O Desafio de Marguerite é um drama francês que acompanha uma talentosa matemática em uma jornada em busca de autoconhecimento e de resolução de métodos matemáticos. Dirigido por Anna Novion, o longa foi apresentado na Sessão Especial do Festival de Cannes deste ano e promete se tornar um clássico identificável pelos jovens estudiosos.
A trama acompanha Marguerite Hoffmann (Ella Rumpf), uma introvertida jovem de 25 anos que faz doutorado em matemática na École Normale Supérieure (ENS). Enquanto ela pesquisa e estuda métodos para resolver a Conjectura de Goldbach, um problema matemático, ela enfrenta o desafio de se entender no mundo longe da Academia.
A direção de Novion possibilita que nós, espectadores, possamos perceber todas as (ou a maioria das) nuanes de estado de espírito de Marguerite. E a atuação de Rumpft também ajudou muito nessa! Nesse sentido, é super possível se identificar com a jovem que precisa se reinventar. Na trama, ela tem como tudo na vida uma pesquisa e, de repente, vê seu mundo de ponta-cabeça quando um outro pesquisador do assunto aponta um erro em seu raciocínio. Nesse momento, ela perde tudo o que havia feito em três anos de doutorado e decide desistir.
“Matemáticos não devem ter sentimentos”
Essa foi uma frase dita pelo orientador da matémática, Werner (Jean-Pierre Darrousein), e que teve que ser combatida pela jovem que precisava se entender como A Marguerite. Nesse sentido, a trama apresenta bem essa construção e evolução de personagem de Rumpf, que teve um desenvolvimento maravilhoso na história. Isso tudo com direito a festas, encontros e o jogo chinês Mahjong.
Nesse sentido, o ponto chave da trama é a percepção de Marguerite de que ela precisa se encontrar fora da skin de “matemática de chinelos”. E, a partir desse encontro, ela tem a possibilidade de encontrar alguma resposta nos estudos de Goldbach. Felizmente, o longa consegue apresentar bem o desenvolvimento de Marguerite, mostrando que sua genialidade não a impede de ser uma matemática com sentimentos.
Equilíbrio entre introspecção e extrospecção de Marguerite
O roteiro de Alexia Chassot e Anna Novion também acertou muito, equilibrando bem entre os momentos de introspecção de Marguerite, com os cálculos e a percepção de mundo, com os momentos de trocas e aprendizado com os outros personagens. Aqui, vale exaltar a atuação de Julien Frison como Lucas, que foi essencial para o desenvolvimento do drama. Ademais, a animação do longa também permitiu uma imersão sensacional na psiqué da jovem matemática. Assim, ela inseria os cálculos matemáticos na frente de Marguerite e nos dava a ideia do quê ela estava pensando. Mesmo que não entendêssemos cálculo algum!
No entanto, Chassot falhou em deixar algumas pontas soltas ou sem explicação — que, mesmo que não façam tanta diferença na conclusão da história, me deixou, como expectadora, agoniada. É o caso da história paralela de Noa (Sonia Bonny). A personagem chegou “chegando”, colocando altas expectativas sobre seu peso na história, uma vez que ela era dançarina e extrovertida – o completo oposto da protagonista. Infelizmente, a artista não foi explorada da melhor maneira e, o que foi explorado, deixou a desejar. Entretanto, partindo do princípio de que a trajetória de Noa não era algo que importasse para a protagonista, espera-se que o espectador não se importe também.
Um outro ponto alto da produção foi construção de características marcantes para os personagens baseadas em cores, o que deixa claras as suas personalidades. Nesse sentido, a Marguerite é uma personagem retratada pelo verde, a Noa, pelo laranja, o Lucas, pelo azul, e o Professor Werner, pelo cinza.
Vale a pena assistir O Desafio de Marguerite?
O Desafio de Marguerite é um belo retrato de uma jovem gênia que enfrenta desafios na academia e precisa se encontrar. Com ritmo cativante, vale muito a pena assistir ao longa nos cinemas e se deixar envolver com a genial matemática e jogadora de Mahjong Marguerite.
Por fim, O Desafio de Marguerite estreia nos cinemas brasileiros no dia 7 de dezembro. Para dar uma espiadinha, assista ao trailer: