O Tempo Que Te Dou não é a pedra filosofal que vai trazer as regras do amor para resolver a vida de qualquer pessoa. É uma minissérie que a Netflix lançou, é ficção, mas baseada na vida real de todos que já se apaixonaram. Despretensiosa, a trama explora a relação do ex-casal de um ponto de vista muito voyeurístico. Lina (Nadia de Santiago) e Nico (Álvaro Cervantes) são os protagonistas de uma história de amor, separação, dor e luto.
O luto pós-rompimento é o que orienta o enredo. Ante uma desilusão, rompimento ou abandono amoroso, é inevitável passar por fases de tristeza, desespero, impotência… O amor é cada vez mais superficial na sociedade, é uma necessidade e às vezes te consome. Nessa base psicológica, a minissérie não cai em tom de novela em momento algum, e isso é apreciado. Eles só querem nos contar uma história de amor, muito pessoal e nada genérica. Sem peculiaridades, sem pretensão ou exagero. É uma história de amor, de separação e de luto. E muito bem contada.
É tão bem contada que nos agarra desde o primeiro minuto, com atuações envolventes, ritmo lento, e saltos entre os momentos felizes e tristes do relacionamento. Centra-se mais nos momentos difíceis, pois é uma história de luto. Isso fica claro na série em todos os momentos: o intuito não é entregar um final feliz, mas mostrar que houve felicidade e perdão. Não há dor infinita, mas os protagonistas foram feridos e superaram isso. Tampouco, não existe ressentimento eterno, mas existe amor e ódio, sem encantamento.
Lina e Nico são humanos e, portanto, imperfeitos. A série enfatiza isso, porque ninguém se sente perfeito. Amor é felicidade, é dor e é imperfeição. O Tempo Que Te Dou é uma bela história que retrata emoções, sem brincar com elas. Isso é o suficiente para recomendá-la, mas tem muito mais do que isso: o enredo traz uma reflexão profunda, mas simples, em capítulos de 11 minutos, com situações com as quais muitas pessoas podem se identificar. É aí que reside a beleza desta minissérie.
A primeira temporada está disponível na Netflix.