Ultimamente a possessão demoníaca é um dos temas que está mais em alta nos filmes de terror. Entretanto a maior parte desses filmes aborda a pessoa possuída cometendo os assassinatos e outras atrocidades. Nefarious foge dessa fórmula, sendo um filme de suspense/terror em que a história acontece após a prisão do assassino supostamente possuído. Vale lembrar que a Igreja Católica considera esse suspense psicológico como uma das produções mais fiéis sobre possessão demoníaca.

Cabe ressaltar que o filme é baseado em todo um pensamento cristão em relação a diabos, anjos, possessões, e que politicamente possui uma linha mais voltada para os pensamentos de direita. De toda forma, afasto essa crítica do âmbito político, deixando as análises somente voltadas para a obra em si.

A produção até o momento possui avaliação baixa da crítica especializada atingindo 35% no Rotten Tomatoes. Já a avaliação do público está com 96% de aprovação.

A direção e roteiro é de Chuck Konzelman (“Deus Não Está Morto”) e Cary Solomon (“40 Dias: O Milagre da Vida”, “Deus Não Está Morto”). No elenco temos Sean Patrick Flanery (“Santos Justiceiros“) e Jordan Belfi (“Nos Bastidores da Fama” e “Grey’s Anatomy“). Fazem parte também Tom Ohmer, Glenn Beck, James Healy Jr., Stelio Savante, Cameron Arnett, Mark De Alessandro.

Sobre a história de Nefarious

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Imagem: Reprodução

No dia de sua execução, o assassino em série Edward Brady tem um último e decisivo compromisso: uma consulta final com um psiquiatra, atestando que ele de fato cometeu seus crimes sabendo o que fazia. Dessa modo, sua sanidade não poderia ser questionada. Porém, depois do suicídio de seu antigo médico, Edward deverá ser avaliado pelo Dr. James Martin, outro psiquiatra. Dessa forma, com o destino – e a vida – do assassino em suas mãos, Martin não tem ideia do que terá que enfrentar. Por fim, quando Brady diz ao médico que é, na verdade, um demônio, uma batalha pela verdade tem início, envolvendo fé, crenças e o futuro da humanidade.

Roteiro envolvente com diálogos inteligentes e ardilosos

O filme acontece praticamente em um único cenário. Um diálogo entre o psiquiatra e o assassino. O que parece talvez ser cansativo, passa extremamente rápido, considerando as pequenas cenas fora dessa sala.

Com diálogos bem construídos, o demônio mostra sua esperteza ao rebater as falas do psiquiatra. Para qualquer psiquiatra, no mínimo o assassino possui dupla personalidade, sendo uma delas a intitulada “demônio”. Diante disso, o demônio possui objetivo e quer provar que ele está certo. O demônio quer mostrar que ele (Edward Brady) tinha a intenção de matar e assim o fez.

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Imagem: Divulgação

São cerca de 97 minutos de diálogo praticamente entre essas duas pessoas. Temos pequenos momentos de interação com outros atores. Entretanto o foco do filme é a luta, por vezes injusta entre o psiquiatra e o demônio. Injusta porque o demônio explica seus objetivos, fala sobre seu poder. Ele está com as evidências ao seu lado, a condenação à morte é o que ele quer, enquanto que o psiquiatra está lá para atestar a sua sanidade em relação a isso.

O demônio rebate o psiquiatra, desafia sua fé, fala coisas que seu hospedeiro Edward não poderia saber. Ele é convincente, chegando a seduzir de certa forma quem está vendo o filme.

Atuação e fotografia

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Imagem: Reprodução

A atuação de Sean Patrick Flanery é espetacular. Ele entrega de forma convincente uma ótima interpretação de Edward e do demônio. As mudanças de “personalidade” entre os dois personagens normalmente são feitas com o movimento da câmera passando por trás do psiquiatra. Um dos pontos positivos do filme é a forma como ele consegue mudar entre os dois personagens de forma tão convincente. Essa transição com o desenrolar da produção, faz com que cada vez mais o espectador entenda que quem está ali é um demônio no corpo de Edward, e não apenas um transtorno psicológico.

Fora isso, temos que lembrar que estamos em uma prisão. Já existe toda uma tensão acumulada neste setor, um suspense por ser um local já sombrio. O demônio quer estar lá, e quer morrer. Não existem cenas de sustos ou de terror em si, apenas uma tensão do que pode acontecer.

Vale a pena assistir Nefarious?

Surpreendentemente, Nefarius é um filme interessante. Ele consegue manter o espectador do início ao fim. Falando no final, temos um encerramento diferente dos filmes que estamos acostumados.

Tirando as questões políticas sobre o filme, a produção certamente consegue agregar uma experiência diferente aos filmes de suspense. Vale a pena assistir!

Veja o trailer: