O cinema nacional é cheio de surpresas, e em algumas delas, tudo pode acontecer. Nesse caso, o diretor Márcio Schoenardie resolve entregar uma obra cheia de corrupções, conspirações e até mesmo um assassinato. Mas como essa história começa?

A história acompanha Joaquim, um jornalista que decide colocar em seu livro uma denúncia forte a respeito de um caso de corrupção envolvendo a prefeitura de sua cidade, um mafioso e uma fábrica fechada. Após ele terminar a escrita de seu material, e enviá-lo para a editora, Joaquim é encontrado morto em sua casa. Seus filhos, Manoela (Duda Meneghetti) e Caio (Edu Mendas), separados pelas diferenças pessoais, agora precisam unir forças para resolver esse mistério. Afinal de contas, Joaquim morreu ou foi morto.

Uma das primeiras coisas que esse filme chama atenção é na narrativa simplista. A maneira como o roteiro de Tiago Rezende, Gabriel Faccini e Tomás Fleck conversa com o espectador, nos torna parte daquela família. E é talvez assim que a história consiga nos prender. Outra característica muito interessante são as tiradas cômicas que aparecem ao longo do roteiro. Em meio a cenas intensas e sérias, uma piada totalmente sem proposito é largada, gera um sorriso, e logo após você se vê novamente tenso pela investigação.

Crédito: Lança Filmes

LEIA TAMBÉM: Crítica – Kevin – Um filme de Joana Oliveira

Inclusive, esse é um dos pontos mais explorados e divertidos. A investigação da morte de Joaquim é recheada de clichês dos filmes de suspense, mas com um toque muito pessoal. Cenas de perseguição de carro, visitas ao necrotério, invasão de propriedade, mas sempre com um pano de fundo da comédia.

Elenco sobressai a limitações de Os Bravos Nunca se Calam

Esse filme nos leva de volta a infância, quando assistíamos a filmes adolescentes de investigação sem propósito de ser sério. Falando de atuação, Duda Meneghetti arrasa no papel de Manoela, uma jovem centrada, mas completamente perdida em si. Já Edu Mendas interpreta Caio, um homem completamente desorientado e folgado, mas que tem muito conhecimento de si. Ou seja, são contrapontos usados pelo diretor para agregar na história de investigação. Afinal, é preciso um pouco de cada um para decifrar os enigmas. Agora, é inegável que a experiência de José Rubens Chachá, que vive Joaquim, tem um peso enorme no resultado final.

Digo isso porque esse longa tem vários defeitos, alguns eu até acredito serem de proposito para aproveitar um pouco do tom tosco que algumas cenas propiciam. Mas o tosco aqui funciona muito bem, assim como a limitação técnica, tanto de edição quanto de finalização.

É preciso dar o crédito, entretanto, ao diretor, que conseguiu tirar um filme muito interessante de uma obra super limitada.