Projeto Fantasma é o novo terror da A2 Filmes. Com a direção de Federico Finkielstain e o roteiro por Santiago Fernández Calvete, o longa arrisca no terror paranormal à la Poltergeist, Atividade Paranormal e Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado. Contudo, estrelado por Juan Cruz Rolla, será que o longa acerta?

Antes de tudo, com 77min, Projeto Fantasma promete trabalhar encima dos gêneros terror, suspense, ficção científica e fantasia. Sua trama começa em uma cidade industrial em algum lugar dos EUA. Um local repleto de antenas de telecomunicação, uma Universidade, cafés modernos e grandes armazéns abandonados. Esta cidade parece que parou no tempo entre os anos 1970 e 80. Assim, a modernidade, as grandes marcas e as empresas poderosas de tecnologia surgem entre os prédios envelhecidos. 

Em algum dos armazéns abandonados, três jovens programadores exploram o que foi esquecido por ali e encontram uma estranha tecnologia. Eles esbarram em um código misterioso capaz de identificar presenças paranormais. Quando eles adaptam isso para um aplicativo de smartphone, o trio cruza a linha entre a vida e a morte.

A história: uma trama de outro mundo

projeto fantasma Zhongbo Li Zhang
Imagem: Reprodução

A premissa de Projeto Fantasma não fica só no papel, pelo contrário: o longa apresenta uma história com uma narrativa interessante e curiosa. É um filme que não abre muito espaço para o espectador se cansar ou desfocar do longa. E isso se dá graças a sua trama equilibrada, apresentando momentos mais tensos, ou mais reflexivos, ou até mais cômicos. Essa alteração de emoções ajuda o público a ficar mais entretido com o filme em si.

No entanto, vale lembrar que a quebra de momentos mais tensos não quebra com o terror em si. O longa, em sua maioria, aposta no estilo de terror psicológico e ambiental, evitando ficar tanto no trash ou slasher, ou gore. A escolha do diretor em seguir por esses estilos é o que aumenta ainda mais a experiência.

Para poder ficar mais claro o quão a escolha é certeira, basta ver como a fotografia e trilha sonora são elementos técnicos tão bem explorados no longa. Juntamente da história, o trabalho da fotografia se molda entre as mudanças de quadros, alimentando ainda mais a tensão do ambiente. A palheta mais fria e azulada também ajuda muito, bem como a própria edição de som.

O Clímax: um ponto fora da curva

Como já dito, o filme aposta e ganha no terror psicológico e ambiental. Contudo, depois de construir toda a sua atmosfera, o longa tenta mudar o seu estilo durante o clímax, saindo da curva e então explorar um lado mais duvidoso: não podemos chamar de trash, nem de slasher, nem jumpscare, ou qualquer outro subgênero. Assim, restando apenas uma tentativa de terror, mas sem uma estrutura concreta. Se antes acertava e conquistava o telespectador, durante o clímax, ele começa a perdê-lo.

O filme continua a manter uma qualidade, porém, parece que começam a surgir diversas escolhas na história que não condizem com o desenvolvimento até então. São furos de roteiro e narrativas “forçadas”. A impressão que dá, é que houveram cortes durante a pós-produção, e tais cortes atrapalharam o desenvolvimento final da história.

Por fim, o clímax não é de todo o ruim, ele consegue se reerguer nesta nova premissa, apesar de não fazer jus a qualidade apresentada ao restante do filme.

Sobre o elenco

projeto fantasma Laura Casale
Imagem: Reprodução

Com um elenco reduzido, Projeto Fantasma conta com um núcleo principal formado por Juan Cruz Rolla, Laura Casale e Zhongbo Li Zhang. O trio possui uma ótima química e sua sintonia faz com que o trio em si soe de fato como um grupo de jovens reais.

Contudo, quando separados, cada ator tem seus momentos, sendo uns melhores que outros. Por exemplo, se Laura Casale consegue apresentar uma personagem mais responsável, trabalhando com uma carga emocional e racional mais madura, a atriz também acaba entregando atuações mais forçadas em situações mais tensas, as quais são cruciais para a criação do ambiente de terror.

Os outros dois do trio não ficam de fora. Enquanto Zhongbo Li Zhang apresenta certa dificuldades em interagir em meio ao terror, apresentando uma atuação mais rasa, o protagonismo de Juan Cruz Rolla não se sustenta nas cenas mais leves. Uma coisa é seu personagem ser mais fechado ao mundo, mais introvertido ou mais sério, outra coisa é não conseguir trabalhar com leveza em cenas mais simples.

Entretanto, apesar dos pesares, as atuações do elenco não atrapalham a experiência. Aliás, como já dito, as atuações em grupo funcionam de forma muito natural e cheia de sincronia.

Projeto Fantasma: vale a pena?

O novo terror da A2 Filmes sabe criar um clima de terror interessante, e sabe equilibrá-lo com alívios cômicos. Dessa forma, torna-se o filme mais leve para se assistir e acompanhá-lo. A direção e o roteiro trabalham com uma premissa interessante e sabem como transformar uma história de terror meio que comum (ou clichê) em algo mais além, sabendo desenvolvê-la através de um subgênero do terror psicológico e ambiental.

Para conseguir tais feitos, o trabalho de fotografia e edição de som são feitos de forma interessante. É através do simples, do modo como se trabalha com os quadros e com a trilha sonora, que o longa potencializa o terror em si.

A falha da narrativa está em seu clímax, que peca ao tentar mudar seu ritmo, buscando outro tipo de terror, mas ao final, torna-se apenas em um clichê não tão funcional e repleto de furos em seu desenvolvimento. A impressão que se tem é que houveram mudanças na pós-produção, as quais prejudicaram a qualidade da reta final da história.

Por fim, vale a pena dar uma chance sim ao Projeto Fantasma. Confira abaixo o trailer do longa: