Fomos convidados a assistir O Mestre da Fumaça, um filme brasileiro independente do gênero comédia e luta, o qual conta com a dupla estreante André Sigwalt e Augusto Soares na direção, e estrelado por Daniel Rocha.
Vencedor do 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, o longa se destaca ao fazer história: com 104min, ele se destaca por se tornar a primeira comédia stoner brasileira. Ainda, esta é a primeira produção no mundo a misturar elementos do gênero do kung fu ao subgênero stoner. Confira a sinopse do longa que promete tanto:
Treinados pelo Mestre Abel na arte do kung fu, os irmãos Gabriel e Daniel se veem amaldiçoados pela máfia chinesa com a temida Vingança das 3 Gerações, que já ceifou a vida do avô e do pai de ambos.
Depois que Daniel é hospitalizado após ser atacado por Caine, o líder invicto da Tríade, só há uma forma de sobreviver: Gabriel precisa aprender os segredos do Estilo da Fumaça, uma arte marcial cannábica ancestral, pouco conhecida e controversa, ensinada por somente um mestre no mundo.
No entanto, com uma proposta tão singular, resta a pergunta: será que O Mestre da Fumaça dominou a técnica do sucesso?
Ousado, criativo e com estilo
Sem perder tempo, O Mestre da Fumaça vai direto ao ponto: uma trama divertida e ousada, a qual é banhada num mar de criatividade, que faz o longa se tornar em um grande entretenimento, até mesmo em seus momentos de clichê. Ou melhor dizendo, sua proposta vai além do próprio clichê esperado, reinventando os mesmos, transformando elementos já comuns de um filme de ação e de comédia em algo inusitado.
Sua execução fiel a sua proposta, faz a história seguir de forma linear e buscando a simplicidade. Porém, simplicidade não é sinônimo de ruim. Pelo contrário: é o meio perfeito para que o longa não se perca em sua própria história, nem confunda erroneamente seu o público. Além disso, o longa consegue aproveitar seu próprio tempo útil. Portanto, é uma história simples, linear, mas inovadora e dinâmica.
Aliás, há sim equívocos em seu roteiro: falta de exploração quanto ao antagonista (o que o torna raso), ou então pontas soltas esquecidas pelos cantos, e até mesmo eventos muito convenientes para a resolução de seus problemas. Entretanto, esses elementos não afetam o aproveitamento da trama como um todo. São deslizes facilmente esquecíveis e que não atrapalham o desenrolar do longa em si.
Bem natural
Contudo, é nítido como o filme avança com naturalidade, desenvolvendo-se em diferentes camadas, mas sempre respeitando seu próprio ritmo. Assim, evita complexidades desnecessárias ou confusões sem sentidos, correndo assim contra a tédio.
Um outro motivo do longa se desenvolver tão bem está nos diálogos e atuações. Ou melhor, no carisma tão bem trabalhado em suas raízes pelo roteiro e pelo elenco, os quais movem a história, novamente, de forma natural.
Um bom exemplo está no próprio protagonista de Daniel Rocha, o qual consegue apresentar diferentes etapas de seu personagem (Gabriel) ao longo de sua transformação. Isso é, o Gabriel do começo não é o mesmo do final, uma vez que este amadurece e cresce ao longo do filme, respeitando seu ritmo.
Ousadia nas técnicas
Outro ponto que se destaca é a própria ousadia da direção. Além da temática bem inovadora, a ousadia também se apresenta nas tão esperadas cenas de ação e luta. Afinal, além de comédia, esse filme também é representa muito do estilo kung fu.
As lutas são bem coreografadas, acompanhadas por efeitos especiais sutis, porém, que enaltecem as emoções em cada cena. O público consegue sentir a adrenalina ao longo dos movimentos e durante o impacto de cada golpe. Sem dúvidas, esses momentos são pura euforia aos amantes de filmes de gênero.
Mas além da coreografia, um outro elemento enaltece ainda mais essas cenas: a fotografia e a própria filmagem. Esse acerto se dá pela audácia da direção, que vai além do convencional e coloca o seu telespectador na cena, ao apresentar uma perspectiva em POV (em primeira pessoa) durante algumas momentos do combate.
Se até então o telespectador não havia sentido a adrenalina durante as lutas, são então nestas cenas POV que o público sente a emoção e o temor pelos heróis, graças a uma fotografia dinâmica.
Por fim, além da fotografia, as cenas também ganham força pela sua trilha sonora impactante e atenuante. Essa ambivalência se mostra concisa, uma vez que consegue se harmonizar com a história. Em outras palavras, a trilha sonora entra e enaltece o clima da cena de forma favorável, alimentando as diversas emoções do longa.
Afinal, O Mestre da Fumaça é bom?
Se fosse para resumir o filme em uma palavra, de certo que poderíamos usar criativo ou ousado como adjetivo. O Mestre da Fumaça é um filme “fora da caixinha“, apresentando algumas temáticas sutis (e outras nem tanto), ao mesmo tempo em que consegue transformar clichês em algo novo e inusitado.
A dupla André Sigwalt e Augusto Soares apresenta uma visão muito além do esperado para quem está estreando na direção. São ideias novas e bem formuladas, que se encaixam a proposta da trama. De fato, elementos criativos se constroem de modo tão natural quanto o desenvolvimento da história em si, o qual avança rumo a um clímax empolgante. E, além disso: é com essa mesma criatividade que a dupla consegue colocar o público nas cenas para então sentir cada um dos momentos de tensão.
Não podemos negar que há pontas soltas e o roteiro força sim algumas situações para uma conclusão favorável. No entanto esses fatores pequenos diante do filme como um todo, e assim não atrapalham o resultado final. Isso é, o longa possui um desenvolvimento progressivo natural, agradável e estimulante.
Portanto, sem dúvida alguma que O Mestre da Fumaça consegue ser um excelente entretenimento, um filme muito empolgante ao mesmo tempo em que oferece muito humor.
Enfim, O Mestre da Fumaça estreia dia 18 de maio nos cinemas! Corra e confira o trailer abaixo:
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