Um filme pode nos teletransportar para nossa infância, relembrar momentos, reviver sonhos, e é exatamente a sensação que tive ao assistir “Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca“. O filme, feito mesclando stopmotion e cenas live-action é dirigida pelo trio Diego M. Doimo, Eduardo Perdido e Tiago Mal, e estreia nas férias de julho em cinemas do Brasil.

A história de Teca e Tuti

O longa conta a história de Teca, uma traça que se apaixona pelo universo da leitura. Vinda de uma família de traças que devoram livros, a protagonista cresceu comendo livros também. Porém, ao aprender a ler, Teca muda a sua forma de pensar quando entende que além de alimentar seu corpo, os livros também servem para serem lidos e alimentar a alma. Com o seu fiel ácaro de estimação, Tuti, a dupla parte para uma grande aventura na biblioteca.

Com uma linguagem simples e muito acessível, o roteiro foca nas relações entre os seres, sejam eles os personagens animados, sejam eles os humanos. Inclusive, a ideia de mesclar duas histórias paralelas, a dos humanos e a das traças, que se complementam, foi genial.

teca e tuti uma noite biblioteca
Imagem: Rocambole Produções e Vitrine Filmes

Ao acompanhar a aventura de Teca pela biblioteca, o espectador descobre que ela é muito mais que uma traça que tem um ácaro como pet. Ela é uma contadora de histórias, tanto para seus amigos quanto para nós, que estamos do outro lado da tela do cinema. Acho muito interessante a escolha da personagem principal ser uma traça, uma inimiga conhecida e temida pelos amantes dos livros. O que o filme nos mostra é justamente como podemos lutar contra algumas de nossas naturezas quando é por um bem maior. Ela precisa parar de comer livros, para poder continuar a contar histórias.

Trilha Sonora e Animação de primeira qualidade

O Stopmotion é uma técnica de animação muito conceitual, complexa, demorada, mas que traz um resultado incrível. Com direção de arte de Mateus Rios, ilustrador de livros infantis, como “Ela tem olhos de céu”, de Socorro Acioli, e “Pedro Noite”, de Caio Riter, o filme é belíssimo. Cada detalhe pensado, um cenário riquíssimo em cultura, em vivência, em referências ao modo de vida interiorano. Um deleite para quem quer viajar no tempo para a casa dos avós. E para as crianças mais novas, é uma oportunidade de poder aprender sobre literatura, brasileira e estrangeira, e sobre a contação de histórias.

Outro ponto que surpreende é a linguagem escolhida pela direção, misturando o lúdico com o real. E a trilha sonora, com canções inéditas e originais de Hélio Ziskind, músico que já compôs temas de programas como “Cocoricó”, “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Glub-Glub” e “X-Tudo”, é uma ode aos anos 90 e 2000. Esse filme tem cheirinho de infância, tem gostinho de comida de vó, e tem alegria de uma boa história.

As crianças irão amar, e os papais irão viajar no tempo. Apesar das poucas salas no Brasil exibirem esse longa, eu recomendo que vocês assistam no cinema, vale muito a pena.