Nove e Meia Semanas de Amor é um filme de 1986, que será relançado nos cinemas brasileiros pela A2 Filmes. Sucesso nos anos 80, o longa traz um romance com jogo de sedução e erotismo entre uma mulher que trabalha em uma galeria de artes e um homem rico.

Baseado no livro “Nine and a Half Weeks: A Memoir of a Love Affair“, de Elizabeth McNeill (pseudônimo de Ingeborg Day), o longa foi bastante comentado nos anos 80. Assistindo à produção dá para entender o porquê foi um choque na época do lançamento original. O diretor Adrian Lyne foi ousado em apostar em um filme do gênero, que hoje é mais comum nas telas de cinema.

Enredo

A história gira em torno de Elizabeth (Kim Basinger), uma bela e sexy mulher que trabalha em uma galeria de arte e se envolve com John (Mickey Rourke). Eles acabam se envolvendo muito rápido e começam a praticar jogos sexuais cada vez mais intensos, que torna o relacionamento cada vez mais complicado e difícil de ser controlado.

Desde o início é possível perceber que o relacionamento dos dois não começa de uma forma saudável. John observa Elizabeth em uma feira ao ar livre e vê na mulher uma ‘presa’ perfeita. Ele vai se aproximando aos poucos e, como dito anteriormente, toda a interação acontece rapidamente. Como o nome do filme expõe, o romance de fato acontece em um curto período.

O roteiro tem algumas falhas, porque tem informações soltas que não são bem explicadas, como o motivo da separação de Elizabeth e o que ela sente quando vê a colega saindo com o ex-marido. Porém, ele sempre deixa claro que a protagonista se envolve emocionalmente muito mais rápido que o parceiro. Além disso, é interessante ver como constroem a relação deles. Enquanto Elizabeth desde o início solta informações sobre sua vida pessoal, principalmente nas cenas em que está nervosa, John acaba sendo mais fechado.

Durante todo o filme, o homem não dá abertura e tem ações possessivas e até mesmo abusivas. É exatamente na mudança de comportamento de ambos que podemos ver a virada de chave do filme. Quando Elizabeth percebe que não dá para sustentar um relacionamento apenas com o amor que sente por John, o fim já está decretado. Porém, é nesse mesmo instante que ele começa a se abrir e conta fatos sobre a vida pessoal, só que a decisão já está tomada.

Kim Basinger em 'Nove e Meia Semanas de Amor'
Foto: Divulgação

Um relacionamento conturbado

A relação dos protagonistas é de submissão. John é um homem que gosta de dar ordens, dominar ações e detesta rotina. Essa última característica ele deixa claro em um diálogo que tem com Elizabeth quando ela está vestida de homem. Em contrapartida, Elizabeth acabou de sair de um relacionamento e parece estar disposta a viver novas aventuras.

É possível perceber que o relacionamento deles é um jogo sexual, sempre com novidades e apostas. No final, quem acaba sendo prejudicada é a mente de Elizabeth. John tem uma boa lábia e, apesar da mulher ser decidida, ele sempre consegue o que quer dela. Claro que, uma hora, o ciclo iria acabar rompendo. Não era uma relação saudável, mesmo tendo amor.

Os atores conseguem fazer um bom trabalho em frente as câmeras. Enquanto Kim Basinger dá toda a emoção e vida a protagonista, Mickey Rouker traz uma versão fria e sem muita emoção de John. É possível ver a entrega de Basinger a personagem, ainda mais sabendo de todo o caos que foi a sua vida nos bastidores da filmagem. Ela vivenciou praticamente os mesmos medos e anseios de Elizabeth, porque o diretor queria que fosse o mais real possível.

A temática para a época e os dias atuais

Precisamos lembrar que o filme foi lançado originalmente na década de oitenta, quase 40 anos atrás. Muita coisa mudou no mundo cinematográfico desde então. O erotismo presente no filme pode ter sido um choque para o público na época, mas hoje temos filmes como ‘Cinquenta Tons de Cinza‘, que são mais explícitos e fizeram sucesso nos cinemas.

O longa pode ter sido um dos primeiros do gênero e, por isso, acabou se tornando um marco na hsitória do cinema. Inclusive, é interessante ver a ligação dele com os filmes mais recentes. Kim Basinger, a protagonista de ‘Nove e Meia Semanas de Amor‘, faz parte do elenco de ‘Cinquenta Tons Mais Escuros‘. Ela dá vida a Elena Lincoln, a mulher que tem um caso com Christian Grey e o introduz a uma vida sexual “alternativa”.

Além do gênero do longa, há outras questões podem ser vistas de maneira diferente atualmente. Alguns diálogos e cenas podem parecer machistas e abusivas nos dias atuais, mas para a época podem não ter sido considerados um absurdo. Como disse anteriormente, muita coisa mudou no mundo desde o lançamento original. As ações de John são questionáveis, mas temos que levar em consideração o contexto da época que foi filmado e perceber que a forma que ele age é importante para o desenvolvimento do filme (e da protagonista).

Filme 'Nove e Meia Semanas de Amor'
Foto: Divulgação

Vale a pena assistir ‘Nove e Meia Semanas de Amor’?

A verdade é que o filme retrata uma relação que ainda conseguimos ver existindo nos dias atuais. Dá para sentir as emoções da protagonista e é possível perceber qual é o momento exato em que a relação dos dois acaba sendo insustentável. Se você está buscando um filme com final feliz para o casal, talvez esse não seja uma opção. Porém, a mensagem que fica no final é interessante e faz sentido para o contexto da história.

O diretor usa do jogo de luz e sombras e muito close, focando bastante nos detalhes, nas cenas mais sensuais. Esse é um ponto positivo, que deixa o telespectador imerso no universo criado. Além disso, a trilha sonora encaixa perfeitamente com o que está sendo retratado na tela. Apesar de ter um ritmo um pouco lento e com quase duas horas de duração, a produção tem uma inquietude que faz com que o telespectador fique preso ao enredo e queira saber o que vai acontecer com o casal no final.

Por fim, Nove e Meia Semanas de Amor vai estar em cartaz novamente nos cinemas do Brasil a partir do dia 06 de junho. O motivo para a reexibição do clássico é a comemoração dos recém completos 70 anos de Kim Basinger e a semana do Dia dos Namorados.