A nova adaptação de “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas chega aos cinemas com uma megaprodução filmada em algumas das regiões mais belas da França.

Com um custo estimado em 70 milhões de euros, o filme dirigido por Martin Bourboulon já atraiu mais de um milhão de espectadores apenas na semana de estreia nos cinemas franceses. A trama segue a jornada de D’Artagnan, interpretado por François Civil, desde sua luta para se tornar um mosqueteiro do Rei Luis XIII até sua batalha contra as sombrias maquinações do Cardeal de Richelieu, ao lado de Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Roman Duris).

Com uma sinopse que promete romance, ação e intriga política, a produção já se prepara para um segundo capítulo intitulado “Os Três Mosqueteiros: Milady”, com estreia prevista para dezembro e protagonizado por Eva Green. Mas, será que essa nova adaptação do clássico de Dumas consegue honrar a história original e trazer algo novo e emocionante para o público?

Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan
Foto: Paris Filmes

Historia conhecida, contada diferente

As adaptações do livro de Alexandre Dumas para o cinema e para a TV atravessam os anos. É importante dizer que todas as obras lançadas até agora tiveram suas felicidades e suas tristezas. E com o filme de Bourboulon não seria diferente.

Não foi necessário ocupar tantos minutos de tela para introduzir os principais protagonistas. Acredito eu que o diretor considerou que a maioria das pessoas já se familiariza com Athos, Porthos e Aramis, e claro, D’Artagnan. Não precisamos de novas introduções, sendo assim, sobra mais tempo para outras tramas mais importantes dentro da história. Conhecemos melhor o Rei Luiz, a Rainha, conhecemos também a história (breve) dos mosqueteiros. A única história que ficou faltando foi do Cardeal e de Milady. Mas isso é justificável sabendo que o próximo filme será sobre ela.

Preciso começar dizendo que uma das coisas que mais gostei nessa adaptação foi a língua principal ser a francesa. Parece meio obvio dizer isso, mas nesse caso fez uma diferença muito grande. A narrativa histórica fica mais completa usando a língua materna da própria história.

Outro ponto que eu considero interessante, é que há espaço para explorar outras demandas do enredo. Há espaço para lutas de espadas, há espaço para um romance (previsível) de D’Artagnan com uma mensageira da rainha, há espaço para investigações e perseguições a cavalo. Deixando pouco espaço para o tédio (que existe em alguns momentos do começo do filme).

A trama se desenrola em torno das lutas políticas e intrigas da corte francesa. Além disso, o romance proibido da rainha , esposa do rei Luís XIII com Duque de Buckingham é o foco central desse primeiro filme. Dessa forma, os mosqueteiros tentam impedir os planos do cardeal Richelieu, que busca enfraquecer o poder do rei e tomar o trono para si. Ele é ajudado pela Milady de Winter, vivida por Eva Green.

Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan
Foto: Paris Filmes

Belas paisagens, belas tomadas, mas fotografia noturna derrapa feio

Ao sermos transportados para belíssimas regiões da Normandia, Bretanha e Altos da França, podemos sentir a atmosfera da época como se estivéssemos lá. Todos os elementos em cena, além dos figurinos de encher os olhos, contribuem para a sensação.

Um dos pontos mais negativos da fotografia está nas cenas noturnas, evidenciando que as gravações não ocorreram a noite. O uso do filtro noturno na pós edição fica nítido até para quem não é especialista. O que não seria um problema, caso a edição final conseguisse dar um acabamento que não ficasse artificial, o que não é o caso.

Porém, todas as demais cenas são maravilhosas. Principalmente as que acontecem dentro dos palácios e locais importantes. A atenção aos detalhes, principalmente no que tange a história salta aos olhos. O que é da realeza, limpo e reluzente, o que é da pobreza, frio e sujo. Essa separação ajuda o espectador a acompanhar a transição de D’Artagnan pelos meios que habita. Ajuda também a entender quem são os verdadeiros vilões.

Em suma, “Os Três Mosqueteiros” de Martin Bourboulon oferece uma nova perspectiva sobre a história amada por muitos, com paisagens espetaculares e um elenco de estrelas. A ação é empolgante e a química entre os personagens é envolvente. No entanto, a trama muitas vezes parece superficial e falta um pouco de profundidade, apesar da adição de alguns novos elementos. No entanto, a produção é um ótimo entretenimento para aqueles que procuram por aventuras de capa e espada em cenários magníficos. Com a continuação já garantida, mal podemos esperar para ver o que “Os Três Mosqueteiros: Milady” nos reserva.