The First Slam Dunk finalmente chegou ao Brasil e com o passar do tempo esse nome me deixava confuso. Porque, colocar “The First” no título, se o filme adapta a última partida do mangá, o correto não deveria ser “The Final Slam Dunk”? E como as pessoas poderão assistir este filme, se ele adapta o arco final do mangá? Bom, ao decorrer do filme, durante pré-estreia brasileira, essas dúvidas foram diminuindo e acabei entendendo o conceito e a proposta do filme. E aqui está crítica de The First Slam Dunk.

Começa a partida

Crítica: The First Slam Dunk | Uma história de luto e superação
Imagem: Toei Animation

Vamos lá, a história deste novo filme de Slam Dunk é a partida entre os colégios Shohoku vs. Sannoh, os incansáveis e campeões invictos dos últimos torneios nacionais. Então para quem não leu o mangá, essa partida é a última do mangá e ocorre entre os capítulos 220 e 276, sendo considerada uma das melhores partidas já feitas em mangás de esporte. E no anime a partida nunca chegou a ser adaptada, porque a Toei decidiu encerrar a história antes. Assim aqui vai o contexto da história, o colégio Shohoku é o time azarão, composto por um bando de encrenqueiros e desajustados, mas que amam o basquete acima de tudo.

Uma grande mudança deste filme para a obra original é a mudança do protagonista, o nosso querido Hanamichi Sakuragi acaba sendo deixado de lado. E Ryota Miyagi, o armador da equipe, acaba assumindo essa função no filme. Em The First Slam Dunk mergulhamos no passado dele, mostrando como ele perdeu seu irmão mais velho, suas motivações para jogar basquete e sua briga com Mitsui. Entretanto, parte destas cenas foram criadas para o filme e outras haviam sido mencionadas na obra original.

Crítica: The First Slam Dunk | Uma história de luto e superação
Imagem: Toei Animation

Todas essas cenas possuem um prático objetivo: dar ao espectador um momento de descanso, senão, seria apenas um filme de duas horas de partida de basquete. Quando o filme transita nos flashbacks de Ryota, surge os elementos de drama da história onde vemos o personagem perdido olhando para o horizonte. Ou até mesmo, pessoas se encostando aos prantos nas paredes e outros momentos emocionantes. Já quando volta para a partida contra a Sannoh começa o bombardeio de com cortes rápidos, um tom mais leve e uma trilha sonora espetacular, que harmoniza com as jogadas da quadra.

Mesmo sendo um filme para adaptar os volumes finais do mangá, The First Slam Dunk decide deixar a história mais compreensível para aqueles que nunca viram nada de Slam Dunk. Todo o momento em que o capitão Akagi sofre com fortes dores, de uma lesão, são removidos da partida. Tudo isso, para que não atrapalhe e roube o foco de uma parecida, que surge mais no final da partida. Além disso, alguns flashbacks casuais e pontuais ajudam a entender a relação dos jogadores da Shohoku. E o resultado, é um filme facilmente acessível para qualquer público.

Segundo período de jogo

Uma das coisas que pode ter preocupado alguns, sobre The First Slam Dunk, é a sua animação que está em CGI. Desde a liberação das primeiras artes promocionais e trailers, isso chamou a atenção do público. Mas podem ficar despreocupados, já que o filme mescla muito bem a animação em 2D e a tecnologia em CGI e com isso, passamos a focar na partida contra a Sannoh. Sendo esse um grande e total mérito da equipe de produção.

Uma outra coisa que vale ressaltar é que o autor da obra, Takehiko Inoue, está inteiramente envolvido com a produção do filme. Em The First Slam Dunk, Inoue escreve os roteiros e dirige o filme, sendo está a sua estreia na direção. Porém, ele não tinha um trabalho complicado, bastava apenas adaptar algo que ele mesmo havia criado. Mas, fazer uma animação 2D não era uma que a Toei e nem Inoue gostariam de fazer. E assim, surgiu o híbrido de 2D com o CGI, dando uma modernização aos personagens e ao mesmo tempo mantendo os elementos icônicos da arte de Inoue.

