Assistimos ao filme Príncipe Lu e a Lenda do Dragão, a mais nova aventura de Luccas Netto nos cinemas. Com 108min, o longa é uma produção da Luccas Toon e com distribuição pela H2O Films, além de ser estrelado pelo próprio youtuber. O longa infanto-juvenil promete levar o público para a Idade Média, acompanhando a dupla Luccas Neto e Gi Alparone em uma aventura fantasiosa ao lado de Beatriz Couto. Contudo, será que o longa é bom?

Com a direção de Leandro Neri e o roteiro assinado por ele mesmo, ao lado de Luccas Neto e Paulo Halm, o longa também conta um elenco repleto de grandes nomes nacionais. Ademais, também se conta com a grande participação de Renato Aragão, Zezé Motta, Cássio Scapim e Tadeu Mello. Confira a sinopse:

O filme conta a divertida e inspiradora história do Príncipe Lu, um jovem brincalhão e “troslador”, que não quer saber de muitas responsabilidades na vida, até que algo inesperado muda tudo. Enquanto é obrigado a rever comportamentos e atitudes para poder assumir o trono, o Príncipe Lu também precisa lidar com a ameaçadora Lenda do Dragão, que parece cada dia mais próxima de se tornar realidade, colocando todo o reino em risco. Mas para isso precisa recuperar a Espada Alada, com a ajuda de sua irmã, a corajosa Encantada, e da misteriosa Guerreira Mascarada. Lu vai aprender importantes lições de vida, e descobrir que heróis podem existir dentro de todo mundo.

Dessa forma, prometendo uma empolgante aventura para o público infanto e juvenil, resta perguntar: Afinal, Príncipe Lu e a Lenda do Dragão é bom?

Em direção a uma aventura com muita confusão

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Imagem: Daniel Chiacos

O novo filme de Luccas Neto promete muito com sua premissa, ao mesmo tempo em que traz reflexos de inspirações tiradas de outros filmes, como os clássicos O Rei Leão, Cinderela e até mesmo a série Game Of Thrones. Dessa forma, sem dúvida, a trama do filme é empolgante e divertida, consegue roubar um sorriso, e é uma boa pedida para as crianças se divertirem. Portanto, quanto a conteúdo, o filme tem aos montes. Entretanto, o desafio fica em harmonizar tantas ideias ao mesmo tempo.

Uma coisa bem clara sobre Príncipe Lu e a Lenda do Dragão é quanto mais a história se se desenrola, mais novidades vão surgindo. Na teoria, poderia ser um acerto. Ou melhor, seria uma boa e interessante jogada, se fossem situações que se amarrassem com a trama central.

A direção erra por não saber equilibrar tantas ideias ao mesmo tempo. As mais diversas ramificações de ideias acabam por criar eventos não paralelos a história. São histórias secundárias que mais geram confusão na narrativa, do que entretenimento em si.

Contudo, o maior pecado da direção e roteiro é outro: é o lado musical da narrativa.

Os feitos da música

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Imagem: Reprodução

Ao longo do filme, o público se depara com alguns momentos musicais, em que Luccas Neto mostra o seu talento como cantor, seja solo ou acompanhado pelas atrizes Gi Alparone e Beatriz Couto.

Se as músicas são boas ou se o trio canta bem ou não, isso não vem ao caso – apesar de que há um uso excessivo de auto tune para mascarar alguns problemas de técnicas. Porém, o maior problema do lado musical do filme se refere ao seu timing, ou seja, o momento em essas cenas são introduzidas.

O momento musical é um tanto longo e artificial, e o pior de tudo: ele quebra o clima que a narrativa vinha construindo, fazendo, assim, com que as cenas percam aquele tom mágico, arrepiante ou emocionante. Em outras palavras, quando a história acerta e entrega um bom momento, o próprio filme se sabota e corta as emoções. Por fim, as cenas musicais não acrescentam, pelo contrário, elas tiram a magia do filme.

Sobre o elenco e as atuações

Quando a direção e o roteiro perdem o equilíbrio, o elenco precisa se segurar para não cair junto. Em Príncipe Lu e a Lenda do Dragão ocorre um curioso caso: enquanto o protagonista cai no chão, uma boa parte do elenco coadjuvante consegue se reequilibrar e entregar uma performance interessante.

Apesar de haver aqueles que caem junto com o protagonista, devido a história desorganizada ou pelos momentos anticlimáticos, há quem consiga se destacar, entregando boas atuações que convencem, como a atriz mirim Gi Alparone e a própria Beatriz Couto.

Entretanto, há também outros nomes que se destacam ainda mais, mesmo tendo uma participação pequena, como Cássio Scapim, Zezé Motta e até mesmo as breves e cômicas aparições de Tadeu Mello.

No entanto, dentre as participações, ainda há aquela que de fato faz o diferencial. Ou seja, mesmo com pouco tempo de tela, o ator consegue entregar uma performance que vai além do que já mostrou em toda a sua carreira. Assim, chega a surpreender pela forma com que se reinventa. E isso, mesmo após tantos anos sem dar as caras em grandes produções e já estando com mais de 80 anos. E sim: estamos falando de Renato Aragão.

Renato Aragão, o Mestre dos Mestres

DIDI E LUCCAS NETO CreditoS: Daniel Chiacos
Credito: Daniel Chiacos

O ex-Trapalhão conseguiu trazer alma e emoção para as telas, entregando um personagem vivo. Com pouquíssimo momento de tela, Renato Aragão surpreende ao entregar uma performance muito além do cômico (pelo o qual já é conhecido), e entrega um personagem completo em camadas. Ele possui um contexto, seu momento de riso e piadinha, mas também entrega emoções mais densas e complexas, como ternura e culpa.

Em outras palavras, o maior acerto do longa é a participação especial do humorista, que por sua vez, entrega um personagem real. Um personagem humano.

Ao mesmo tempo, há um grande problema quanto a Renato Aragão, que se refere a maneira como o filme o deixa de lado, sem mais nem menos. Ele surge na história, aparece em duas ou três cenas, e nunca mais retorna. Ele é colocado de escanteio, sem uma finalização ou despedida. Assim, o filme perde uma de suas maiores adições.

Afinal, vale a pena assistir Príncipe Lu e a Lenda do Dragão?

Com uma proposta interessante, e uma história com seus momentos empolgantes, o longa pode ser interessante para o público infanto-juvenil. Afinal, ele diverte e traz uma proposta interessante, com ideias inovadoras.

O problema do longa foi pelo excesso de ideias que não foram tão bem lapidadas nem costuradas com a trama central. Dessa forma, a direção e o roteiro acaba por criar confusão em sua narrativa e alguns furos de roteiro. Além disso, a direção peca por não saber administrar ou organizar as cenas musicais, que acabam tornando-se anticlimáticas.

Por outro lado, um ponto positivo está no elenco, em especial, nos atores coadjuvantes e as participações especiais. Entre estes, destaca-se a performance de Renato Aragão, agora, com uma atuação mais humana, entregando sutis momentos para sorrir e para se emocionar.

Por fim, Príncipe Lu e a Lenda do Dragão, apesar dos erros, ainda entrega uma boa história para se passar o tempo com a criançada. O filme estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas. Confira o trailer logo abaixo: