Estreia essa semana o filme “Procura-se“, com Camila Queiroz e Klebber Toleto no elenco principal. O filme é baseado na obra Procura-se Um Marido da autora Carina Rissi. A produção brasileira tornou-se muito querida pelos fãs, então o filme é bastante esperado pelos leitores.
Vale dizer que o longa dirigido por Marcelo Antunez, tem um detalhe bem importante que o difere da obra original. O nome, de acordo com o elenco, preferiu retirar a palavra “Marido”, atualizando a temática aos dias atuais. A busca de Alice é muito mais do que por um marido, até porque, a principio, a ideia de se casar não é uma vontade dela, e sim uma imposição. Essa atualização é muito importante para que o espectador possa entender o cerne da questão. Aqui falamos de machismo, tanto direto quanto estrutural.
Alice é uma jovem, orfã, e que vive com seu avô. Retrogrado e casca grossa, tenta a todo custo fazer com que ela amadureça (da forma que ele deseja). Quando uma fatalidade acontece e seu avô falece, Alice descobre que em seu testamento ele condiciona o recebimento da herança a ela se casar no prazo de um ano, do contrário, o espolio fica para seu testamenteiro, Clóvis.
A história é clássica, inimigos que se apaixonam. Inclusive, bebe demais da fonte de filmes clássicos do cinema, tipo “Como Perder um Homem em Dez Dias”. Mas aqui há um diferencial muito interessante, a relação entre Max e Alice, e a amizade dela com Mari, sua melhor amiga desde sempre. Esses dois elementos somados, conseguem trazer uma novidade a trama que dá aquele gostinho brasileiro.
Direção derrapa mas elenco salva
Falando da parte técnica, a direção de Marcelo caminha bem a maior parte do tempo. Entretando, senti falta de um aprofundamento nos momentos decisivos, como na virada de jogo quando Alice descobre que se apaixonou. Nos momentos mais importantes, senti uma certa superficialidade, bem diferente dos outros filmes que dramatizam até o sangue esses momentos. Outro ponto que me chama atenção negativamente são os cortes, que dividem o filme de maneira abrupta, evitando que a história caminhe de forma retilinea, até para suavizar o entendimento do que está acontecendo.
Talvez pelo fato do filme ir direto para o streaming, o tempo de tela faça diferença, mas existem detalhes que merecem mais atenção. O que salvam esses momentos é a afinidade entre Camila e Klebber, que são um casal na vida real. A sinergia em tela é evidente. E apesar da necessidade de separação entre o “eu” e o “personagem”, ambos conseguem deixar um pouco de si em Alice e Max.
Por fim, esse filme é suficientemente bom para agradar até os mais chatos, isso porque, não se limita a um romance adolescente. Ele traz questões importantes pra tela, como emancipação feminina, machismo estrutural, mulheres no mundo corporativo, e principalmente, a vida (imperfeita) dos adultos. Mérito de uma direção coerente, um roteiro que não abre mão de dizer o que quer, e um elenco que se entrega até o limite.
PROCURA-SE possui produção de Fernanda Mandriola e Nataly Mega, da Framboesa Filmes, roteiro de Guilherme Ruiz, Carolina Minardi, Alessandra Ruiz e Angélica Lopes e direção de Marcelo Antunez. O filme conta com recursos da Condecine – Artigo 39.
