2023 está sendo um ano bem atípico para as produções de terror. Tivemos muito material produzido, alguns ótimos, outros bem fracos. Podemos dizer que esse foi o ano das franquias. Tivemos a Freira II, Jogos Mortais X, Sobrenatural: A Porta Vermelha, A Morte do Demônio: A Ascensão, e agora “O Exorcista – O Devoto”. Mas, nem sempre um filme novo dentro de uma franquia já consolidada significa sucesso de fato.
Infelizmente muitos filmes acabam prometendo muito na divulgação e entregando uma experiência mais leve do que o prometido, que é o caso do filme “O Exorcista – O Devoto”.
A produção possui avaliação baixíssima da crítica especializada atingindo 23% até o momento no Rotten Tomatoes. Surpreendentemente a pontuação do público é maior, sendo de 58%.
A direção de “O Exorcista: O Devoto” é de David Gordon Green. A produção do filme é de Jason Blum para a Blumhouse e por David Robinson (“All Eyez on Me”, série de 2016 “The Exorcist”) e James G. Robinson (“All Eyez on Me”, série de 2016 “The Exorcist”) para a Morgan Creek Entertainment.
No elenco temos Leslie Odom, Jr.(“Uma Noite em Miami”, “Hamilton”), Ann Dowd (“The Handmaid’s Tale”, “Hereditário”), Jennifer Nettles (“Harriet”, “The Righteous Gemstones”). Também fazem parte Norbert Leo Butz(“Fosse/Verdon”, “Bloodline”), Lidya Jewett (“Good Girls”), Olivia Marcum, Ellen Burstyn (O Exorcista).
A história de “O Exorcista – O Devoto”
O filme começa com um prólogo bem interessante, mostrando uma viagem de um casal no Haiti. Enquanto Victor (Leslie Odom Jr.) está tirando fotografias, sua esposa está em um hotel descansando. De repente acontece um terremoto e ela está entre as vítimas. Os médicos falam com Victor que ele deverá escolher entre a vida de sua esposa ou a de sua filha.
Depois disso, pulamos em 12 anos, onde a filha de Victor, Angela (Lidya Jewett) que perdeu a mãe no início do filme, foi escondida para a floresta com Katherine (Olivia O’Neill), que é filha de cristãos devotos. Elas vão para a floresta com o objetivo de realizar uma sessão espírita na qual Ângela espera se comunicar com sua mãe e desaparecem. Após longas buscas, elas aparecem três dias depois em um celeiro sem nenhuma lembrança de onde estiveram. Isso acaba desencadeando uma série de eventos que forçarão Victor a enfrentar o mal. Nesse ínterim, repleto de terror e desespero, ele procura a única pessoa viva que já testemunhou algo parecido antes: Chris MacNeil (Ellen Burstyn).
História mais focada nas relações entre os envolvidos e a fé
Os trailers divulgados prometeram muitas cenas blasfemas e medonhas. Entretanto, o filme ficou praticamente com o que foi apresentado nos vídeos de divulgação. Não tiveram tantas cenas significativas acrescentadas no desenrolar do filme, e o pior… uma das cenas mais controversas que estava em um dos trailers foi removida da versão final do filme.
Diante disso, temos um filme mais voltado para as relações e crenças dos personagens envolvidos. Entre eles temos um padre católico, uma oncologista praticante de vodu, um ministro evangélico, uma enfermeira que quase se tornou freira e, brevemente, a mãe da menina possuída Regan do primeiro filme, Chris MacNeil. Além disso, temos os pais de Katherine que são evangélicos e o pai de Ângela que não tem mais fé, depois de ter perdido sua esposa. Olhando essa composição, temos praticamente um “Os Vingadores” só que lutando com possessões demoníacas.
Percebe-se uma tentativa de aprofundar mais a história e trazer um pouco da fórmula do clássico “O Exorcista” (1973), com cenas nojentas, gosmas pretas saindo da boca das possuídas, unhas arrancadas, mas não sai muito disso.
Temos sim duas cenas mais pesadas, sendo uma desnecessária, considerando a importância da personagem. De toda forma, o filme não traz muitas novidades perto de outras produções. É fato que o diretor quis trazer um filme que agradasse os fãs da franquia e tentou ao mesmo tempo criar um início para sua trilogia pretendida. Provavelmente o filme fará sucesso, mas é apenas mais do mesmo. Cabe ressaltar que o diretor David Gordon Green é o responsável por trazer de volta uma outra franquia que não agradou muito o público, “Halloween”.
Um filme de terror sem sustos, mas com ótima atuação
Quando pensamos em “O Exorcista”, esperamos um pouco de susto ao menos. Afinal de contas, é um dos filmes mais assustadores e que conquistou dez indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e direção. Sendo que venceu duas estatuetas, de roteiro adaptado e som. Isso é raro para os filmes de terror.
Infelizmente, “O Exorcista – O Devoto” não consegue trazer o mesmo clima de terror e de medo que o primeiro filme conseguiu fazer com tanto sucesso. O filme entrega bons momentos, mas nada que seja tão diferente de outros filmes do mesmo nicho.
Destaque para a atuação de Leslie Odom, Jr, Lidya Jewett e Olivia O’Neill. Tanto o pai de Ângela, quanto as duas meninas possuídas entregaram ótimas cenas. No geral, todos os atores entregaram boas atuações. Menção honrosa para Ellen Burstyn que embora não apareça tanto quanto o esperado, traz aquele gostinho do primeiro filme. Falando em participações, temos outra participação especial no final do filme, então fiquem atentos.
Em relação à fotografia, percebe-se um cuidado na ambientação, na disposição das cenas, trazendo um clima de filme de terror, com a expectativa de que irá acontecer algo assustador, mesmo não acontecendo tais cenas. Em relação à trilha sonora, ela praticamente passa despercebida, não contribuindo em muito para a experiência da produção.
Vale a pena assistir “O Exorcista – O Devoto”?
“O Exorcista – O Devoto” quer agradar os fãs mais antigos ao mesmo tempo que tenta criar sua própria história. Com um foco maior nas relações entre as pessoas envolvidas e os rituais de exorcismo, o filme falha em trazer cenas assustadoras ou nojentas como no primeiro filme de 1973.
Em resumo, é um filme bom. Ele está longe de ser um dos melhores filmes do ano de 2023, mas consegue entregar uma experiência mediana. Para os fãs mais fervorosos da franquia, acredito que ficarão satisfeitos. Entretanto é um filme que não traz aquele gostinho de ver novamente.
“O Exorcista: O Devoto” estreia nos cinemas no dia 12 de outubro de 2023. A produção ainda terá mais dois filmes, sendo “The Exorcist: Deceiver” em 2025 e um terceiro ainda sem previsão.
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