“O Nômade” é um thriller psicológico escrito, dirigido e produzido por Daniel Diosdado pela A2 Films. Sua sinopse leva ao dilema moral e ético religioso de Leah Thompson (Lauren Biazzo) em entregar o assassino dos padres de Nova York ou utilizar seus serviços para vingar-se de seu pai abusivo.

Em uma, nada tradicional investigação “jornalística”, Leah encontra com o serial killer e presencia um de seus crimes. Logo depois, ao supostamente entender as motivações de Aaron em matar os homens de fé, a jornalista enfim decide fazer-lhe uma proposta pessoal – matar o seu pai, pastor, que abusou dela enquanto criança.

  • O Nômade (The Nomad)
  • O Nômade (The Nomad)

Ciência x Fé

O filme sugere os conflitos de Leah como narrativa principal, os dilemas morais e éticos da protagonista acerca da fé enquanto tenta encontrar um propósito de vida além de seus traumas. No entanto a narrativa condutora do filme é o clássico dualismo entre fé e ciência que se apresentam em questionamentos filosóficos: “Quem sou eu?; Por que estou aqui?; Para onde vou?” associado ao nome “O Nômade”. Gerando assim uma conexão entre os principais personagens da trama.

Esse conflito é apresentado primeiramente no contexto do assassino Aaron (Dietrich Teschner) que é um padre participando de uma pesquisa cientifica com a antagonista Dr. Daneen Bellman (Vanessa Calderon) buscando provar a inutilidade da fé e a inexistência de uma supervisão divina. Após a doutora conseguir seu objetivo, Aaron tem uma catarse com suas crenças e inicia uma série de assassinatos aos seus professores da fé. Durante o desenvolvimento da história o roteiro nos apresenta as três perspectivas relacionadas a essa dicotomia filosófica todas com profundidades diferentes.

  • O Nômade (The Nomad)
  • O Nômade (The Nomad)

Desenvolvimento prejudicado

Daniel Diosdado levanta fortes argumentações para cada personagem, porém, não desenvolve nenhuma delas. Resume todo conflito, com inúmeros assassinatos e uma descoberta científica que mudaria o mundo, em uma crise de identidade da personagem (nem tão principal) Leah. O auge é quando, sem motivo algum, Leah desenvolve uma obsessão por Aaron e passa a segui-lo e descobre ser o assassino. Além do mais, o roteiro ainda tenta desenvolver um relacionamento proibido entre os personagens sugerindo um “propósito redentor” para os dois.

Como também, os diálogos são vazios e sem contexto. Diosdado deixa furos estratosféricos no roteiro dificultando a compreensão e é necessário muito esforço para passar dos 20 minutos iniciais do filme. As cenas de continuação são tão mal elaboradas que você precisa decidir relevar o desconforto para entender a história. Com o mesmo problema, os personagens não são bem construídos, e nem desenvolvidos. As atuações amadoras e inexpressíveis não geram nenhuma conexão com o público ou a história, e o climax do filme se perde no meio de tantos furos.

Definitivamente por ser o roteirista, diretor e produtor do filme percebe-se uma visão muito pessoal do autor sobre o tema em pretexto. Ao fim do filme, é possível notar um certo esforço do diretor em ressaltar a superioridade cientifica em relação a religião como cosmovisão. Além disso, Daniel Diosdado faz uso de signos na simbologia de ciência contra fé, a própria luta entre Aaron e Daneen retrata essa visão semiótica do autor, porém ele não soube agregar essa visão para o roteiro. Diosdado buscou entregar uma obra artística com requintes de mainstream, e acabou entregando um filme comercial para somente preencher o catálogo do streaming.

Vale a pena assistir “O Nômade”?

Se o seu objetivo for um “passa tempo”, recomendo. No entanto, se acaso buscam um filme com uma história ao menos coerente e mais dinâmica, também relacionada ao tema fé e ciência, indico “Anjos e Demônios” ou “Código da Vinci”.

Redatora em experiência sob supervisão de Giovanna Affonso.