Os Bad Boas tenta emular clássicos do gênero buddy cop, mas entrega uma narrativa previsível e personagens pouco desenvolvidos
O gênero da comédia policial, popularizado por duplas disfuncionais e investigações fora do padrão, sempre soube equilibrar ação e humor.
Em Os Bad Boas, nova produção holandesa da Netflix dirigida por Gonzalo Fernández Carmona, essa fórmula é retomada com boas intenções, mas resultados irregulares.
A história acompanha Ramon (Jandino Asporaat), um agente de serviço comunitário com aspirações heroicas, que se une ao detetive rebaixado Jack (Werner Kolf) para investigar a morte de um colega em comum.
A partir daí, o filme tenta combinar sátira, cenas de ação e um toque emocional, mas não chega a se destacar em nenhuma dessas frentes.

Os Bad Boas tropeça na própria fórmula
O roteiro aposta na dinâmica clássica do “certinho e rebelde” e oferece oportunidades para o embate entre personalidades opostas.
Contudo, a relação entre os protagonistas raramente gera momentos memoráveis. A comédia, ainda que voltada para o público adulto, se apoia em palavrões e gags visuais que oscilam entre o exagero e o constrangimento.
Além disso, faltam diálogos afiados e, principalmente, surpresas. Desde as primeiras cenas, é fácil prever o arco de redenção e o confronto final, que, mesmo cercado de simbolismo, perde força pela montagem acelerada e pouco refinada.
Visualmente, o filme entrega uma experiência acima da média. A ambientação em Roterdã é bem aproveitada, com direção de arte e fotografia que colocam o espectador no coração da cidade.
Cenas de perseguição, como a envolvendo um kart e uma bicicleta elétrica, se destacam pela criatividade e energia. Já o combate corpo a corpo, apesar de promissor, peca na execução, prejudicado por pouca fluidez.
Se Os Bad Boas tivesse abraçado a sátira com mais coragem poderia ter atingido um desfecho mais inventivo e impactante.
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Elenco entrega carisma, mas falta de impacto e originalidade
Nas atuações, Jandino Asporaat se sobressai com uma entrega carismática e versátil, que equilibra inocência e coragem. Werner Kolf, embora mais contido, convence na dor silenciosa do personagem.
O elenco de apoio é funcional, mas sofre com personagens pouco desenvolvidos. Destaque para Juliette van Ardenne e Stephanie van Eer, que conseguem imprimir humor e humanidade em papéis menores.
No fim, Os Bad Boas é um passatempo razoável, mais competente em construir seu cenário do que em contar sua história. Para fãs do gênero, vale pela curiosidade de ver uma abordagem europeia de uma fórmula americana consagrada. Mas para quem espera risadas genuínas e reviravoltas inesperadas, a patrulha aqui pode parecer um pouco desarmada.
Imagem de capa: Divulgação/Netflix
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