Mais uma vez me rendi a assistir ao filme, desta vez “O Colibri”, sem procurar nada sobre ele antes. Já neste, nem mesmo o título conseguiu dizer nem de longe do que se tratava. Assistindo assim, sem criar nenhuma expectativa, posso dizer com segurança: que surpresa eu tive, meus amigos!
Bom, se você está lendo isso, provavelmente já assistiu ao filme, ou, diferente de mim, está procurando mais informações para saber se vale a pena. Então vamos ao que interessa.
O Colibri é um longa italiano e conta a história de Marco Carrera (Pierfrancesco Favino), um oftalmologista que tem uma vida aparentemente organizada e com tudo no lugar. Até que um dia, em seu consultório, recebe a inesperada visita do psicanalista de sua esposa, que estranhamente sabe tudo de sua vida, e informa que ele está correndo risco.
Bom, pra ser sincera, eu não sei por onde começar. “O Colibri” é um filme com muitos personagens e uma narrativa nada tradicional, pois a linha do tempo é bastante bagunçada e conveniente para a narração da história. No momento certo, ela te dará as respostas que você precisa. Confesso que levei um tempo para me adaptar pois o roteiro envolve tantos personagens que demorei para me sentia familiarizada com algum.
Uma das coisa que mais me chamaram a atenção nessa mudança de tempo, foi a elegância de como manteram as características dos personagens e percebe-se que o elenco foi escolhido à dedo! E que elenco!
PERSONAGENS
Ao apresentar os mesmos personagens e diferentes épocas de suas vidas, sejam crianças, jovens, adultos e até mais velhos, nem sempre contavam com os mesmos atores. A produção desse longa conseguiu ir além, selecionando pessoas extremamente parecidas, o que dá a forte sensação que esse filme foi gravado com os mesmos há muitos anos.
Na trama, questões familiares são bastante abordadas. Outros tipos de amores como amizades e romance também é cuidadosamente incluída no contexto.
QUESTÕES TÉCNICAS
Ambientar o espectador ao contexto narrativo é importante, e para isso, a caracterização dos personagens teve um trabalho extremamente sofisticado e impecável. Desde figurinos e maquiagens como efeitos de envelhecimento, por exemplo.
Por outro lado, a fotografia colaborou bastante para influenciar nossas emoções. Logo no início, na primeira perda de um ente querido do personagem principal, a iluminação azulada e fria enfatiza o primeiro contato do personagem com a morte. Logo depois, essa técnica já não é tão comum, pois percebe-se que o mesmo pode ter criado uma certa resistência em relação a isso.
O ambiente doméstico e seus conflitos se assemelham à realidade de qualquer família. Um primeiro amor que não vingou, ainda é algo sem um ponto final. A experiência que o longa narra é de uma história com muitas amarras e camadas. Mas definitivamente, não dá ponto sem nó. Algo que pode parecer bobo, em algum momento fará sentido. A trilha sonora e a ausência dela em alguns momentos, também foi algo bastante certeiro.
O QUE ACHEI DO FILME
No geral, “O Colibri” não foi de forma alguma um filme que me deixou no tédio ou que me desprendeu a atenção. Francesca Archibugi, diretora do drama, conseguiu fazer tudo muito amarradinho, trazendo elementos surpresas e atiçando nossa curiosidade para fatos incomuns ou talvez sobrenaturais que costuram a história que tem toda essa mística por si só, por se tratar de assuntos como a vida e a morte.
Agora se me permitem, vou tornar esse texto um pouco mais pessoal: talvez, algo que tenha me levado a sentir grandes emoções foi o fato de me identificar com aquele meio familiar. Marco me lembra muito meu pai e a nossa relação que é de muita parceria, amizade e principalmente muito amor. Acredito que, se o espectador já tiver vivido algo parecido, a chance de terminar “O Colibri” com muitas lágrimas é grande, como foi comigo.