Um Lugar Para Voltar (The Road to Galena) é um filme dramático americano escrito e dirigido por Joe Hall. Ele possui um grande toque motivacional capaz de pensarmos na famosa questão: “Afinal, esse é mesmo o meu sonho?“. Com um tema crítico e sendo envolvente, o telespectador se vê imerso no personagem principal, que luta com a perturbação pela idealização da vida perfeita gerada pelo seu próprio pai, enquanto ainda guarda um grande sonho reprimido.
Sinopse
Estrelado por Ben Winchell, Will Brittain, Aimee Teegarden e Alisa Allapach, o filme mostra a trajetória de Cole Baird (Ben Winchell), que vive uma vida aparentemente ideal com sua bela esposa Sarah Baird (Alisa Allapach) e sucessos profissionais. No entanto, por dentro, ele se sente dividido entre suas escolhas e o que deixou para trás. Cole então enfrenta uma decisão importante: seguir em frente como está ou renunciar a tudo por uma segunda chance de uma vida feliz e significativa.
Sobre a narrativa de “Um Lugar Para Voltar”
Cole Baird surge na introdução do filme como um jovem que vive na cidade de Galena, localizada no estado americano de Illinois. Por ser uma cidade do interior, com poucos habitantes e uma qualidade de vida questionável, há preocupação por parte de John Baird (Jay O. Sanders), pai de Cole, acerca do destino do garoto, que deseja incansavelmente cursar agronomia para seguir o grande sonho de ser fazendeiro. A pressão paterna quanto a cursar negócios na universidade é gritante, fazendo com que Cole não tenha outra opção além de cumprir com os desejos do próprio pai, deixando tudo que ama.
A narrativa da trama é trabalhada de maneira extraordinária, cativando o telespectador e fazendo-o ansiar por mais. É impressionante como absolutamente nada está solto, principalmente durante os diálogos e os jogos de câmera, que podem não ter utilidade em algum momento, mas no decorrer nota-se a crucialidade.
Ainda assim, é incômodo a ausência de cenas especiais entre Cole e sua mãe, Teresa Baird (Jill Hennessy) que passa por um conturbado momento. Ao invés disso, surge Sarah Baird praticamente com o intuito de mostrar quão entediante é a vida de Cole com ela. Isso comparado com a antiga vida que ele possuía com sua antiga namorada, Elle Shepard, que também tem momentos cansativos com o melhor amigo de Cole, Jack Miller, embora sejam essenciais para o desenvolvimento do personagem principal.
O exaustivo triângulo amoroso
Na maioria das obras cinematográficas constituídas de dois melhores amigos e uma garota, o triângulo amoroso se torna um pouco óbvio demais, e é exatamente isso que ocorre com esta obra. No entanto, o relacionamento entre os dois amigos de Cole se torna raso o suficiente, sendo algo sem graça e mal desenvolvido. Ainda assim, ele se torna um pilar.
Mesmo não sendo o foco do filme, a junção de Elle Shepard e Jack Miller transforma a narrativa da trama de maneira impressionante, mas apenas sendo possível notar durante o inesperado acontecimento responsável pelo tão aguardado heroísmo do pobre Baird.
A repreensão de sonhos entre pai e filho
É compreensível tamanha demora para a conquista do sonho de Cole. As oportunidades para se opor as ideias do pai eram perceptíveis, no entanto, outras situações emergenciais tomaram proporções impossíveis de lidar, fazendo-o abaixar a cabeça e realizar ordens contra a sua vontade.
A discussão entre pai e filho marca a quebra de um silêncio forçado, tornando a cena mais emocionante do filme. Percebe-se a preocupação de um pai em dar ao filho a vida dos sonhos que, pelas circunstâncias da vida, não foi capaz de usufruir.
A exposição do sonho reprimido de John Baird é perspicaz, pois nota-se ambas vidas trocadas: de um lado, um senhor morador de uma cidade pequena com a desesperança de ser um banqueiro de sucesso do Wall Street, e do outro, o filho dele, de 39 anos, sendo o resultado do que ele queria ser: um homem de negócios, advogado e membro da alta sociedade.
