Confira nossa crítica de Noite Passada Em Soho, novo thriller psicológico dirigido e produzido por Edgar Wright, e que chega aos cinemas brasileiros em 18 de novembro.

O filme conta a história da jovem Eloise, vivida pela jovem atriz Thomasin McKenzie, que descobre ser capaz de voltar no tempo e acaba indo parar na Londres de 1960, porém ela se depara com as consequências, cada vez mais sombrias, dessa habilidade ao visitar uma antiga cantora, Sandie, vivida pela atriz Anya Taylor-Joy (vocês devem se lembrar dela em Gambito da Rainha) e que guarda um segredo profundo e cruel.

Noite Passada Em Soho
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Noite Passada Em Soho conta a história de Eloise, uma estudante de moda recém-chegada a Londres e que morava com a avó no interior. Ela é obcecada pelo passado e guarda um segredo, um dom psíquico muito intrigante – e ela acaba vivendo uma vida baseada na nostalgia do que ela imagina ter sido os anos 60, sonhando como seria viver naquele ambiente . O filme não aprofunda muito na relação da Ellie com sua mãe nem sua avó, e também não faz muita questão de falar muito sobre o passado dela. Isso incomoda um pouco, já que pouco se sabe sobre o tal dom que Ellie tem, de onde veio, desde quando ela tem, e se ela já teve problemas com isso.

Logo quando ela se muda para Londres ela vai para uma república, e onde conhece a colega de quarto Jocasta, uma garota cheia de auto estima mas que se revela uma péssima pessoa. Ela também conhece John (Michael Ajao) um jovem estudante de moda que logo demonstra interesse na menina tímida porém interessante e que terá um papel muito importante no desenrolar da trama, mas pra evitar spoiler não vou aprofundar. Porém chega um ponto que Eloise não suporta as constantes festas da turma e acaba preferindo alugar um quarto no topo de uma antiga casa antiga no bairro de soho, cuja proprietária é a Sra. Collins (Diana Rigg), uma idosa misteriosa, mas bem amigável. É ali, sentindo-se ainda insegura, mas esperançosa com sua nova vida, que Eloise mergulha em sonhos nos anos 1960, literalmente.

Mas será que são apenas sonhos? De certa forma Eloise parece entrar na pele de Sandie (Anya Taylor-Joy), uma moça bonita e elegante que almeja ser uma estrela dos anos 1960. Sandie é uma aspirante a cantora, dançarina, atriz, estrela – disposta a tudo para provar seu talento. Mas tudo começa a dar errado quando ela conhece um agenciador que promete levar ela para cantar nos melhores pubs.

É importante o espectador ter em mente que ele irá assistir um filme que se passa em duas épocas, com duas personagens que dividem a tela o tempo todo, então é importante não se confundir. Esse é um ponto do filme que talvez tenha sido desprezado pela direção, em alguns momentos tudo parece muito lento e bagunçado, mas no fim se revela uma estratégia para aumentar ainda mais a sensação de prisão que as personagens experimentam no filme.

Enfim, essa vivência diária de Eloise ao sonhar com Sandie a faz querer imitar a cantora, no estilo de se vestir, de se portar, e até mesmo fisicamente. Só que com o passar do tempo essa vivência começa a se tornar perturbadora. É nesse ponto do filme que as coisas começam a acontecer, as cenas de suspense e terror começam a ficar cada vez mais intensas. É interessante como o diretor soube conduzir o enredo para que fosse afunilando de tal forma que a sensação de claustrofobia acaba aparecendo.

O Filme tem uma fotografia muito linda, abusando das cores neon que são características de áreas boêmias. O bairro do Soho durante muito tempo foi uma zona boêmia em Londres, com bares, lojas e muitas outras coisas ligadas ao sexo. Durante a produção do filme, Edgar Wright revelou que teve a ideia original do filme há mais de uma década,  e que sabia que o cenário ideal para essa história seria o bairro de Soho.

O cinema explorou bastante isso, mas atualmente o bairro se tornou um lugar comum e já não é mais tão visto assim nas telas grandes. Entretanto a obra de Edgar Write tenta resgatar essa atmosfera e consegue. É interessante como ele faz a mescla da Londres de hoje em dia, com todos os aparatos tecnológicos e a Londres da década de 60, do glamour e do chique.

Ainda falando de fotografia o filme é impecável nas cenas dos sonhos da Ellie. Por vários momentos se confunde Ellie e Sandie e a direção de fotografia consegue demonstrar isso com cortes muito bem-feitos de transição entre uma atriz e a outra, majestoso e perfeito.

Falando de atrizes, a atuação é talvez o ponto máximo desse filme. Thomasin Mckenzie consegue entregar uma atuação muito competente e convence mesmo de que ela está passando por todos os transtornos. Mas é Anya Taylor Joy quem rouba a cena, e mostra toda sua versatilidade perante as câmeras.

Em resumo, Noite Passada em Soho agrada por trazer algo inusitado a tela, uma dinâmica diferente de outros filmes que falam de flashback, volta no tempo ou alucinações. Ele consegue mesclar todos esses universos em um filme bonito, intenso, que flerta com o terror, mas se mostra um trillher de suspense de tirar o folego. O final do filme é surpreendentemente bom, o diretor teve muito bom senso em entender os motivos que levaram Ellie e Sandie a gostarem tanto uma da outra.

Noite Passada Em Soho chega aos cinemas brasileiros em 18 de novembro. Consulte a programação dos cinemas da sua cidade.