A animação dirigida por Alê Abreu estreia essa semana nos cinemas. Alê já foi indicado ao Oscar por outra animação, “O Menino e o Mundo” em 2016, e agora traz uma história intrigante, belíssima e com um final surpreendente.
O filme conta a história de Claé e Bruô, agentes secretos de reinos rivais que precisam trabalhar juntos em uma missão importante. Essa frase está na sinopse, e não entrega nada do que de fato acontece no filme. E isso é muito legal. A missão dos dois é encontrar os tais “Perlimps”, que são criaturas misteriosas que tem a capacidade de trazer paz para os tempos de guerra.
Perlimps é um daqueles filmes que você precisa prestar bastante atenção nas entrelinhas. Isso porque o roteiro escrito também por Alê Abreu deixa algumas coisas subentendidas. Não é um defeito, na verdade é uma forma de trazer profundidade a um texto que precisa ser raso para que as crianças possam entender de primeira.
O uso das cores, posso dizer, é um personagem a parte. O uso das cores e dos sons tem um papel fundamental na construção da narrativa, e principalmente da ambientação. Uma verdadeira aquarela na tela, em estilo 2D. Valorização da cultura brasileira também é presente, como o João-de-Barro, pássaro muito comum nas áreas rurais. Além da música “Bola de Meia, Bola de Gude”, de Milton Nascimento.
A verdadeira história por trás de Perlimps
Sinto que o roteiro esconde uma história mais profunda e cruel do que a aparente aventura de duas crianças. Isso porque, ao longo de vários minutos é impossível entender o que de fato se passa ali. Se é uma aventura fantasiosa ou se é uma metáfora para algo maior. Esse resultado você só consegue entender ao final do longa, que vou privar vocês do comentário para evitar spoiller.
Certo é que ao longo de quase uma hora e vinte nós passamos a entender melhor as motivações de cada um dos personagens. O diretor não entrega tudo de uma vez, pelo contrário, as informações são escaladas passo-a-passo para que o final faça sentido.
Os personagens são dublados por Giulia Benite (a Mônica dos filmes da “Turma da Mônica”), que dá voz a Bruô; Lorenzo Tarantelli (a voz de “Young Sheldon”), que dubla Claé. A duplinha é muito boa, de verdade. É uma das melhores dublagens infantis que vi nos últimos tempos. Assim como Stênio Garcia (“O Clone”; “O Rei do Gado”), como João-de-Barro.
Resultado final é inspirador
Por fim, é preciso dizer que Perlimps é um filme incrível, que guarda uma história profunda e necessária em seu final. A crítica social sobre a guerra, sobre o desmatamento e principalmente sobre os impactos da ação humana na natureza, é fundamental. Senti que o roteiro falou de Amazonia, das barragens de rejeitos e água, que quando rompem acabam com tudo.
E nada disso é jogado na tela sem propósito, na verdade, o uso do lúdico facilita o entendimento e a absorção das informações. Eu recomendo que os pais levem seus filhos para assistir, porque além de ser um filme lindo é um filme inspirador.