Fomos convidados a assistir Um Samurai em São Paulo, novo novo documentário dirigido e produzido pela jornalista Débora Mamber Czeresnia  e que estreia hoje, 30 de março.

Em meio a tantos prédios de São Paulo, no bairro do Pinheiros, se esconde uma academia de karatê, na qual a jornalista encontrou sua inspiração: a história que a levou a dirigir seu primeiro documentário. Mas antes de continuarmos, confira sinopse abaixo:

A história do mestre de karatê japonês Taketo Okuda contada pela perspectiva de uma de suas alunas, uma judia brasileira. Um encontro de culturas que coloca em questão o significado da autodefesa e o desejo de libertar-se de um mundo ameaçador.

Dessa forma, Um Samurai em São Paulo traz um diálogo entre culturas e histórias diferentes que viriam a se encontrar pelo karatê. Contudo, não é uma história sobre a arte marcial em si.

Além de socos e katas

sensei okuda documentário

Um dos desafios do longa encontra-se na sua própria proposta em trazer o diálogo entre duas tão culturas diferentes e que, por sinal, as vezes nem falam o mesmo idioma.

Afim de introduzir o público e fazer uma ponte entre essas, o documentário traz o contexto sócio histórico do momento pós-Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que apresenta o desenvolvimento do karatê ao longo das gerações até então chegar em seu estilo atual. Tal linha de raciocínio se apresenta em uma narrativa que aproveita seu próprio tempo.

Isso é, cada cena, cada movimento, cada respiração, enfim, tudo demonstra uma perspectiva única em apresnetar o karatê além do combate.

Dessa forma, Mamber traz uma ressignificação ao karatê para além dos socos e katas, apresentando-o como uma filosofia de vida. A Arte da arte-marcial.

Portanto, o ritmo lento é importante para o longa, uma vez que ele traz vida aos movimentos, além de dar o tempo necessário para que as reflexões cheguem ao seu público. O mesmo ocorre ao focar tanto em cenas de respirações narradas, ora pela diretora ora pelo próprio sensei Okuda.

São através destas cenas em que, novamente, o diálogo ganha vida e então consolida o respeito e a conexão entre ambos narradores: entre sensei e discípula.

Ver, ouvir e sentir

taketo okuda

Um dos pontos altos do filme está em sua qualidade técnica, a qual favorecem na imersão. Ou seja, o telespectador´é convidado a ver, ouvir e sentir tudo que está na tela (e até muito além).

É durante as narrativas que a história se desenvolve e, junto a ela, a fotografia acompanha seu ritmo, enfatizando o significado de cada cena. Assim, seja esta um momento histórico ou então a um convite a reflexão feita naquele momento, o público mantém-se íntegro ao que está ocorrendo.

Porém, não é só de fotografia que a imersão se garante: fica claro que o trabalho realizado quanto a edição sonora é tão importante quanto.Logo, é aqui que fica claro a valorização e a construção das cenas, o poder que há em cada uma, bem como o seu significado ali presente.

São nessas e outras em que até mesmo o silêncio toma forma e ganha força em uma cena focada apenas na respiração. Portanto, quanto ao audiovisual, Um Samurai em São Paulo conquista diversas emoções e ganha vida.

Uma vida que respeita seus narradores e sua história narrada em seu próprio ritmo. A mesma pode parecer lenta, porém, é nessa lentidão que a reflexão toma forma e se consagra. Logo, Um Samurai em São Paulo respeita sua história e respira sua filosofia.

Um Samurai em São Paulo: vale a pena?

um samurai em são paulo

Com o ritmo lento e uma história simples mas inovadora, o documentário traz diferentes propostas: algumas explícitas e outras nem tanto.

De modo geral, o longa acerta quanto a sua direção, a qual consegue levar a trama de forma natural, realizando uma homenagem respeitosa ao então falecido sensei Okuda, bem como a sua perspectiva de mundo.

É ao longo das perspectivas dos narradores que ideias ganham forma com o audiovisual.

Por outro lado, é através do tatame que a trama se desenvolve para então contar uma história não de combate, mas sim, uma ressignificação do karatê como uma arte, a qual então uniu vidas tão diferentes que inspiraria tal produção.

Por fim, e infelizmente, uma das propostas visadas pelo documentário não atinge sua maturidade necessária. Se o mesmo buscava apresentar um diálogo sobre o medo vivido ou herdado da Segunda Guerra Mundial, este não tem tanta força aqui. Ou melhor dizendo, ele está lá, há velas preparadas pela casa, porém, não chega a acertar em seu tom ameaçador, ou então, em um tom de elaboração e superação do próprio medo.

Portanto, Um Samurai Em São Paulo trata mais do encontro entre duas culturas tão distintas em um âmbito em comum: o karatê, o qual é reapresentado não apenas como um estilo de luta, mas sim como um estilo de vida em que é entende-se a necessidade de manter as lutas em meio aos desafios diários. Afinal, a vida tem seus desafios, cabendo a cada pessoa a como lidar com eles, seja através de deixar seu fogo interior se apagar, ou então aumentando-o, e assim, combatendo tal obstáculo.

Um Samurai em São Paulo estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas nos cinemas. Você pode conferir maiores informações do longa em seu site oficial. Confira abaixo o trailer do documentário:

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