Quando se fala em filmes de desastre, poucos conseguem evocar a grandiosidade e a tensão palpável como o original “Twister” de 1996. Agora, com “Twisters”, dirigido por Lee Isaac Chung, temos um retorno às planícies devastadas por tornados, trazendo uma nova geração de caçadores de tempestades. Embora não seja uma continuação direta, este filme respeita seu antecessor ao mesmo tempo, em que se destaca como uma obra autônoma e eletrizante.

Enredo principal é um copia, mas não faz igual, que de fato não fizeram igual

“Twisters” apresenta Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones), uma ex-caçadora de tempestades que decide ir embora de casa após um encontro traumático com um tornado durante a faculdade. Agora vivendo em Nova York, Kate é atraída de volta as caçadas por seu amigo Javi para testar um sistema de rastreamento revolucionário. Aqui, ela encontra Tyler Owens (Glen Powell), um influenciador de redes sociais carismático e imprudente que adora postar suas aventuras perigosas. O enredo, apesar de suas semelhanças com o original, oferece uma nova perspectiva ao explorar a evolução tecnológica na previsão e possível mitigação dos tornados.

O enredo revisita temas de medo, trauma e superação. A história de Kate, que espelha a de Jo (Helen Hunt) do filme original, explora a evolução de uma personagem que precisa enfrentar seu passado para construir um futuro.

Twisters, novo longa da Warner Bros
Foto: Warner Bros

Atuações garantem que filme se sustente sem precisar apelar para nostalgia

Daisy Edgar-Jones e Glen Powell entregam atuações cativantes e complementares. Edgar-Jones transmite a vulnerabilidade e determinação de Kate de forma convincente, enquanto Powell traz um charme imprudente que equilibra a seriedade do filme com momentos de leveza. A química entre os dois é palpável, tornando a dinâmica de suas interações algo digno de nota. Preciso dizer que senti muita falta de aprofundar mais no personagem de Anthony Ramos, o Javi. Apesar dele ser um dos principais motivos da Kate voltar a caçar, a história nos conta muito pouco sobre ele. Assim com faltou aprofundar mais na história de alguns personagens secundários.

Agora, foi uma baita surpresa rever Maura Tierney na tela do cinema. A atriz que já esteve em grandes filmes como “O Mentiroso” e “As Duas Faces de um Crime” e do seriado “ER”, estava meio sumida das telas. Apesar do pouco tempo de tela, deu pra matar um pouco da saudade da atuação e do carisma dela.

Uma das características mais interessantes de “Twisters” é como ele se relaciona com o filme original. Embora nenhum personagem do primeiro filme retorne, o diretor Lee Isaac Chung e os roteiristas incluíram diversas referências e easter eggs para os fãs de longa data. A presença da máquina de dados Dorothy 5 é a conexão mais direta com “Twister”, servindo como um elo científico e tecnológico entre os dois filmes. É importante dizer que essa conexão só existe para dizer “olha, somos do mesmo lugar, do mesmo ‘universo’, mas não somos uma continuação”.

Outras referências sutis, como cenas que remetem a momentos icônicos do original – um Tornado F5 que mata alguém amado pela protagonista e um cinema destruído por uma tempestade – enriquecem a experiência sem depender do apelo nostálgico direto. Essas referências criam uma sensação de continuidade e familiaridade, ao mesmo tempo, em que permitem que “Twisters” se destaque como uma obra independente.

Lee Isaac Chung faz um trabalho exemplar ao capturar a beleza e o terror das tempestades. A decisão de filmar em Oklahoma, utilizando filme Kodak 35mm, confere uma autenticidade visual que é ao mesmo tempo, um tributo ao original e uma atualização moderna. É nítida a diferença das tecnologias da época para hoje, as cenas das tempestades agora estão em outro patamar.

“Twisters” é uma digna sucessora do clássico de 1996

Gostei muito da ideia de usar a palavra “sucessora”, já que na minha opinião remake ou reboot não cabem aqui. A todos que forem assistir, eu recomendo se despir da ansiedade de assistir a esse filme como se fosse uma revisita ao passado. A intenção aqui é muito clara, o diretor Isaac Chung quer deixar o seu legado, assim como Jan Bolt deixou o seu em 1996. E precisamos ter em mente que a diferença de época e tecnologia podem, até de uma forma injusta, minimizar o impacto desse novo filme. Isso porque, ele não apresenta de fato nenhuma inovação, nem em roteiro, nem em cinematografia. Mas considero que a execução da obra, como original, é merecedora de crédito.

Talvez os mais saudosistas reclamem, mas acredito que o novo público vai amar.