“Tinnitus” é um filme nacional que conta a história de Marina (De Verona), que despenca da plataforma durante uma apresentação de salto ornamental após uma crise de tinnitus – condição conhecida popularmente como zumbido no ouvido. Afastada da atividade que ama, ela troca o perigoso e desafiador esporte por uma pacata vida no aquário, onde trabalha fantasiada de sereia.
No início do filme, o diretor Gregorio Graziosi nos apresenta a história de Marina, uma atleta de alta performance da seleção brasileira de saltos ornamentais. Ele também nos mostra os barulhos estranhos que ela ouve em sua cabeça. Essa abordagem pode confundir o espectador, pois busca transmitir a experiência de uma doença.
Esse tipo de distúrbio auditivo, conhecido como tinnitus, está relacionado a várias outras doenças, como a labirintite, que causa perda de equilíbrio e alterações na percepção do som. Ao longo do filme, o espectador vivencia algumas dessas sensações por meio de enquadramentos desequilibrados e tortos das câmeras, além dos ruídos e zumbidos presentes nas cenas. É importante alertar que pessoas que sofrem com problemas semelhantes de zumbidos podem sentir desconforto e gatilho ao assistirem ao filme.
Um aspecto que chama a atenção é o cuidado com a fotografia, o uso de paletas de cores e, especialmente, a escolha das fontes sonoras, que vão desde megafones até flautas de bambu.
Quanto à história em si, devo ser sincero ao dizer que Gregorio bagunçou um tanto o roteiro. Não tenho certeza se foi proposital, dado o fato de que já existia uma história central que poderia, por si só, sustentar todo o roteiro. No entanto, em vários momentos, somos apresentados a novos elementos, personagens e problemas, o que me faz questionar a real necessidade de tantos elementos.
Crítica – “Bem-Vindos de Novo” de Marcos Yoshi
A história do filme Tinnitus mostra uma doença comum e hipocritamente silenciosa
A história de Mariana é bastante complexa, desde o acidente na piscina, passando pela relação com o marido e sua pressão para engravidar, o tratamento para o Tinnitus, os problemas dos amigos, o novo emprego como sereia em um aquário e o retorno ao esporte, além dos relacionamentos com pessoas próximas a ela. São tantos elementos e variáveis que é fácil se perder no meio deles.
Também devo mencionar que fiquei descontente com a produção sonora do filme, que, apesar de ser o coração da história, é insuficiente. A captação de sons, especialmente nos diálogos, é fraca e quase nos faz perder momentos importantes das discussões.
Entre as atuações o destaque claramente é para Joana de Verona, que interpreta Mariana Lenk, a protagonista. Temos ainda a participação especial de Antônio Pitanga e Indira Nascimento.
Apesar disso, “Tinnitus” é um filme bastante elegante, com uma fotografia que complementa a história quase como um personagem à parte. Existe uma combinação quase perfeita entre as cenas tensas e a fotografia distorcida e focada, que nos mantém presos à tela. Talvez não seja um filme para todos, mas certamente gostaria que todos pudessem apreciar essa obra de arte. Afinal, filmes como esse são nada menos que uma verdadeira manifestação da arte em seu mais alto nível.