“The Flash”, o mais recente filme da DC, promete elevar o nível das produções. Porém, em comparação a quais produções anteriores?
Com direção de Andy Muschietti, conhecido por filmes como “It – A Coisa” e “It – Capítulo 2”, o filme traz para as telas o famoso arco dos quadrinhos “Flashpoint“. Barry Allen decide voltar no tempo para salvar sua mãe, o que acaba causando mudanças drásticas na linha do tempo. Embora o filme não seja 100% fiel à fonte original, várias alterações significativas foram feitas para a adaptação cinematográfica, as quais surpreendentemente funcionam bem.
Os filmes da DC costumam enfrentar problemas além da adaptação de arcos e quadrinhos, incluindo questões de elenco, financeiras e de marketing. Os lançamentos recentes refletem esse cenário problemático, sendo que apenas a esperança dos fãs impede que filmes como “Adão Negro” e “Shazam” sejam grandes fracassos.
“The Flash” oferece consolo em meio a esse caos, conseguindo agradar de alguma forma os fãs que precisam de certo alento às vezes. Vou dividir minha crítica em três pontos: roteiro, elenco e fotografia. Essa divisão facilita a transmissão do sentimento geral após a exibição.
Em aparições anteriores, como em “Liga da Justiça” e “Liga da Justiça de Zack Snyder”, o Flash teve pouco tempo de tela. Agora, os espectadores têm a oportunidade de conhecer melhor a vida e a história de Barry Allen, começando pelo drama pessoal envolvendo o assassinato de sua mãe e a falsa acusação contra seu pai.
Elenco consegue suportar a pressão de fazer algo diferente
Ezra Miller oferece uma versão intrigante de Allen, interpretando dois papéis diferentes no filme. No entanto, é importante mencionar que a versão do passado é um tanto tola, servindo como ferramenta do diretor para evidenciar o crescimento de Barry (o principal). Se temos um personagem um pouco estranho e um personagem extremamente estranho, qual deles se destaca mais? Ainda assim, acredito que essa fórmula funciona bem para o propósito final, já que precisavam de um Barry Allen mais cru, que pudesse ser moldado conforme as necessidades do roteiro. Não posso revelar mais detalhes para evitar spoilers.
Um destaque para mim é o retorno de Michael Keaton como Batman. Sem dúvida, isso está entre os pontos altos do filme, trazendo a maturidade necessária para uma história tão complexa. Embora seu envolvimento nas decisões catastróficas de Flashpoint seja mínimo, sua presença intelectual e habilidade nas lutas é fantástica. Este Batman é menos jovial, mais sério, mas ainda expressa emoção e uma certa humanidade. Além disso, é bem menos caricato do que outras versões anteriores.
Outra escolha interessante é Sasha Calle no papel de Kara Zor-El, a Supergirl. Ao assumir a difícil tarefa de substituir Henry Cavill como Superman, Sasha entrega o melhor dentro das limitações do roteiro. No entanto, o próprio roteiro é uma questão crucial, pois não valoriza plenamente a escolha do elenco. Desperdiça o potencial de atuação e entrega ao focar em lutas sem importância e diálogos rasos.
Sinceramente, não vale a pena nem citar Ben Affleck, porque aparece pouco e tem zero emoção no filme. Assim como Michael Shannon de volta ao papel de General Zod, que serve somente como penduricalho. O que é uma pena, dava para ter explorado melhor ele também.
Inclusive, a grande ameaça desse filme teoricamente seria o Zod, mas eu acredito que o maior vilão de The Flash é … Eu queria muito contar, mas esse spoiller estragaria sua experiência.
Roteiro apresenta problemas profundos em alguns momentos
De fato, o roteiro atua como um vilão tanto quanto o criticado CGI. É surpreendente que uma empresa como a Warner e a DC tenha lançado um filme com efeitos visuais tão problemáticos. Existem cenas que são simplesmente inaceitáveis devido à sua má execução. Por exemplo, há uma cena envolvendo bebês caindo de um prédio que beira o absurdo. Felizmente, o filme consegue compensar essas deficiências com elementos bem executados. Outro ponto positivo no roteiro são os easter eggs (dezenas deles espalhados pelo filme) e a exploração da nostalgia. Você precisa assistir para entender plenamente o que estou dizendo.
Um dos pontos mais baixos pra mim foi ter deixado de fora o Flash do Grant Gustin. É uma oportunidade perdida pela DC/Warner de fazer um fan service de verdade. E não só por isso, mas também pelo que Grant apresentou em quase 10 temporadas de The Flash na CW.
Por outro lado, um dos pontos mais legais foi a interação de Barry com sua mãe e seu pai no passado. São cenas emocionantes, que cativam e nos fazem sentir empatia pelo personagem. A escolha certas das músicas e da trilha sonora é outro ponto positivo para a direção de Muschietti.
“The Flash” apresenta um vislumbre de esperança para o universo cinematográfico da DC. Embora não seja isento de falhas, o filme consegue entreter e cativar o público em geral. Embora sua execução não seja perfeita, ele oferece um novo fôlego para o futuro das produções da DC. No final das contas, fica a expectativa de que a franquia possa aprender com seus erros e continuar aprimorando suas narrativas e abordagens.