Essa fusão não é algo novo nos animes e vem sendo feita a bastante tempo. Mas, em The First Slam Dunk, o diretor soube como transitar entre as duas artes e assim, criar cenas incríveis. Contudo, em algumas cenas podemos ver a falta de fluidez, parecendo algo mais mecânico e travado, como se fosse um jogo de video game. Os personagens também perderam um pouco da expressividade, se compararmos ao mangá, mas não é algo que atrapalhe no filme. E claro, as cenas que têm 2D, em sua predominância, são mais cativantes que as cenas em CGI.

Inclusive a direção tem um trabalho excelente, que em determinado momento esquecemos que era apenas um filme e passamos a torcer pela Shohoku. Os espectadores começaram a torcer por aquele time ficcional e sala se tornou uma arquibancada, onde a cada ponto havia uma comemoração. Já não importava mais se você era um fã de Slam Dunk ou se era seu primeiro contato, nos minutos finais daquela partida os jogadores que eram apenas desenhos se tornaram pessoas reais, e se tornou impossível assistir sem torcer pelo time da Shohoku.

Uma partida de tirar o fôlego

Crítica: The First Slam Dunk | Uma história de luto e superação
Imagem: Toei Animation

Toda a construção da partida, desde os momentos iniciais até o último ponto faz com que o espectador fique vidrado em todos os lances da partida. A sensação de que estamos numa quadra e assistindo aquela partida, deve ter passado na cabeça de todos na sala. É claro que a dublagem ajudou muito na imersão, o estúdio Unidub fez um excelente trabalho nesse filme. Daniel Figueira, que também dá a voz de Tanjiro Kamado, de Demon Slayer, fica irreconhecível na voz de Ryota Miyagi. Por diversos momentos, cheguei a questionar se era a mesma pessoa dublando e isso é ótimo, já que mostra como Daniel é um excelente dublador. Outro destaque positivo vai para Heitor Assali, o dublador Hanamichi Sakuragi, conseguiu incorporar muito bem o personagem.

E o filme é tão bom, tão bem-feito que minimiza todos os problemas visíveis. Como o caso de Ryota, que acaba sendo promovido a protagonista, mas não tem aquela “postura de protagonista“. E assim, a cena é roubada por Sakuragi, que sempre que aparece retoma seu posto de protagonista, mesmo tendo uma participação menor na história. Mas, isso nem é culpa do Ryota e sim, um grande mérito de Takehiko Inoue, que conseguiu criar um personagem extremamente cativante como Sakuragi.

Vale a pena?

Crítica: The First Slam Dunk | Uma história de luto e superação
Imagem: Toei Animation

Essa pergunta é muito fácil e responder: Sim, vale a pena. Vale muito a pena, ver este filme. The First Slam Dunk é um sobre como o luto consegue corroer as pessoas que estão vivas e destruindo tudo ao redor. Mas como também, que através da superação desse luto, podemos encontrar uma paz de espírito. E Ryota Miyagi consegue encontrar essa tal paz realizando seu sonho e o sonho de seu irmão, enquanto a sua mãe, encontra a paz vendo seu filho jogar basquete. Por isso que essa partida é tão importante, pois, este momento é o qual os dois tentam superar a maior perda de suas vidas.

Talvez a palavra que pode resumir The First Slam Dunk é apaixonante. O filme te prende do começo ao fim, seja você um fã de longa data ou apenas alguém que está querendo ver algo diferente. Você sente que está naquela quadra, consegue imergir na alma e personalidade de cada personagem. Sendo uma adaptação que conseguirá agradar a os públicos. Eu saí da sala querendo reler meus mangás de Slam Dunk e com certeza, vai passar um sentimento parecido para cada espectador.

Crítica: The First Slam Dunk | Uma história de luto e superação
Imagem: Toei Animation

Por fim, The First Slam Dunk estreia nos cinemas no dia 03 de agosto. E se quiser saber mais notícias sobre animes e mangás, fique ligado aqui no portal, e nos siga também no Instagram. E além disso estamos inaugurando nosso canal no Telegram (https://t.me/geekpopnews).

Matéria editada em 17/10/2023, às 22h03min

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