No dia 2 de novembro estreia nos cinemas Mussum, o Filmis. A obra conta a história de Antônio Carlos Bernardes Gomes, conhecido por interpretar o icônico personagem Mussum, acompanhando sua trajetória pessoal e artística através das diferentes fases de sua vida, da infância no Rio até sua ascenção no samba e na comédia.

Roteiro e elenco

Dividido em três momentos principais, o filme começa com o jovem Thawan Lucas nos apresentando Carlinhos, uma criança da periferia do Rio de Janeiro que descobria desde cedo o seu amor pelo samba – um pouco a contragosto de sua mãe, Dona Malvina (Cacau Protásio), uma empregada doméstica que sonhava com um futuro melhor para o filho e acreditava que “samba não dava futuro”. Assim, esse primeiro ato constrói uma base sólida para o que vem a ser um dos temas centrais da história: a relação de Antônio Carlos com a sua mãe.

Uma cena em especial, ainda no começo do filme, define o tom para essa relação fundamental para a construção do protagonista. Se agarrando a uma boa oportunidade de estudos como bolsista, Carlinhos então ensina sua mãe a escrever o próprio nome – um sonho que ela carregava para conseguir assinar documentos – em um momento com atuações genuínas e tocantes.

Mussum, o Filmis Yuri Marçal e Cacau Protássio
Imagem: Globo Filmes

Já a segunda frente da trama começa a abordar temas mais sérios, porém ainda adotando um tom humorístico – muito devido à escolha do ator e comediante Yuri Marçal para viver Antônio Carlos no início de sua vida adulta. Nesse período, o jovem precisa se dividir entre um emprego no exército e seu grupo, Os Sete Modernos do Samba.

Trabalhando no quartel para garantir a estabilidade e segurança que sua mãe tanto insistia, o protagonista começa a construir uma vida com sua companheira Leny, e precisa decidir se irá arriscar tudo por uma oportunidade como músico. Além disso, o filme ainda traz figuras icônicas como Elza Ramalho e Cartola para a narrativa de maneira pontual e acertada. Afinal, a música é um elemento essencial para a história.

No terceiro momento do filme, Aílton Graça é sem dúvidas o grande destaque. O ator consegue interpretar Mussum com leveza e sensibilidade nos momentos certos. Já estabelecido em sua carreira musical com o seu grupo, seus talentos para a atuação e a comédia são descobertos por acaso, e assim ele vai rapidamente ganhando espaço nesse novo cenário artístico.

Os Trapalhões em Mussum, o Filmis
Imagem: Globo Filmes

Com isso, o filme toma liberdade para recriar cenas de Escolinha do Professor Raimundo e Os Trapalhões. É válido destacar o elenco escolhido para viver as figuras de Chico Anysio, Dedé Santana, Zacarias e Renato Aragão, o Didi. Os atores chocam pela semelhança em suas caracterizações e trazem humor e nostalgia para o filme em uma homenagem divertida às obras originais.

Dividido entre suas obrigações com Os Originais do Samba e a televisão, o artista enfrenta novos dilemas nessa fase, como a decisão de se mudar para São Paulo e acabar com seu casamento e seus problemas com o álcool. Nesse momento também somos impactados com a atuação emocionante de Neuza Borges, que vive a Dona Malvina já mais velha. Ainda desacostumada com os luxos proporcionados pelo sucesso do filho, a mãe é um lembrete constante de suas raízes a todo momento no filme. Dessa forma, as cenas sentimentais da relação entre mãe e filho trazem o balanço ideal para os – muitos – momentos humorísticos da história.

A obra ainda explora a relação do artista com a Mangueira, sua escola de samba do coração. O discurso final do protagonista demonstra como a arte pode desempenhar um papel fundamental na vida de crianças da periferia – assim como foi para Carlinhos.

Ailton Graça e Neuza Borges em Mussum, o Filmis
Imagem: Globo Filmes

Pontos técnicos

Por trás do excelente roteiro e atuações de destaque, Mussum, o Filmis conta com elementos técnicos bastante intencionais. O principal não poderia ser diferente: a trilha sonora. Assim, a música atua quase como um personagem no filme, com muitas cenas musicais necessárias para entender a relação de Antônio Carlos com o samba.

Enquanto isso, a fotografia é o que ajuda a definir o tom e a “estética” do filme, mantendo o espectador imerso e envolvido nessa atmosfera. Dessa forma, a composição visual, já bastante conhecida no cinema nacional, explora muitos elementos de brasilidade, desde as cenas iniciais de Carlinhos na periferia do Rio de Janeiro passando por seus momentos nas rodas de samba até as apresentações em casas de show.

Com direção de Silvio Guindane, Mussum, o Filmis ganhou seis premiações no Festival de Gramado, sendo a principal o troféu de Melhor Filme. Além disso, o evento ainda premiou Ailton Graça e Yuri Marçal por seus trabalhos no longa.

O filme estreia dia 2 de novembro nos cinemas. Assista ao trailer: