“Os Rejeitados” é uma emocionante dramedia que mergulha nas complexidades da vida e da amizade de maneira autêntica e comovente. Dirigido pelo talentoso cineasta, Alexander Payne, o filme tece uma narrativa sensível sobre a jornada de dois personagens improváveis em direção à cura emocional.
A trama gira em torno de Paul Hunham , um professor de história mal-humorado, interpretado brilhantemente pelo ator principal Paul Giamatti. Paul, interpretado brilhantemente por Dominic Sessa, cruza o caminho de Angus Tully, um aluno introvertido que enfrenta problemas familiares e depressão, lidando com seus próprios demônios pessoais.
No final de ano da escola, Paul é forçado a permanecer no campus para cuidar dos alunos que não tem para onde ir durantes as férias de final de ano, e Angus, que contava com a viagem com sua mãe, descobre que ela foi passar a lua de mel com seu novo marido. Além deles, Mary Lamp, a cozinheira da escola, também irá ficar na escola, por acreditar ter perdido a felicidade após a morte de seu filho.
Roteiro abraça o amor, a compreensão, e a superação dos traumas
A dinâmica inicial entre Paul e Angus é bem desconfortável, refletindo a distância emocional que ambos mantêm devido às suas cicatrizes internas. Mesmo com a relação de professor e aluno, ambos estão em suas zonas de (não) conforto. No entanto, à medida que a história se desenrola, testemunhamos uma conexão improvável florescer entre eles. O roteiro habilmente equilibra o humor ríspido e melancólico de Paul com os momentos de vulnerabilidade e acidez de Angus, resultando em uma narrativa que oscila entre lágrimas e risos. A medida em que os dias vão passando, o trio começa a nutrir sentimentos uns pelos outros, e a descoberta de suas melhores e piores versões de si mesmos. No filme, nada se torna massante; o tempo se desloca lentamente à medida que a história avança, guiando o espectador para que aproveite e compreenda cada momento, como se fosse impulsionado por uma mão cuidadosa.
A química entre Paul e Mary é palpável, e ambos entregam performances cativantes que dão vida aos personagens de maneira autêntica. O filme aborda de forma sensível as questões da depressão e dos problemas familiares, destacando a importância da empatia e do apoio mútuo na jornada da superação.
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Direção impecável e trilha sonora nostálgica
Alexander Payne demonstra maestria na direção, utilizando uma paleta de cores que evolui conforme a narrativa, refletindo o amadurecimento emocional dos personagens. Cenas que nos remete facilmente aos anos 80 e 90 (apesar do filme se passar em 70). A trilha sonora original, é a cereja do bolo, que nos envolve em um clima nostálgico das tardes na volta da escola. Assistir a esse filme é uma viagem, que de muitas maneiras nos leva a lugares peculiares da nossa vida.
Paul Giamatti, ganhou o Globo de Ouro por essa atuação, e eu não entendia o motivo. Afinal de contas, Os Rejeitados não estão no topo comercial do cinema. Mas ao assistir sua atuação aqui, eu pude ver que não teria como outra pessoa levar esse prêmio. É de uma sutileza, de um carinho, um cuidado tão grande com seu personagem, que me lembrou Robin Williams em “Sociedade dos Poetas Mortos”. Assim como Da’Vine Joy Randolph, que também levou o Globo de Ouro pela atuação nesse filme. Que atuação majestosa, intensa, profunda, ao interpretar uma mãe de luto, era possível ver a dor profunda dessa mãe nos olhos da atriz. É uma daquelas atuações que se destacam, não pelo tempo em tela, mas pela marca que deixa nas pessoas.
Vale a pena assistir no cinema?
O filme é uma grande homenagem aos professores, que muitas das vezes tem suas vidas e suas histórias invisibilizadas pelos alunos ou pela escola. Engana-se quem acredita que o filme é um romance sobre ser professor, pelo contrário, aqui Paul nos mostra que o drama não era somente de Angus, mas muito mais dele.
Embora a premissa possa parecer familiar, Os Rejeitados se destaca pela sua abordagem delicada e pela autenticidade emocional que permeia cada cena. Ao final do filme, os espectadores são deixados com uma sensação de esperança e a convicção de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a amizade e a compreensão podem iluminar o caminho para a cura. Por fim, vale a pena assistir na tela grande sim!