O Mundo Depois de Nós é um filme que deixa o espectador vidrado do primeiro ao último minuto. Com jogos de câmera contínuos e equilíbrio de roteiro entre os personagens principais, a produção não é “só mais um” filme apocalíptico. Vem ver o que achamos sobre!
Nesta semana, estreou na Netflix o thriller psicológico O Mundo Depois de Nós, uma adaptação do romance homônimo de Rumaan Alam. O elenco conta com Julia Roberts (Comer, Rezar e Amar), Mahershala Ali (A Esperança: Parte 1), Ethan Hawke (A Sociedade dos Poetas Mortos), Myha’la Herrold (Morte Morte Morte) e Kevin Bacon (Sexta-Feira 13).
Além disso, o roteiro e direção são de Sam Esmail (Mr. Robot), nas produtoras Esmall Corp, Red Om Films e Higher Ground. Ainda, a direção da produção contou com parceria com Michelle e Barack Obama. De acordo com fala do diretor ao USA Today, o ex-presidente e a ex-primeira dama dos Estados Unidos foram consultados inúmeras vezes para que a adaptação cinematográfica de desse da forma mais real possível.
História de O Mundo Depois de Nós
A trama acompanha a família Sandford, que decide passar um período no litoral do estado de Nova York, fugindo do caos da cidade grande. No entanto, o núcleo familiar formado por mãe, pai, filho adolescente e filha pré-adolescente não consegue ter as esperadas e tranquilas férias.
Isso porque, no meio da noite, duas pessoas batem na porta da residência afirmando que são as proprietárias do local. De acordo com elas, elas precisam se abrigar no local para fugir do “blecaute”. Nesse sentido, esse grupo precisa lidar com um apagão que tomou conta da Costa Leste, com impossibilidade de comunicação e de locomoção, além de um mundo de desconfiança.
Apocalipse informacional
O Mundo Depois de Nós explora um cenário apocalíptico com a mais real maneira que poderia acontecer nos dias de hoje: com um apocalipse informacional. Ou desinformacional. Dessa forma, a tensão do filme se dá baseada na falta de informações que os personagens têm sobre o que de fato está acontecendo. Isso porque eles não têm acesso às notícias pela falta de sinal de satélite. Então, o filme é dividido em cinco partes: A Casa, A Curva, O Ruído, O Dilúvio e O Último, que mantêm um ritmo similar na sequência de eventos.
Nele, Julia Roberts entrega muito no seu papel, como uma mãe preocupada e desconfiada, que se faz central na trama desesperadora. A atriz permitiu com que sua personagem se materializasse nas telas de maneira extremamente identificável, com a qual o espectador centre suas atenções. Além disso, o papel de Mahershala Ali se deu como mediador de temperatura emocional, com a firmeza característica da maioria de seus personagens. Enquanto isso, o de Ethan Hawke se mostrou como secundário durante parte do longa e essencial no último ato.
Aqui, vale um destaque para a atuação de Myha’la Herrold como Ruth. A atriz, que já havia atuado em Morte Morte Morte (2022), sabe bem como personificar o pânico sem histeria. Além disso, Farrah Mackensie, como Rose, teve um papel primordial para a personificação de desejos e entendimento sobre o que importa, afinal.
“Se o mundo desmoronar, a confiança não deve ser distribuída facilmente a ninguém”.
Ruth (Myha’la Herrold)
No conjunto de fatores, o ar de tensão se deu a todo momento, de maneira que, ao mesmo tempo em que o espectador sabe de tudo o que acontece, por estar testemunhando as cenas, ele não sabe de nada. Nesse sentido, o desconhecimento da família sobre os proprietários da casa (e vice-versa) provocam um ar de desconfiança entre todos, em que não se sabe se podem confiar para sobreviver ao apocalipse ou não. Dessa maneira, é muito interessante a maneira com que o roteiro e direção de Sam Esmail guiam a história, de modo que quase não há cenas em que dá pra ficar na baixa expectativa.
Tensão até o último minuto
Nesse sentido, o thriller psicológico é marcado por uma trilha sonora envolvente, que conta com Backstreet Boys e Joey Bada$$. Mesmo com duração 2 horas e 20 minutos, o filme termina em um piscar de olhos, ao mesmo tempo que, pela tensão, não acaba nunca. Assim, não dá pra tirar o olho da tela, já que nenhum movimento é supérfluo e todas as ações de personagens levam a algum lugar.
Além disso, O Mundo Depois de Nós conta com um jogo de câmeras sensacional que, em conjunto com trilha sonora constante em muitas cenas, luzes e sombras, ajuda a manter uma hipnose misteriosa. Nesse sentido, a filmagem adotou ângulos e orientações inusitadas, como ângulos de 90° no topo e imagens rodando. Felizmente, isso permite com que o espectador se veja se movimentando entre as cenas, além de visualizar como se dão as locomoções dos personagens para além de um plano simples.
No entanto, apesar de promissores, os efeitos especiais não foram tão bons. Infelizmente, a falta de qualidade desses efeitos em cenas específicas (como a dos dentes) provocou um distanciamento da tensão do filme – e, com isso, uma perda da imersão. Entretanto, apesar disso, o filme continua prendendo bem a atenção – e mantendo corações acelerados.
Vale a pena assistir O Mundo Depois de Nós?
Se você gosta de um bom thriller psicológico, com muita tensão e dentes rangendo, O Mundo Depois de Nós é o filme para você. Nesse fim de semana, pegue sua pipoca e se afunde no sofá para viver essa imersão apocalíptica que promete ser um dos mais falados do streaming dos próximos tempos.
Assista ao trailer: