Chicó e João Grilo estão de volta em O Auto da Compadecida 2 e prometem arrancar risos e emocionar

Uma amizade é capaz de sobreviver a vida, a morte e os tropeços da vida? A fé move mesmo montanhas? Essas perguntas, podem ter respostas diferentes, dependendo do ponto de vista, em O Auto da Compadecida 2, somos levados de volta a Taperoá, retomando a história de dois velhos amigos, Chicó e João Grilo, que podem responder essas perguntas. Após 24 anos do lançamento de Auto da Compadecida em 2000, baseado na obra de Ariano Suassuna, recebemos um convite de rever uma das duplas mais queridas do cinema brasileiro. 

Com a direção de Guel Arraes, que esteve na primeira produção e Flávia Lacerda, também retomam do elenco original, Matheus Nachtergaele, Selton Mello e Virginia Cavendish. Entram no elenco, Taís Araujo, Humberto Martins, Fabiula Nascimento, Luis Miranda e Eduardo Sterblitch

Dessa vez, a trama retorna a Taperoá, 20 anos após os eventos do primeiro filme, se aprofundando na história de Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele). Chicó continua em Taperoá vendendo santinhos esculpidos em madeira e conta para todos a história de João Grilo, ou melhor, a Vida, Morte e Ressurreição de João Grilo. Por outro lado, João Grilo não foi mais visto pelo amigo, que deixa Chicó sem saber se está vivo ou morto. Então, João Grilo retorna a Taperoá e é recebido como celebridade local. Dessa forma, acaba disputado como principal cabo eleitoral pelos dois políticos mais poderosos da cidade. 

Entretanto, João vê a oportunidade de aplicar um gole, e ganhar uma grana em cima dos figurões e finalmente viver uma vida mansa. Mas, como nada é perfeito, as coisas não saem como planejada, e a celebridade local, acaba mais uma vez tendo um encontro com, o Diabo, Jesus e a Compadecida. 

Confira trailer:

Trailer “O Auto da Compadecida 2”

Produção saudosa, mas traz trama moderna 

Aguardado por muitos, até mesmo antes da notícia de uma continuidade, O Auto da Compadecida, tem um peso devido seus personagens cativantes, nisso, a produção se mantém, João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) ganharam o coração do público no filme de 2000. E como alguém que assistiu ao filme na adolescência e guarda boas memórias dos personagens, afirmo, que conseguiram manter a química dos atores e o carisma da dupla.

Outro ponto positivo foi como transitam entre as informações do passado e a atualidade, mantendo a dinâmica da dupla. Que agora tem que lidar com figurões, mas dessa vez trazendo aspectos atuais, como as eleições, como plano de fundo. Isso ao que nos leva aos novos personagens, como o Arlindo (Eduardo Sterblitch) que possui a única rádio local. Lá onde faz as propagandas, produz e protagoniza rádio novela, e quer muito mais. Assim como, Coronel Ernani (Humberto Martins) um personagem que remete aos donos de terra que também tem certa influência no cangaço, e deseja correr a eleição. 

Humberto Martins como Coronel Ernani em "O Auto da Compadecida"
Reprodução/ Divulgação

Atuações engraças e teatrais

Além da dupla, também surgem personagens que rendem bons risos, como Clarabela (Fabiula Nascimento), filha de Coronel Ernani. E Antônio do Amor (Luis Miranda), um trambiqueiro que João conheceu em seus tempos na capital. Enquanto Clarabela, oferece momentos românticos e cômicos com Chicó. Já Antonio ajuda, os amigos em um dos planos de João Grilo, que acaba por levá-lo aos braços de Nossa Senhora, mais uma vez.

Dessa vez, diferente do filme original, podemos notar um maior uso de locação interna, sem muito espaços naturais que mostravam a belezas do nordeste brasileiro. O que, apesar de fazer falta, não impende de apreciar a beleza da produção atual. Algo que está muito presente também nos cenários, mas no figurino dos personagens, sem falar da maquiagem, que deixou Humberto Martins irreconhecível. 

Falando no galã das telenovelas, Coronel Ernani consegue tirar, o ator da zona de conforto, a além de caracterização. A atuação de Martins é impecável, assim como a linguagem corporal, ele vestiu a camisa do personagem por completo. Não posso deixar de falar, da Fabiula Nascimento, assim que entra em cena ilumina e traz uma ótima dinâmica com Selton Mello e Eduardo Sterblitch. Além da ótima direção de Arraes, os atores embarcaram na teatralidade inspirada na obra de Ariano Suassuna, deixando o telespectador grudado na tela e arrancando risos, e também lágrimas. 

/

O julgamento final, mais uma vez 

Apesar das novidades da trama, a produção retoma o ato final, de O Auto da Compadecida, o julgamento, de João Grilo, mais uma vez. Já começamos o filme, aguardando pelo momento em que vamos ver Tais Araujo caracterizada como Compadecida. Isso, principalmente, por ser a primeira vez que Nossa Senhora negra aparecerá em O Auto da Compadecida. 

Primeiramente, gostaria de falar da caracterização, majestosa, assim como a Compadecida, em seu manto azul, e os longos fios negros e volumosos. Sob uma iluminação, ela surge, para ajuda João de seu destino cruel, em ser levado pelo Diabo, sem direito a uma defesa. Não vou aqui fazer comparações entre atuações do filme original e a continuação. 

Taís entregou a teatralidade da personagem, com suas palavras, gestos e emoções trazendo um quentinho no coração de quem torce pela absolvição de João Grilo, mais uma vez. Ouso dizer, que é uma dos personagens mais marcantes da carreia da atriz. Assim, também saindo de sua zona de conforto, mas sem ousar. Porém, além dos personagens centrais, o julgamento não tem semelhança com o primeiro. E ainda, traz uma dinâmica interessante, sendo uma surpresa, pois nada sobre ele foi divulgado. Então, aqui recito, nosso querido Chicó. “Não sei, Só Sei que foi assim”. 

Tais Araújo com Compadecida em "O Auto da Compadecida 2"
Reprodução/ Divulgação

Vale a Pena, assistir “O Auto da Compadecida 2”

Valha-me Nossa Senhora, é claro que sim! O Auto da Compadecida é o filme ideia para ver com a família, para quem já conhece a história, e para quem não conhece também, já que o filme é autoexplicativo. Além de fazer você rir do começo ao fim. Em seus diálogos, e cenas além da vida do sertanejo podemos reconhecer muito da cultura do Brasil. De forma cômica, podemos ver a política, religião e o mercado se envolvendo. Mas, não se preocupe, o filme não vai fazer nenhum palanque ou serve como crítica, mas assim como muito a política está intrínseca a rotina do povo brasileiro. Ainda vamos ter muita declaração de amor ao nordeste, tanto amado, por Ariano Suassuna, que conquistou o Brasil e ter participação de Virígina Cavendish e Enrique Diaz.

Por fim, “O Auto da Compadecida 2″ chega aos cinemas em 25 de Dezembro.