Com a direção e roteiro por Sasha Polak, Névoa Prateada é o novo longa europeu distribuído pela Bitelli Films e que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 18 de abril. Estrelado por Vicky Knight e Esmé Creed-Miles, Névoa Prateada toca em diversos temas sensíveis ao longo de sua trama. Confira a sinopse abaixo:
Sinopse: Franky é uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade, até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.
Prometendo tocar em diversos assuntos e temas polêmicos, resta a pergunta: Névoa Prateada é bom? Antes de respondermos a essa pergunta, confira o trailer do drama:
Sobre a história e sua polêmica
A narrativa de Névoa Prateada é dividida em núcleos, os quais se formam diante a temáticas. Ou seja, junto a Franky (Vicky Knight), o público acompanha essa história que vai caminhando entre temáticas, as quais ora se conversam, ora nem tanto. Dessa forma, ao mesmo tempo em que o longa traz às telas pautas relacionadas ao movimento LGBTQIA+ e homofobia, o longa ainda abre espaços a tantas outras discussões, tabus e críticas sociais, como a liberdade religiosa, por exemplo.
Mas antes de entrar na polêmica, é importante falar sobre a construção e desenvolvimento do longa: a direção de Sasha Polak sabe como desdobrar os acontecimentos de sua história. A ideia é boa e desafiadora, afinal, são diversas temáticas em um único filme. Contudo, ao aplicar na prática, nem todas os núcleos se conversam.
Em outras palavras, se tem muitas maçãs para pouca cesta. São muitas histórias, em um único filme. Logo, alguns núcleos se desenvolvem melhor, enquanto outros ficam mais de lado, ou então se esticam até demais. Essa falta de harmonização também causa furos no roteiro e má escolhas para a narrativa, visto que não condizem com a trama em si.
A história tem muito potencial, porém, a direção de Polak se perde um pouco ao ter que trabalhar com tantas temáticas diferentes.
Ainda sobre a trama de Névoa Prateada: há polêmica ou realidade?
Como já dito, a, a narrativa caminha entre diversas esferas da sociedade, mas não se concentra nelas. As temáticas funcionam mais como cenário para a história. Ou melhor, aqui, de fato não é uma história nem sobre vingança ou amor – como propõe a sinopse -, mas sim sobre se descobrir e se encontrar no mundo.
Dessa forma, a narrativa traz diversas esferas sociais, as quais se desenvolvem em várias camadas. Assim, em questões de significações, o longa acerta pela forma natural de retratar as camadas sociais que formam os cenários da jornada de Franky. São de fato reflexos que ocorrem nas sociedades, assuntos que podem ser vistos como sensíveis – homofobia, relacionamentos abusivos e/ou tóxicos, machismo, padronização de corpos, etc. – e que são apresentados com tom de crítica, mas, também, como situações reais da sociedade.
Portanto, a maior polêmica do filme nem são as temáticas em si, mas sim saber que tais situações ocorrem diariamente no mundo todo.
Sobre o elenco do filme
Se Névoa Prateada tem o desafio de trabalhar com tantos temas (“polemicamente reais“) diferentes, cabe ao elenco conseguir desenvolver tantos assuntos com seus personagens, os quais muitos representam a personificação de uma temática específica. Com exceção da protagonista Franky: a atriz deve caminhar sob as perspectivas contextuais de sua personagem, ao mesmo tempo em que interagem com as mais diversas situações.
Ou seja, aqui, Vicky Knight tem o grande desafio em caminhar e interagir com tantos personagens diferentes. Desafios estes que a atriz consegue superar muito bem. De fato, o que mais pega para a atriz talvez não seja a forma como lida com o polêmico, mas sim a maneira como ela tem que lidar com o comum.
É difícil dizer ao certo se Knight acerta ou não ao ter pouca força em sua atuação. Isso é, a atuação da protagonista é tímida e calma. Por um lado, impede de dar voz a sua personagem em momentos explosivos. Contudo, essa timidez pode ser vista como um reflexo de uma personagem que tem dificuldade quanto a expressar suas emoções, o que é justamente condizente ao longa.
Por fim, as interações entre Vicky Knight com os demais atores promove uma atuação realista e com química. Há um tom realista presente aqui e que dá ainda mais credibilidade ao longa.
Afinal, Névoa Prateada é bom?
Névoa Prateada é o novo longa de Sasha Polak e que promete uma trama em sua sinopse, mas na prática traz um universo gigantesco em forma de história. São núcleos e esferas de situações reais que condizem com o cotidiano de muitos. Ao mesmo tempo, o longa ainda traz um desenvolvimento interessante a uma trama com tantas ideias, mesmo que não consiga harmonizar tantos conteúdos simultaneamente.
O elenco tem seus respectivos desafios, cabendo a cada um representar e viver neste universo criado por Polak. Contudo, o maior desafio está nas mão da protagonista Vicky Knight, a qual navega entre tantos universos de forma sutil, mantendo-se fiel a sua personagem, mesmo quando entrega uma atuação mais tímida.
Portanto, entre fotografias e trilhas sonoras tão bem elaboradas (e que mereciam ser bem mais comentadas aqui), Névoa Prateada é um longa que vale a pena ser assistido nos cinemas.