Será que franquias longevas como “Missão Impossível” realmente perdem sua essência com o tempo? Será que o assunto fica repetitivo, chato, previsível, obsoleto com o tempo?
Estreia nos cinemas essa semana “Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1”, novo filme da franquia de sucesso de Tom Cruise. Mais uma vez acompanhamos Ethan Hunt em uma missão para evitar uma catástrofe mundial. Dessa vez contra uma inteligência artificial capaz de mudar a forma como o mundo é conhecido hoje. Ao lado de seus amigos e parceiros Hunt vai ter que enfrentar o novo e o velho ao se deparar com um velho conhecido.
Acerto de Contas é mais um capítulo de uma das franquias de maior sucesso da TV e do cinema. Desde que foi lançado em 1996, Missão Impossível passou a ser um dos queridinhos dos fãs de filmes de ação. Entre acertos e erros, a franquia sobrevive graças a Tom Cruise, que abraças as obras como produtor e eleva cada vez mais o patamar das façanhas de seu personagem. O que nos leva a seguinte pergunta, será que Tom Cruise se tornou maior que o nome Missão Impossível?
É nítido que o marketing em volta do filme será todo baseado no que Cruise consegue fazer para elevar o risco, o perigo e a qualidade das cenas de ação. Porém, fica um questionamento muito importante, missão impossível é sobre o que?
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Filme tem cenas de tirar o fôlego
Já era de se esperar que esse filme fosse surpreender pela qualidade técnica das gravações. Pelos trailers e pela divulgação das cenas em que Cruise se arrisca para pular de paraquedas ou pilotando moto em penhasco ou até mesmo lutando em cima de um trem, já era de se esperar qualidade visual. E nisso “Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1” acerta precisamente.
É um deleite para os fãs, cada cena foi pensada para elevar a adrenalina ao máximo. Fotografia e Som trabalham juntas para levar o espectador ao ápice da experiência. Cenas perfeitamente fotografadas, paisagens deslumbrantes de várias partes do mundo, figurino que realça tudo que os atores têm de melhor.
Mas será que só isso é suficiente? A história acompanha? O filme é impecável, mas existe um porém …
Se por um lado temos um acerto enorme na fotografia, por outro temos um roteiro um tanto quanto simples. A inovação aqui quase não existe, um pouco de cada um dos seus filmes anteriores misturado a uma pegada “Velozes e Furiosos! Que me perdoem os fãs, mas não consigo desassociar essa história de VeF 8, em que precisam encontrar o Olho de Deus.
Temos a inserção de alguns novos personagens, como Grace (Hayley Atwell) e Gabriel (Esai Morales), e o retorno dos personagens de Ving Rhames, Simon Pegg e Rebecca Ferguson. Vanessa Kirby repete seu papel de Alana, que conhecemos em Fallout.
A impressão de que fiquei foi de que a palavra “coadjuvante” nunca foi tão bem explorada como nesse filme. Eu entendo que Ethan é o personagem principal, entendo que o filme gira ao seu redor, mas existem cenas e momentos em que claramente o roteiro renuncia a tudo para que Ethan seja o protagonista do protagonismo. Pouco ou quase nada sobra para os demais personagens fazer além de servir como trampolim para que ele faça tudo. Nem mesmo os momentos de fragilidade soam como genuínos.
Não se engane, o filme é muito, muito bom!
Mas por favor, isso não significa que o filme é ruim, muito pelo contrário. É claramente um dos melhores filmes da franquia em minha opinião. As cenas de ação aqui estão elevadas a décima potência, e gostei muito que temos mais alívio cômico dentro do roteiro.
Acredito que a segunda parte desse filme será muito melhor, mas me preocupo se os personagens terão espaço de mostrar a que vieram, principalmente o vilão, Gabriel, que até agora teve muito pouco tempo de tela e muito pouca influência no enredo. Não sabemos sua ligação com o passado de Ethan, e essa é uma das chaves para entender melhor o filme. Assim como a ligação de Ethan com Grace, que poderá ter uma reviravolta muito importante no futuro da franquia se tudo der certo. Quem sabe ela pode até ser uma das líderes do Missão Impossível?
O lançamento do longa vai esbarrar uma briga muito interessante, onde de um lado temos o filme da Barbie contra Oppenheimer. Será que “Missão Impossível – Acerto de Contas Parte 1” corre por fora dessa briga ou vai lutar para um segundo lugar nas bilheterias? Cruise parece confiante de que uma surpresa pode acontecer, e eu sou obrigado a concordar com ele.