Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós, dirigido por André Bushatsky, relembra os horrores do holocausto através de relatos de sobreviventes do nazismo que vieram para o Brasil. A obra é produzida pela Bushatsky Filmes e distribuída pela Prisma Produções Culturais e pela Twins Bushatsky. Com estreia nos cinemas nacionais programada para a próxima quinta-feira (7/9), o longa levanta diversas indagações. Entre elas: como a história pode ser nossa professora, ajudando-nos a aprender com os erros de gerações passadas?
Com uma fotografia impecável, o longa traz relatos fortes de judeus que lutavam para sobreviver no Brasil. Em um país, desconhecido, tinham que mendigar comida, muitas vezes sendo ameaçados ao fazer isso. Sofriam diversas situações de maus tratos e agressóes em um país desconhecido, que também não era muito receptivo com judeus, apesar de ter aberto suas portas para eles.
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Entre os sobreviventes de campos de concentração, alguns tiveram a sorte de escapar, mas enfrentaram a árdua tarefa de recomeçar em países estrangeiros, sem recursos ou apoio, tendo que adaptar-se a novas línguas e culturas. O documentário inclui depoimentos e reflexões de figuras como os jornalistas Pedro Bial e Caio Blinder, o filósofo Mário Sérgio Cortella e a economista e professora Claudia Costin, enriquecendo a narrativa.
Nem todos os judeus tinham permissão para imigrar
Além disso, o longa também revela que havia normas que limitavam quais judeus poderiam vir para o país e quais não teriam permissão para isso. Um dos primeiros relatos é sobre a fuga de uma judia alemã ao primeiro indício dos horrores que se aproximavam, seguindo para relatos de sobreviventes que se esconderam na floresta, fugiram para outros países ou se refugiaram em esconderijos subterrâneos. Ele também explora os corajosos que arriscaram suas vidas para ajudar os perseguidos pelo regime nazista e os Partisans, guerrilheiros que sabotavam o exército alemão.
Além disso, a obra também dá detalhes sobre as condições precárias de higiene, conforto e alimentação nos campos de concentração. Entre as situações reveladas está o fato de que, nos campos, os judeus não apenas passavam frio com os uniformes recebidos, como também não tiveram permissão para trocá-los desde o primeiro dia naquele ambiente. Ou seja, todos eles passaram diversos anos usando exatamente a mesma roupa, sem acesso a higiene básica.
Aprendendo com o passado
A partir dessa narrativa traçada por relatos, o longa questiona situações atuais, abordando a ascensão de líderes extremistas, o surgimento de movimentos neonazistas e a situação dos refugiados e imigrantes hoje . Uma das reflexões levantadas é a importância que a educação tem no papel de não apenas ensinar sobre história, mas também quebrar tabus, cortar preconceitos pela raiz e celebrar diferentes culturas. Não apenas a educação é primordial para combater preconceitos, mas também a cultura. Uma prova disso é este documentário que não nos permite esquecer um dos piores períodos já vivenciados pela humanidade.