“O tempo passa e de repente você percebe que é isso.”
John Baird – Um Lugar Para Voltar
O heroísmo do personagem através de outros
O Jack Miller é um dos pilares do heroísmo de Cole Baird, que analisa a situação sofrida pelo melhor amigo e finalmente percebe que as oportunidades são passageiras. Além disso, o destaque dado a Florrie (Jennifer Holliday) nas últimas cenas foi primordial para “sacudir” o protagonista, que se vê banhado de culpa, solidão e tristeza.
“Talvez seja hora de começar a remar em vez de apenas flutuar no rio dos outros”
Florrie – Um Lugar Para Voltar
No entanto, o principal pilar certamente é o monólogo do seu pai, que nos últimos minutos do filme o motiva a correr atrás do seu grande sonho a fim de evitar mais uma desesperança viva em um outro senhor Baird com uma vida medíocre.
Depois de anos exercendo uma profissão por vontade do pai e tendo uma vida sufocante como consequência, apesar dos altos e baixos, Cole Baird obtém a conquista de ser um advogado de sucesso na cidade onde tudo começou: em Galena. Com uma nova terra a ser construída e um antigo amor para reconquistar, dessa vez fazendo tudo com uma satisfação notória. Ben Winchell se mostrou ser um ator grandioso, ele soube agir como uma pessoa angustiada, sufocada e reprimida perfeitamente, trazendo um pouco da realidade à tela e ansiedade ao telespectador.
Da Ficção à Realidade
O ingresso do protagonista ao mercado de trabalho é inusitado, porém compreensível. Sendo um homem branco com duas graduações em cursos de elite e vivendo na capital americana, conseguir um excelente emprego não soa impossível e muito menos difícil. Diferente das minorias, como é o caso de Sarah Baird, que se vê encurralada dentro de um mercado machista, misógino e xenofóbico, embora ela seja graduada em direito na mesma universidade que Cole Baird.
A ideia de voltar à Galena juntamente com Sarah não é inteligente, tornando o personagem tolo por isso. Com todos os indícios da impossibilidade de tal acontecimento dados por ela, era de se esperar que ele percebesse os motivos e tentasse ter um final digno com a personagem, que encerra a aparição na obra praticamente como uma vilã. O término de ambos foi necessário, mas também foi mal desenvolvido e incompleto.
Cole Baird é um personagem bem construído e feito para nos identificarmos, sentirmos os seus anseios e sua dor. No entanto, torna-se difícil para algumas minorias. Me coloco nesse meio por ser uma mulher preta que certamente agiria como uma Sarah Baird, buscando uma boa qualidade de vida, mesmo que o meio usado para esse caminho não seja empático graças a falta de opções. É uma questão de realidade, dura para uns e suave para outros.
Vale a pena assistir?
“Um Lugar Para Voltar” é um filme carregado de uma crítica viva em outros filmes, como A Sociedade dos Poetas Mortos. É sobre perseguir a sua verdadeira paixão e saber a resposta da seguinte pergunta: “O que te move?“. Possui uma fotografia excelente para um filme que intercala cenas na área rural e urbana, além de também ter uma direção excepcional. O roteiro deixa um pouco a desejar por algumas partes soltas, prejudicando a alta pontuação para a obra. Ainda assim, ainda vale a pena assistir.
Se você gosta de obras cinematográficas que abordam temas de superação, encontros e desencontros pessoais e realizações de sonhos, “Um Lugar Para Voltar” é o filme ideal para você. Não ouso dizer que será possível se identificar com Cole Baird, mas sua trajetória é tocante e todos os acontecimentos que o movem também.
O filme Um Lugar Para Voltar foi lançado em 8 de julho de 2022 e está disponível apenas na plataforma de streaming Apple TV.
Acompanhe o trailer e veja se lhe agrada esse percurso à Galena:
Foto de capa por: Divulgação.
Redatora em experiência sob supervisão de Julia Gabriela.