Pluft é uma recordação muito carinhosa da minha infância, e acredito que da maioria das pessoas que leram o clássico de Maria Clara Machado. Pluft, o Fantasminha na verdade foi escrito como uma peça teatral infantil, em 1955. Encenada pela primeira vez no Rio de Janeiro, se tornou série de TV, para a Rede Globo em 1975, e ganhou duas adaptações em filmes. O livro só veio a ser lançado em 1981.

Agora um novo filme é lançado, repleto de atores conhecidos e efeitos visuais de primeiro mundo. Com direção de Rosane Svartman, e com roteiro adaptado de Maria Clara Machado por Cacá Mourthé (sobrinha de Maria Clara Machado), o filme é bem fiel a história original. Uma história simples, sem muitos arcos, com diálogos simples e bem lúdicos, é um filme feito para crianças de todas as idades.

O ponto mais interessante do roteiro é justamente dialogar com a inocência infantil. Pluft é o fantasma de um garotinho, que vive em uma casa na praia de areia amarela, de água verde, com sua mãe e seu tio. Essa relação entre os fantasmas da casa é muito divertida, a mãe que ensina, que acalma, que acalenta, mas que também incentiva seu filho a “crescer” e amadurecer. É estranho pensar que um fantasma pode crescer, mas talvez a palavra evoluir possa soar melhor. Pluft, morre de medo de gente, e isso é uma grande ironia que a história trabalha muito bem.

  • pluft o fantasminha
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Boas atuações até debaixo d’agua

Entre os humanos, a menina Maribel (Lola Belli), neta do falecido Capitão Bonança Arco-íris, dono de um tesouro esquecido. Seus amigos marinheiros Sebastião, João e Juliano, são seus protetores contra o pirata Perna de Pau. A escolha do elenco foi muito interessante, e funciona bem. Juliano Cazarré interpreta o caricato Perna de Pau, com seu fiel papagaio ao seu lado, ele encarna um pirata bagunceiro, ganancioso, e malvado. O trio de amigos é interpretado por Lucas Salles, Arthur Aguiar e Hugo Germano. Eles dão conta do recado, até porque o papel deles não exige nenhuma grande atuação, simplesmente fazer rir. O tipo de comédia presente no filme lembra muito a comédia pastelão dos Trapalhões.

Agora o destaque pra mim fica por conta de Nicolas Cruz, o garotinho que interpreta Pluft. Ele atua de maneira tão simples, mas com tanto comprometimento, que de fato você simpatiza com ele logo de cara. Um segredo que a diretora nos contou, é que as cenas foram gravadas debaixo d’agua, para que a sensação de flutuação fosse mais real. A dificuldade de atuar imerso em água, precisando mover a boca como se estivesse falando, é algo notório. Mesma coisa com sua mãe Fabíula Nascimento, que também traz uma atuação muito divertida. Além disso, a piscina que deu formato e vida aos fantasmas de Pluft foi encontrada no corpo de bombeiros de Franco da Rocha, cidade do interior de São Paulo.

Pluft, O Fantasminha é um daqueles filmes que com certeza agradará os pequenos, entretanto, talvez não faça tanto sucesso com adolescentes por ser muito simples e sem muitas reviravoltas. Mas com certeza vale a pena ir com a família assistir no cinema, um momento de lazer, diversão, uma boa história e claro, uma lição muito importante sobre superar seus medos.