Existem lugares no imaginário das pessoas em que não se deve mexer. Clássicos como Top Gun não necessitam de consertos, mas é sempre possível recriar ou continuar uma obra respeitando sua história, e é assim que eu vejo Top Gun: Meverick.

Sinopse

Depois de mais de 30 anos servindo a marinha como um dos maiores pilotos de caça, Pete “Maverick´´ Mitchell continua na ativa, se recusando a subir de patente e deixar de fazer o que mais gosta, que é voar. Enquanto ele treina um grupo de pilotos em formação para uma missão especial que nenhum Top Gun em vida jamais participou, ele encontra Bradley Bradshaw, que tem o apelido de Rooster, o filho do falecido amigo de Maverick, o oficial Nick Bradshaw, conhecido como Goose.
Enfrentando um futuro incerto e lidando com fantasmas de seu passado, Maverick confronta seus medos mais profundos em uma missão que exige sacrifícios extremos daqueles que serão escolhidos para executá-la.

Top Gun: Maverick é a sequência perfeita para um filme de sucesso. Dirigido por Joseph Kosinski, o filme não é somente uma sequência, é também uma homenagem e quem sabe um novo clássico. Kosinski soube ouvir bem Tom Cruise, conseguiu trazer para a tela o realismo necessário para tele transportar o espectador para dentro de um caça F-18. Para quem nasceu após 1986, ano em que o primeiro filme foi lançado, é a oportunidade de ver no cinema o que nossos pais viram.

Pensado para Imax

Pensado para a tela grande, esse filme teve várias tomadas em câmeras IMAX®. Com isso, presume-se que a maior experiência possível em termos de qualidade de imagem e som serão oferecidas, e sim, eles conseguem isso. Raros não são os casos onde ser filmado para o cinema não significa muita coisa, mas em Top Gun: Maverick isso fez toda a diferença.

Top Gun
 PARAMOUNT PICTURES BRASIL

Pete Maverick agora está ao lado de jovens pilotos, diferente de 1986 onde ele era o jovem piloto. Mas engana-se quem acha que ele envelheceu mal, muito pelo contrário, ainda mantém o sorriso encantador, o corpo malhado e a mesma teimosia que faz dele o melhor piloto da marinha. Agora ele precisa ensinar aos jovens pilotos, não como voar, mas como sobreviver a uma missão. Ao mesmo tempo lidar com os conflitos sentimentais que existem entre ele e Rooster, filho do falecido Goose. O ponto mais intenso no sentimentalismo fica por conta da relação entre Pete e Ice Man, vivido por Val Kilmer. Sem dúvidas um dos momentos mais marcantes de todos.

O elenco com jovens atores não deixa em nada a desejar, mas a atuação de Miles Teller é algo notável. O menino deu conta de representar bem o legado de Anthony Edwards, o Goose (seu pai) no original. Assim como Glen Powell, que vive uma versão mais nova do Ice Man.

Roteiro criativo e inovador

Essa história tinha tudo para ser chata e morosa, mas o roteiro consegue se desenrolar muito bem. Christopher McQuarrie, Ehren Kruger, Peter Craig, Ashley Miller, Zack Stentz, Eric Warren Singer, Justin Marks, assinam o filme. Beberam muito da fonte dos clássicos filmes de aviação dos anos 80, como Águia de Aço e Comando Delta. A história inova ao trazer a luta tanto para o ar quanto para a terra, isso é um ponto positivo.

E claro, um filme de Tom Cruise precisa ter um romance interessante, mas cá entre nós, esse talvez seja o único deslize do filme. O romance entre Pete e Penny Benjamin não convence, é introduzido sem explicações e não cativa. Muito diferente da versão dos anos 80, onde o romance quente e frenético de Pete e Charlie é lembrado até hoje. Nem mesmo a música de Lady Gaga, feita para ser o Hit romântico não ajudou.

Em resumo, Top Gun: Maverick é o que se espera de uma sequência, que inove e respeite o original. Que insira novos elementos mas faça referência ao que mais amamos no original, e claro, que seja bonito de se ver. E a trilha sonora é impecável, assim como a de 1986. Esse é um caso raro onde ficamos tentados a arrumar um problema para não dar a nota máxima, mas agora é impossível. Esse filme é nota 10.