O filme Milagre na Caverna (The Cave), dirigido por Tom Waller, é uma produção tailandesa/irlandesa que conta a história baseada em fatos reais de um caso que rodou o mundo em 2018, onde uma equipe de futebol juvenil da Tailândia ficou presa em uma caverna no norte do país por mais de duas semanas devido a uma inundação. Com isso, uma enorme equipe de resgate formada por profissionais e voluntários de vários lugares do mundo se uniu para lutar contra o tempo e salvar os 12 garotos e seu técnico em uma missão antes considerada impossível. Até hoje, esta é considerada a maior operação de resgate internacional já vista no mundo.

Logo no início do filme há uma mensagem explicando que alguns acontecimentos e cronologias foram alterados para fins dramáticos, o que é bem comum em produções baseadas em fatos reais. Além disso, também nos é passado que certos personagens foram interpretados pelas pessoas reais envolvidas no caso, o que acrescenta um toque interessante ao longa, visto que quem acompanhou o que estava acontecendo na época, viu o rosto dessas pessoas nos noticiários, na televisão e na internet. 

Falando um pouco sobre a história em si, é muito claro que o foco não está voltado para o que está acontecendo dentro da caverna, e sim para os bastidores do resgate. O telespectador tem pouquíssimo acesso ao que está acontecendo com as crianças e o técnico ao longo de todo o filme, e não são apresentados detalhes de como foram as mais de duas semanas de sobrevivência pela perspectiva interna. Em contrapartida, temos uma visão muito ampla de como foi o processo de elaboração do plano de resgate, de quais eram os fatores técnicos que tornavam a missão quase impossível, das possíveis complicações que o plano poderia acarretar, do processo de tomada de decisões por parte da equipe, etc. 

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Imagem: Reprodução / A2 Filmes

Senti que em partes, o filme não explica muito bem algumas coisas que pedem uma explicação mais detalhada, enquanto em outros momentos acontece exatamente o contrário, e cenas que poderiam ser curtas tomam mais tempo que o necessário e acabam sendo cansativas. Por ser um filme baseado em um caso que teve uma grande repercussão a nível mundial, imagino que os produtores devem ter suposto que o telespectador já saberia coisas como a maneira com a qual os treze sobreviventes se mantiveram vivos dentro da caverna, como eles foram parar naquela situação ou até mesmo de onde surgiram alguns dos voluntários da equipe de resgate; e isso acabou deixando um pouco a desejar no sentido de que poderiam se aprofundar melhor em alguns pontos da história.

A fotografia do filme foi pautada em tons predominantemente frios, o que de fato faz sentido com a narrativa. Nas cenas finais, são apresentados takes debaixo d’água, acompanhando a equipe de resgate ao longo de toda a trajetória de resgate dentro da caverna. Já a trilha-sonora não é um dos maiores destaques da produção mas é condizente com o enredo, transitando principalmente entre as cenas de ação e os momentos mais dramáticos. Ao final do filme são passados alguns trechos de entrevistas e gravações das pessoas reais envolvidas nos acontecimentos que participaram no filme interpretando a si mesmas como personagens. 

De maneira geral, o filme é uma boa pedida para quem se interessa por obras baseadas em fatos reais, para pessoas que acompanharam o caso na época em que aconteceu e gostariam de saber mais sobre os bastidores, e para os que gostam de histórias de resgate como um todo.