“Ninguém Sai Vivo Daqui“, de André Ristum, é uma obra cinematográfica que se destaca tanto pelo seu conteúdo histórico quanto pela sua execução artística. Baseado no livro “Holocausto Brasileiro” da jornalista Daniela Arbex, o filme nos leva de volta ao hospital psiquiátrico Colônia, em Barbacena, Minas Gerais, durante a década de 1970. Desde o primeiro frame, fica claro que esta não é apenas uma história sobre o passado, mas uma reflexão profunda sobre a humanidade e suas falhas.
A história
O enredo acompanha a jornada de Elisa, uma jovem internada à força pelo pai após engravidar do namorado. A narrativa se desenrola em um ritmo sombrio e angustiante, revelando as brutalidades cometidas no hospital. A escolha de filmar em preto e branco é uma decisão brilhante, capturando não apenas o período histórico, mas também a essência do sofrimento e da desesperança que permeia a história. Essa estética visual realça a sensação de claustrofobia e isolamento, mergulhando o espectador em uma atmosfera opressiva que é, ao mesmo tempo, hipnotizante e perturbadora.
As atuações são excepcionais, com destaque para a atriz que interpreta Elisa, Fernanda Marques. Sua atuação é visceral e autêntica, transmitindo uma gama de emoções que vão do medo à resistência. Os personagens secundários, embora muitos, são igualmente bem desenvolvidos, contribuindo para a profundidade da narrativa. Cada interação é carregada de tensão, refletindo a realidade cruel do ambiente retratado. Claro, a presença de Rejane Faria no elenco já diz muito sobre o poder de atuação e de entrega da obra.
Uma direção que compreende a necessidade do ator se expressar
A direção de André Ristum é meticulosa e sensível, evitando sensacionalismo e focando na humanidade dos personagens. A trilha sonora, com suas melodias sombrias e inquietantes, complementa perfeitamente o tom do filme, intensificando a sensação de tragédia iminente. A cinematografia, com suas sombras e contrastes, é um verdadeiro deleite visual, capturando a beleza trágica de cada cena. A escolha do uso do preto e branco como elemento, foi uma ideia muito importante para conferir profundidade as sensações.
O design de produção merece aplausos, recriando de forma autêntica o ambiente do hospital psiquiátrico. Os detalhes minuciosos ajudam a transportar o espectador para a época, tornando a experiência ainda mais imersiva. Os efeitos especiais, embora sutis, são eficazes em intensificar os momentos de horror e suspense.
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Um filme memorável e necessário
O que realmente ressoa em “Ninguém Sai Vivo Daqui” é a sua capacidade de provocar uma reflexão profunda sobre a história do Brasil e a condição humana. O filme não se limita a contar uma história; ele nos obriga a confrontar as atrocidades do passado e questionar como elas moldaram o presente. A mistura de realidade com um suspense sombrio cria uma obra intensa e comovente, que deixa uma marca duradoura no espectador.
No entanto, é importante mencionar que o filme pode ser perturbador para alguns, dada a natureza de seu conteúdo. As cenas de violência e sofrimento são retratadas de forma crua e realista, o que pode ser desconcertante. Essa abordagem, no entanto, é necessária para transmitir a gravidade dos eventos históricos que inspiraram a obra.
Vale a pena assistir no cinema? A resposta é sim, por favor!
“Ninguém Sai Vivo Daqui” é um filme poderoso e emocionalmente impactante, que merece ser visto e discutido. Ele não apenas nos lembra de um capítulo sombrio da história brasileira, mas também nos desafia a refletir sobre nossa própria humanidade e compaixão. É um testemunho do talento de André Ristum e de todos os envolvidos na produção, resultando em uma obra que é, ao mesmo tempo, dolorosa e essencial.
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