Desde o seu anúncio, Predador: Assassino de Assassinos despertou desconfiança no público. Afinal, mais um derivado animado de uma franquia que vinha tropeçando há anos, lançado diretamente no Disney+ era fácil imaginar que seria somente mais um título descartável. Contudo, bastaram os primeiros minutos para o filme provar o contrário. Dan Trachtenberg entrega aqui não só a sequência espiritual de Prey, como também uma das mais criativas reinvenções da mitologia Predador em muito tempo.

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Imagem: 20th Century Studios. © 2025 20th Century Studios. All Rights Reserved.

Três histórias, uma caçada

A trama acompanha três protagonistas de épocas completamente distintas — a viking Ursa, o samurai Kenji e o soldado Torres, durante a Segunda Guerra Mundial. Todos são perseguidos por diferentes Predadores. À primeira vista, a ideia poderia facilmente cair no clichê de antologia desconexa. No entanto, surpreende ao costurar essas três narrativas em um único arco, conectando-as de forma fluída e mantendo o ritmo firme do começo ao fim.

Cada segmento carrega sua própria identidade visual e emocional. Por exemplo, Ursa oferece o lado mais introspectivo, enquanto Kenji entrega sequências de ação coreografadas com brutalidade e elegância. Por outro lado, Torres adiciona tensão de guerra e estratégia militar à narrativa. No fim, todas as histórias convergem para um clímax brutal contra o Rei Grendel — o Predador mais animalesco já criado.

Predador: Assassino de Assassinos
Imagem: 20th Century Studios. © 2025 20th Century Studios. All Rights Reserved.

Uma animação ousada e brutal com Unreal Engine 5

Visualmente, Assassino de Assassinos impressiona em cada cena. A direção de Dan Trachtenberg abraça referências claras de Arcane e Akira, equilibrando violência gráfica e estética estilizada com eficiência. Além disso, o grande destaque técnico fica para o uso da Unreal Engine 5. Embora não seja pioneira em longas animados, aqui a ferramenta se destaca pelo uso ousado de variações de framerate, texturas digitais e detalhes manuais. Isso confere fluidez rara às cenas de ação e torna o filme um dos mais visualmente impactantes do ano.

Outro ponto positivo, sem dúvida, é a diferenciação dos Predadores. Cada criatura possui armamento, postura e estilo de combate distintos — longe da padronização vista em outras produções da franquia. Essa identidade visual foi possível graças à liberdade criativa oferecida pela Unreal Engine 5. Vale lembrar que a tecnologia já vinha sendo utilizada em séries como The Mandalorian, mas encontra aqui espaço para uma brutalidade animada de peso cinematográfico.

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Imagem: 20th Century Studios. © 2025 20th Century Studios. All Rights Reserved.

Direção segura e personagens marcantes

Trachtenberg e o co-diretor Joshua Wassung comandam com maestria a narrativa, equilibrando momentos de tensão, emoção e espetáculo visual. Os protagonistas são bem desenvolvidos, cada um com motivações próprias que conectam o espectador à luta contra os Predadores, cujo visual e táticas são únicos, evitando repetição e monotonia.

Predador: Assassino de Assassinos
Imagem: 20th Century Studios. © 2025 20th Century Studios. All Rights Reserved.

Vale a pena assistir Predador: Assassino de Assassinos?

Mesmo com pequenas falhas, como um final apressado e algumas transições narrativas abruptas, o filme entrega exatamente o que promete. Violência estilizada, ação de primeira e uma expansão inteligente da franquia Predador. Dan Trachtenberg, portanto, consolida-se como o principal nome dessa nova fase, respeitando o legado e preparando terreno para projetos futuros, como Predador: Badlands.

Disponível no Disney+, Predador: Assassino de Assassinos é a prova definitiva de que a franquia ainda tem fôlego — e sangue — para correr.