e Billy (interpretados por Ellen Barkin e Pierce Brosnan) seria motivo para comemoração. Afinal, Parker não vê seu pai e sua mãe há anos. A reviravolta acontece quando Owen descobre que seus sogros são, na verdade, os Bandidos Fantasmas, dois gênios do crime há muito procurados pela polícia. É diante dessa situação que o protagonista encontra-se em uma enrascada e o filme se desenrola por 1h35min.
Um protagonista fora do protagonismo
Nem sempre comédias acertam o tom. Ou, às vezes, quando acertam, seus atores ficam de fora dele. E isso é exatamente o que acontece em Meus Sogros Tão Pro Crime.
Enquanto Dobrev mal consegue ter tempo de cena, DeVine ganha tempo até demais. Tudo bem, afinal, esse é o papel para o qual ele foi contratato. Contudo, Adam não parece ter sido feito para filmes que flertam com o humor.
Isso porque, ao que aparenta, o ator parece estar, em 90% das cenas, deslocado de seus colegas. Enquanto os cúmplices perfeitos brilham sem precisar de muito esforço, DeVine força a aparição de seu personagem.
Owen, um banqueiro amoroso e atrapalhado, teria tudo para ser interpretado de forma natural, não fosse a escolha de elenco. Eu até fiquei considerando que, se Dobrev e DeVine trocassem seus papéis, o filme fluiria de maneira muito melhor, principalmente considerando que o roteiro não é nenhum masterpiece hollywoodiano. Ok, ele até tem uma cena de ação bem dirigida e filmada, mas para por aí, afinal, ele – com o perdão do trocadilho – atropela muitas das cenas que chegaram à versão final.
Digo isso porque, em boa parte do longa, eu senti uma falta enorme de um maior desenvolvimento do romance de Owen e Parker. E, afinal, onde os pais dela estavam durante todo esse tempo?
Por quê a melhor escolha para o sumiço deles foi um esconderijo Yanomami na Amazônia? Como Lilly e Billy entraram para o mundo do crime? A morte de Rehan realmente ficou por aquilo?
Muitas questões como essas ficaram sem uma resposta efetiva, ou um melhor desdobramento que eu acredito que teria influenciado na opinião final do público em relação ao filme. O que nos leva ao próximo tópico.
Gostar ou não gostar…eis a questão
Mesmo com apenas poucos “dias de vida” na plataforma de streaming, Meus Sogros Tão Pro Crime já vem dividindo opiniões. Isso porque o filme é feito pela empresa do ator e comediante Adam Sendler, ou seja, mesmo que ele não esteja atuando na produção, ela ainda carrega o mesmo tom pastelão que o restante de seus longas-metragens. Dessa forma, para aqueles que não curtem esse estilo de filme, Meus Sogros Tão Pro Crime pode extrapolar um pouco a barra, diga-se de passagem.
Com piadas claramente propositais, que por vezes podem não se encaixar com a cena em questão, o filme deixa escrachado qual linha humorística irá seguir. Particularmente, esse é tipo de produção que eu busco assistir em um domingo à tarde quando não quero me esforçar o suficiente para conseguir entender a linha de raciocínio de um filme – mesmo que eu perceba algumas [várias] pontas soltas.
Num geral, para mim, funciona, e sempre funcionou. Não é novidade para os que me acompanham que eu curto, de fato, os filmes de Sendler.
Com isso, a sugestão que eu deixo aqui é: encare o longa-metragem apenas se você sabe aproveitar e consegue se divertir com uma comédia que não tem como objetivo entregar o melhor do cinema estrangeiro. Porque ela não vai.
Confira o trailer de Meus Sogros Tão Pro Crime
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Essa comédia pediu pra ser ruim e abusou. Nada se aproveita.