“O Acidente” é uma produção brasileira, considerada um drama intimista, que aborda um acidente de trânsito entre uma motorista e uma ciclista, criando um laço inesperado entre as duas famílias envolvidas.

A direção do filme é de Bruno Carboni. Já o roteiro é de Carboni e Marcela Ilha Bordin. No elenco temos Carol Martins (Joana), Carina Sehn (Cecília), Luis Felipe Xavier (Maicon), Gabriela Greco (Elaine) e Marcello Crawshawn (Cléber).

A produção já participou de diversos festivais, recebendo o prêmio de melhor roteiro no 13º Festival de Cinema Internacional de Beijing (China). Além disso, o filme foi exibido no 51º Festival de Cinema de Gramado ganhado os prêmios de Melhor atriz (Carol Martins), melhor roteiro e melhor direção de arte (Richard Tavares).

A história de “O Acidente”

O Acidente
Joana (Carol Martins) Imagem: Divulgação

No filme, uma motorista apressada ultrapassa de forma ameaçadora a ciclista Joana. Ela acaba indo atrás do carro para tirar satisfações com a motorista. Como a motorista não abaixou o vidro do carro para conversar com Joana, ela acaba indo para a frente do carro e fica parada na frente dele até que a motorista fosse conversar com ela.

A motorista acaba acelerando para cima de Joana, que é atropelada e carregada no capô do carro por alguns metros para a frente. A jovem sai ilesa e decide esconder o ocorrido de sua parceira, Cecília, temendo que isso afete os planos do casal. Porém, um vídeo viral aparece online, obrigando-a a prestar queixa na polícia. Relutante, a dupla entra na vida de Elaine, a motorista, seu ex-marido Cléber e seu filho Maicon, um introvertido cineasta iniciante.

Uma reflexão sobre as consequências de resolver conflitos de forma impulsiva

O Acidente
Imagem: Divulgação

Antes de mais nada, a primeira coisa que pensei depois de assistir aos primeiros minutos do filme foi como essa menina foi burra, eu nunca teria a mesma reação que ela teve de ir atrás da pessoa para tirar satisfação. A atitude da protagonista causa desconforto, joga na cara do espectador o quão imprudentes podemos ser.

E ao avançarmos mais ainda no filme, percebemos que todos os problemas causados posteriormente são consequências dessa atitude impulsiva. Joana poderia simplesmente anotado a placa do carro, feito um boletim de ocorrência, ou simplesmente ter ido embora. Se tivesse pensado um pouco mais antes de agir, ela ainda teria sua vida normal, evitando assim todo o estresse e traumas gerados pelo acidente.

É fato que não temos como regular os impulsos dos outros, os problemas dos outros, e nesse sentido, o controle volta para nós mesmos. Quando retrucamos no mesmo nível que o outro trata a gente, estamos correndo riscos. No filme a motorista acelera para cima de Joana, mas poderia muito bem ser um caso em que a pessoa sai armada do carro, fazendo ameaças e até causar um homicídio.

Roteiro interessante com temáticas atuais e necessárias

O acidente
Cléber (Marcello Crawshawn) e Maicon (Luis Felipe Xavier). Crédito: Divulgação

Além da questão de agir pelo impulso, o filme aborda outros assuntos bem importantes e necessários.

O primeiro deles é a espetacularização de tudo. Hoje com os smartphones e as redes sociais, qualquer acontecimento pode ser filmado e divulgado com poucos cliques no celular. Quando o filho da motorista, ao invés de falar para ela parar o carro, ajudar a menina, ele simplesmente filma o acidente e posta na internet. A busca pelos “likes” é maior do que o sentimento de ajudar o próximo, o que mostra que cada vez mais as pessoas estão frias.

Outro assunto abordado é o relacionamento homo afetivo de Joana e Cecília. Ele é tratado sem estereótipos. São duas mulheres que se amam, que vivem juntas e ponto, assim como qualquer outro casal. Percebe-se um certo desconforto de uma das personagens no filme sobre esse relacionamento.

Além disso, temos a questão da preocupação e preconceito dos pais com o jeito “diferente” do filho, que acaba trazendo traumas para ele, considerando que os pais estão se divorciando, e um deles quer forçá-lo a estudar em um colégio militar.

Um filme diferente com ótima direção e atuações excelentes

O Acidente
Cecília (Carina Sehn) e Joana (Carol Martins). Imagem: Divulgação

“O Acidente” é um filme diferente, existe uma fórmula em sua direção que deu muito certo. O filme se constrói de forma a sentir algo contra determinados personagens, e depois ele vai nos aproximando a eles, mostrando seus pontos de vista. Desse modo, criamos empatia com os personagens, com a produção. Não existe um ponto de vista fixo na produção. No fim, acabamos entendendo todas as situações.

Situações estas que estão diretamente ligadas com o nosso dia a dia. Não existe um final feliz na vida real. Existem momentos bons e momentos ruins. Não existe um vilão, existem pontos de vistas que são explorados, explicados.

Em relação aos atores, todos eles entregaram ótimas atuações, mostrando todo um cuidado ao escolher o elenco. Destaque para Carol Martins que consegue trazer ao espectador um mix de sentimentos com sua personagem Joana. Ela conseguiu me trazer sentimentos de raiva, indignação, preocupação, dó, compaixão, fazendo com que em certos momentos, me identificasse com ela.

Vale a pena assistir “O Acidente”?

“O acidente” é certamente um filme que deve ser assistido nos cinemas e depois nos serviços de streaming. Ao abordar tantos assuntos importantes, ele é um retrato do dia a dia das pessoas. É um alerta do que nossas atitudes podem ocasionar. Se não pensar com a razão em momentos de estresse, uma única atitude poderá te prejudicar de forma irreversível.

“O Acidente” estreia nos cinemas brasileiros no dia 24 de agosto.

Veja o trailer do filme: