Sabe aquele gênero de filme forte que te deixa completamente atordoado com um gostinho agridoce na boca? MONEYBOYS se encaixa perfeitamente nessa categoria. A nova produção chinesa é, sem dúvidas, revolucionária na indústria cinematográfica e promete estremecer o pódio de melhores produções de drama, uma vez que ousa na abordagem de assuntos considerados “tabu” na cultura oriental.
Assim, a produção chinesa conta com a direção de C. B. Yi e o protagonismo do taiwanês Ko Chen-tung, estrela de You Are the Apple of My Eye. Além disso, JC Lin, de The Day to Choose, e Bai Yufai, da série histórica Cidade Madura (Ripe Town), também participam do elenco principal.
Migração rural-urbana como pretexto de nuances humanas inimagináveis
O filme acompanha Liang Fei (Ko Chen-tung), um jovem de vilarejo explorando a cidade grande na China. No entanto, seu modo de sobreviver no capitalismo selvagem foi se tornar um moneyboy (garoto de programa), com incentivo de Xiolai (JC Lin), pessoa também do ramo com quem ele se relaciona. No entanto, a vida com esse trabalho nem sempre é fácil. Em certo momento, Fei sofre abusos por parte de um cliente e seu parceiro decide entrar em uma briga para defendê-lo, o que o leva à prisão e eles perdem o contato.
Juntamente ao luto da separação, Fei precisa enfrentar o dilema de que sua família aceita o dinheiro que ele os proporciona, mas não aceita sua homossexualidade. A partir deste momento, a trama acompanha o jovem na tentativa de recomeçar a vida na companhia de Long (Bai Yufan), um conhecido do mesmo vilarejo de onde veio.
Tradicional enquadrando o contemporâneo
Que assuntos como homossexualidade são um tabu em diversas regiões do mundo não é novidade. No entanto, a forma com que diferentes gerações lidam com o assunto na China, que é onde o filme se passa, é bem discrepante e também bem representada no longa. Tão bem representada que cenas de intolerância chegam a doer até fisicamente.
Um fato interessante sobre MONEYBOYS é a dualidade entre campo e cidade. Enquanto a cidade é cheia de jovens que saem por aí e tem a liberdade de viver a vida, a sexualidade e suas expressões da forma que bem entendem, no vilarejo as pessoas ficam com a mente presa ao tradicionalismo. Assim, além de pensamentos tradicionais, a produção apresenta costumes tradicionais da cultura chinesa, como a relação de uma pessoa com o luto, de maneira belíssima narrativa e visualmente.
Cabe aqui um destaque para a atuação de Ko Chen-tung. Pelas cenas, o sentimento que passa é que o ator deu o sangue pelo papel – e pelos sentimentos de Fei por ele representados. Além dele, Bai Yufan merece também todos os elogios possíveis. O seu personagem, que representa uma esperança, e sua atuação excedeu os limites do possível.
Longa marcado por diferentes nuances
Ainda, por se tratar de um filme chinês, cabe aqui levantar uma característica interessante do longa se comparado a filmes ocidentais. A trama e os personagens não são apresentados com todas as palavras e contextos possíveis: o entendimento do filme e da mensagem se dá pelas nuances.
Dessa maneira, a direção de C. B. Yi permitiu com que diferentes ângulos fossem explorados, deixando em evidência a dor e o amor em suas mais puras formas tanto no roteiro e direção de cena quanto na fotografia. A cores, a disposição de objetos, a distância entre personagens, troca de olhares sem nenhuma troca de palavras: tudo tem um significado. E profundo.
Além disso, o final do filme em si também deixa um sabor agridoce na boca, podendo ser interpretado como tristeza ou esperança. Nesse sentido, a interpretação geral do filme depende de como o espectador digere a história.
Vale a pena assistir MONEYBOYS?
MONEYBOYS é um filme sobre dor, rejeição, corações partidos e recomeços. Sendo assim, não é fácil de ser digerido. Mas, pra quem tem estômago: é um dos melhores filmes do ano. Vale muito a pena ser assistido, mas com cuidado.
MONEYBOYS estreia na próxima quinta-feira, dia 08 de fevereiro, nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Brasília, Manaus, Porto Alegre e Salvador.
