Chegou aos cinemas mundiais essa semana o tão esperado Pantera Negra: Wakanda Forever, filme solo do herói da Marvel. Após quase 2 anos da morte de Chadwick Boseman, o longa traz uma linda homenagem e uma nova visão sobre ser um Pantera Negra.
Antes de falar sobre quem é o novo Pantera, quero primeiro descrever o sentimento de assistir a esse filme após o falecimento de Boseman. E não se preocupem, o único spoiler desse texto estará na última linha e sinalizado.
O longa destina os primeiros quase cinco minutos a uma homenagem bem condizente com a importância e elegância de Chadwick. Obviamente no filme o Pantera Negra morre, e eles não fazem questão de dizer como. E isso me soou como uma primeira homenagem, já que o ator escondeu sua doença até o final e não deixou isso abalar sua participação nos filmes anteriores.
Dessa forma, o que posso dizer sobre o sentimento é de que o elenco estava vivendo um luto doloroso durante as filmagens e isso é perceptível na tela. Entretanto, uma coisa que me surpreendeu é que as citações ao herói ao longo do filme foram extremamente pontuais, deixando-o quase como um ator coadjuvante.
A história
A morte do Rei T’Challa desencadeia uma série de problemas diplomáticos para Wakanda, já que nitidamente era defendido pelo Pantera. Agora sua mãe, a Rainha Ramonda, precisa dar conta de viver seu luto e ainda por cima lutar pelo seu povo. Essa luta em meio ao luto é uma das características mais profundas desse filme, e talvez por isso ele carregue consigo um poder único.
Shuri, a princesa de Wakanda, por outro lado, parece não conseguir viver o luto da perda do irmão, e por mais que fosse obvio que ela como princesa precisasse assumir suas funções dentro da política wakandana, ela se isola dentro de seu laboratório. E aqui vemos como que para ela lutar contra o luto é a missão final.
Note como é emblemático esse roteiro, como trazer uma nova história, um novo vilão, um novo pantera, com raízes tão profundas no passado trágico da perda de T’Challa. Como já noticiamos aqui, o antagonista desse longa é Namor, um primeiro mutante nessa fase do MCU e que luta para defender seu reino, o Talocan (deixando de lado aqui o termo Atlântida). Namor é um daqueles vilões em que os poderes ficam quase que em segundo plano, dado a sensação vilanesca que o cerca. Mas aqui tem um detalhe, Namor (que quer dizer sem amor) luta com o coração e por uma causa nobre. Parece familiar? Pois é, mais uma vez o antagonista de Pantera Negra tem uma causa forte e até certo ponto justa para lutar. O problema é sempre a maneira como decidem fazer isso.
Namor é interpretado por Tenoch Huerta, e o ator dá um show na pele desse antagonista. Em vários momentos ele é posto a dar amostras de seu poder, mas age como uma criança impulsiva e explosiva quando é atacado ou confrontado.
Wakanda está mais protegida do que nunca
Na ausência de T’Challa, Ramonda acaba assumindo a frente do país. Shuri, por outro lado, reclusa em seu laboratório será instigada a procurar saber sobre o mal que afronta seu povo, e é nesse ponto que a princesa começa a de fato tomar lugar como defensora de Wakanda.
A atriz Letitia Wright fez um esforço bem grande para tentar atuar na mesma medida que Chadwick, mas aqui é preciso abrir um parêntese. O roteiro de Ryan Coogler e Joe Robert Cole não fez questão de mostrar que Shuri poderia ser melhor que T’Challa. Na verdade, eles tentam mostrar que a Princesa Shuri, como ela é, tem condições de assumir o manto do reino quando for necessário.
Além dela, Okoye (Danai Gurira) também mostra que está pronta para defender seu povo. A general se tornou a maior defensora de Wakanda após a morte do Pantera. Ela, que enfrentou seu próprio marido no primeiro filme, para defender T’Challa, agora precisa enfrentar um novo mundo e uma nova ameaça. Detalhe, Daniel Kaluuya não aparece no filme, somente é citado.
Agora, Nakia (Lupita Nyong’o) tem um dos papeis mais emblemáticos do filme. Porém, é impossível falar de Nakia sem esbarrar em spoiler, sendo assim, deixarei para outro texto.
Afinal, quem é o novo ou a nova Pantera Negra? (Ainda não tem spoiler)
Talvez mais do que a história, o público tenha esperado todos esses anos para saber quem seria o novo Pantera Negra de Wakanda. Vários nomes foram especulados, até o momento em que o trailer final entregou que seria uma mulher. Mas se tratando de um filme com tantas mulheres fortes, a lista era bem grande. Claro, a Princesa Shuri era o topo da lista, mas Nakia, Okoye e a própria Rainha Ramonda poderiam se tornar o novo Pantera.
Mas lembrem-se, o maior herói desse filme é a presença, ainda que espiritual de T’Challa. Sendo assim, é dessa forma e por essa motivação que a pessoa que que assume o manto do Pantera precisa estar à altura de tudo que foi feito até agora. E aqui entra mais um ponto para o roteiro, que deixou essa transformação somente para o final. Até porque, é importante lembrar que no primeiro filme Killmonger mandou queimar todas as ervas do coração, que dava poder à pantera. Então Shuri precisou “resolver” esse problema, e isso tem a ver com Namor.
A batalha entre Namor e Pantera Negra é também emblemática. Isso porque ela não é grandiosa, não é explosiva, não é impactante. E aqui entra o maior problema desse longa, a falta de tempero. Pantera Negra 2 é como uma lasanha muito bem-produzida, com todos os ingredientes de qualidade, tudo no lugar certinho, bonita e apetitosa. Porém, quando você prova, apesar de saciar sua fome e estar suculenta, falta tempero. Você pode estar se perguntando, será que esse tempo não é Boseman? Seria obvio, mas eu acho que não é uma pergunta de uma resposta só.
ATENÇÃO! Spoiler Alert
Isso porque A nova Pantera Negra é Shuri. Quem se lembra dela do primeiro filme sabe que a atriz ainda é muito crua na atuação, e agora isso fica mais evidente do que nunca. Claro, é preciso reconhecer todo o esforço dela, tanto que ela sofreu um acidente grave no set de filmagem deixando a cinco meses fora das gravações. A solução encontrada por Ryan foi deixar a força dela subjetiva, algo que fosse mais parecido mesmo com a personalidade de Shuri. Inteligente, amorosa, caridosa, atrevida, impulsiva, porém, com a herança do Pantera Negra no sangue.
E aqui, eu digo, a menina deu conta do recado. E esse filme, apesar de vários outros problemas, que eu precisaria de um outro texto só para enumerar, consegue ser um bom filme. Emocionante do começo ao fim, com uma história linda, forte e decisiva.
As dúvidas que ficam são sobre o futuro, e isso porque a relação dessa história com o MCU é subjetiva também. Claro, o fato de Namor ser um mutante é um indicativo, além claro de agora termos um novo Pantera na área. Mas ainda assim, os rumos e os laços dessa história com as demais que virão precisam de muita atenção e conhecimento dos quadrinhos para achar uma conexão.
Depois de ler esse texto, com certeza verei o filme!
Muito obrigado pelo comentário! Vale a pena assistir!