Quando eu li que Ben Kingsley seria o protagonista de um filme sobre extraterrestre, fiquei pensativo em como seria essa experiência, ainda mais com um nome tão sugestivo, “Nosso Amigo Extraordinário”. A verdade é que extraordinário mesmo é esse filme, que trata de vários temas importantes através de uma história boba, simples, e nada cientifica.
Na trama, Milton Robinson (Kingsley) é um senhor rabugento que tem sua vida virada de cabeça para baixo quando um OVNI cai em seu quintal. Para auxiliar o simpático extraterrestre a voltar para casa, ele terá a ajuda de Sandy, interpretada por Harriet Sansom Harris (“Trama Fantasma”, “Licorice Pizza”), e Joyce, vivida por Jane Curtin (“Uma Família de Outro Mundo”, “Eu Te Amo, Cara”). O trio, no entanto, logo cria laços com o inesperado visitante.
Roteiro é extraordinário, assim como as atuações
Logo de cara conhecemos Milton, um senhor de idade que mora em uma cidadezinha, e que adora frequentar a prefeitura para tentar se fazer valer da sua voz para melhorar as condições para os munícipes. É lá também que conhecemos Sandy e Joyce, duas senhoras bem diferentes uma da outra, mas que farão total diferença na vida de Milton e seu novo amigo. O roteiro assinado por Gavin Steckler é muito simples, mas é profundo ao tratar de temas importantes para a terceira idade. Abandono parental, doenças da velhice, sexualidade, amizade, sonhos, tudo isso envolto em um pano de fundo sob a presença de um estranho Alien chamado Jules.
Jules aterrissa no quintal de Milton, e logo de cara, o senhor solitário e com problemas de memória, se compadece da situação do visitante e começa a ajudá-lo. Curiosamente, o ser cinza e que não fala, só come maçãs e bebe água. Ao longo do filme Sandy e Joyce descobrem o segredo de Milton e começam a ajudá-lo a tentar enviar Jules de volta pra casa. E é nesse meio tempo que o roteiro ambicioso de Steckler se revela.
A impressão mais profunda que tive do filme é que ele parece ser uma grande metáfora para a vida. Onde até mesmo a vida fora da terra querer dizer algo além disso. Milton está com esquizofrenia, e assim como Sandy, tem problemas em ver os filhos, que após se casarem, nunca mais procuraram seus pais. Joyce, apesar de ser a mais ativa do trio, tem somente a presença de seu gato no dia a dia. Essa é a realidade de muitos idosos, que se veem abandonados à própria sorte pela família. E é preciso vir um ser de fora da terra, para valorizar suas presenças, e ainda por cima mostrar que mesmo velhos, eles têm muito a contribuir.
Vale a pena assistir no cinema?
Gostei muito do fato do filme tratar o Jules como uma pessoa. Além disso, gostei mais ainda do filme focar muito pouco na busca dos militares por ele. Afinal, é um filme americano, eles não deixariam isso passar em branco, não é mesmo? Esse drama da perseguição é só um adereço, para que se justifique a presença do pequeno ser extraterreste. Mas o grande legado que ele deixa é a amizade improvável entre os três moradores mais atentos da cidadezinha.
Vale muito a pena assistir no cinema, é uma excelente oportunidade de vocês levarem seus pais, seus avôs para um passeio no shopping, assistir um filme e comer uma pipoca.
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