R.A.D.A.R. – O Cão Biônico é um fime que acompanha uma história infantil de comédia envolvendo crianças, uma dupla de cientistas desengonçados e um cachorro biônico. Aqui, o longa infantil que promete envolver toda a família mais se assemelha a uma sitcom amadora do que um filme distribuído pela Lionsgate.
O filme, de classificação de 10 anos, conta com direção e produção de Scott Vandiver, responsável por O Mistério do Lago Ness (2002) e O Cão de Ouro (2009). Além disso, a produção da A2 Filmes conta com Victoria White (Buscando a Frida), Paul Wilson (Invocação do Mal 3), Dean Cain (Deus Não Está Morto) e Avis-Marie Barnes (O Sono da Morte) no elenco.
Nesse sentido, R.A.D.A.R. – O Cão Biônico acompanha os amigos Gabe e Kylie, que procuram tesouros piratas durante as férias da escola. O objetivo deles é trazer turistas para a pacata cidade na Flórida e salvar o restaurante da mãe de Gabe, que não tem tido muito movimento. E então, recebem a ajuda de um cão-robô – a R.A.D.A.R – e encontram uma safira azul, que promete mudar o rumo das economias da cidade. No entanto, o cientista que o criou o quer de volta, e toda o drama do filme se inicia.
Receita de sucesso ultrapassada
Infelizmente, enquanto assistia ao filme, tive a impressão de estar me deparando com uma cópia de baixo orçamento das produções da Nickelodeon de 2007. É até estranho que o filme tenha produção de 2023. É como se os produtores tivessem pegado uma receita de sucesso que funcionava 20 anos atrás. Para o filme, adotaram filmagens com pouca ou sem nenhuma movimentação, movimentações estáticas dos personagens e iluminação clara e cores saturadas. Além disso, investiram em cenários dos anos 2000 com tecnologias da década de 2020.
O longa infantil, de direção de Scott Vandiver e roteiro de April Smallwood, fez escolhas narrativas que se assemelham a clássicos animados. Um exemplo disso é a dinâmica dos cientistas que criaram a R.A.D.A.R, que é composta por um super inteligente, o Dr. Vanhook, e outro bobalhão ao extremo, Dobbins.
Cão no centro da narrativa
Vandiver tem produções na mesma linhagem desde 2005, que começam com Lenny, O Cachorro Maravilhoso, seguido de Max: O Cão Herói de 2015 e Archie: O Cão Robô de 2016, todos com narrativas com cães centrais. Dessa maneira, o mais recente R.A.D.A.R. – O Cão Biônico tem como ponto central o impacto que a R.A.D.A.R provocou na pacata cidade de Dunedin, que tem um histórico lendário de pirataria, abordada como lenda cômica.
Nesse sentido, o potencial de atores como Paul Wilson, que tem em seu histórico Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, e Avis-Marie Barnes, que fez O Sono da Morte e Máfia da Dor, não foi explorado. Dessa forma, é compreensível que o intuito do filme seja a estereotipização dos personagens por um apelo infanto-juvenil. Em contrapartida, Ezra James Lerario como Gabe e Caroline Abrams como Kylie têm um perfil de atuação bastante compatível com a ideia do filme. Felizmente, eles transpareceram bem o modo que crianças gostariam de ver crianças em um longa infantil.
No entanto, a diversidade não foi uma característica presente no filme: quase todos os atores e figurantes são brancos, salvo exceção de uma atriz negra. É o papel de Avis-Marie Barnes, que foi proposto no filme sempre em posições de serviço: como secretária e como babá. Aliás, não foi a única atriz não branca: o filme também contou com uma figurante negra na última cena.
Apesar disso, acredito que o filme se salvou pela construção de três narrativas simultâneas. O roteiro de Smallwood se apoiou na adrenalina das crianças com o cachorro em uma linha narrativa, nos cientistas atrapalhados em outra e um romance entre adultos em outra. Aqui, a história ganhou um ritmo necessário para que se desenvolvesse, de modo que as atuações simples e hiperbólicas não estragassem todo o longa.
Vale a pena assistir R.A.D.A.R. – O Cão Biônico?
Se você quiser uma distração sem expectativas para as crianças, R.A.D.A.R – O Cão Biônico é um bom filme. No entanto, usando como parâmetros as produções infanto-juvenis da década de 2020, o filme parece que ficou preso no início do milênio. Em suma, o filme acerta no ritmo da história, mas não não surpreende em questões de roteirização e decepciona no elenco e no desenvolvimento dele.
Para dar uma espiadinha, assista ao trailer oficial:
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